Se
trata de uma atuação complementar às atividades da Receita e da Polícia Federal
dentro das áreas portuárias
Quando
pensamos em segurança pública vem à cabeça que compete às polícias a missão de
proteger e defender a sociedade dos marginais que nela habitam. No modelo
atual, temos dentro da Federação, a polícia da União composta pela Policia
Federal, Rodoviária e a Ferroviária Federal - essas duas últimas exercem o
patrulhamento ostensivo de rodovias e ferrovias, respectivamente- e, no elenco
estadual, a Polícia Civil e Militar, todas com atribuições constitucionais
definidas. E ainda, com atribuição nacional alfandegária, temos a Receita
Federal do Brasil cumprindo um papel importante nas fronteiras aéreas,
terrestres e marítimas.
Diante
do gigantismo do nosso território, não restam dúvidas que o modelo atual de
segurança pública tem que ser aprimorado. Vivemos num país de extrema
insegurança, principalmente no grandes centros urbanos, não existindo lugar,
como outrora, de sentida tranquilidade para a circulação de pessoas. Isso se
deve ao avanço da criminalidade, com a formação de grupos organizados de
bandidos e objetivos direcionados ao lucro pela prática de atividades ilegais,
como o tráfico de drogas e armas, contrabando/descaminho, e roubos em geral.
Nesse contexto, há um enfraquecimento do Estado legal pela edificação de
"crimes que compensam", já que a prevenção/repressão se encontra bem
distante do ideal.
Notadamente,
as polícias estão trabalhando além do seu limite diante das condições ofertadas
pelo poder público. Enquanto as carências de recursos humanos e materiais
imperam no serviço público, as organizações criminosas detêm um lastro de
capital capaz de se sustentar suas operações e desgarradas de qualquer
burocracia, formando em cada segmento um exército de foras da lei. A tendência,
assim, na luta contra o crime, é a especialização seja dentro das próprias
corporações ou trazendo para compor o rol de atores da segurança pública
instituições preparadas a colaborar com um sistema que necessita se desenvolver
para vencer.
Como
o país não fabrica armas nem drogas, e isso está por detrás da violência do cotidiano,
sabemos que tudo ingressa pelas fronteiras. Só para de ter uma idéia, de águas
navegáveis temos 8,5 mil quilômetros, onde o setor portuário movimenta
anualmente mais de 1 bilhão de toneladas das mais variadas mercadorias e
responde, sozinho, por mais de 90% das exportações. Neste vai e vem,
aproveitando-se das falhas na fiscalização, é que o ilegal acontece. Vale
salientar que o Brasil assumiu o compromisso de combater os ilícitos praticados
nas áreas de portos, terminais e vias fluviais navegáveis de interesse da
União, atribuindo à Guarda Portuária a missão de garantir a segurança e
monitorar, fiscalizar e controlar o trânsito de veículos, bens e pessoas, sob o
comando da autoridade portuária.
Convém
também esclarecer que se trata de uma atuação complementar às atividades da
Receita e da Polícia Federal dentro das áreas portuárias, não se tratando de
mera vigilância patrimonial pela relevância do poder de polícia que a atividade
requer, a qual é exercida por treinados guardas portuários que ingressaram por
concurso público em seus quadros, corporação que, assim, participa do sistema
único e integrado dos órgãos de segurança pública. Nos mesmos termos em que a
Emenda Constitucional 104/2019 criou a Polícia Penal para manter a ordem e a
disciplina dentro dos presídios, a Guarda Portuária defende o status de polícia
como forma de consolidar e fortalecer suas atividades nas áreas portuárias.
Contudo,
com o aceno do Governo Federal para a privatização dos portos, atualmente com
37, e mais de 100 terminais portuários, o lobby das empresas de vigilância no
Congresso Nacional é muito forte para pegar esse filé. A despeito da
necessidade de privatizar as operações nos portos, tirando um peso sobre o
Estado, a segurança interna jamais. Certas atividades necessitam de
qualificação e controle do Estado. Portanto, será de grande valia para a
sociedade, a transformação da Guarda em Polícia, para atuar dentro das áreas
portuárias, em prol da preservação do interesse nacional, aproveitando seu
capacitado e especializado efetivo, no enfrentamento ao terrorismo,
narcotráfico e entrada ilegal de mercadorias no país.
Fonte: Por: Victor Poubel – Jornal Extra – RJ
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