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quinta-feira, 17 de junho de 2021

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TRAFICANTE COLOMBIANO LIGADO A FARC PRESO NO BRASIL É EXTRADITADO PARA OS EUA

 

Guillermo Amaya Ñungo, "El Patrón", responde por tráfico internacional de drogas entre a Colômbia e os EUA

A Polícia Federal (PF), em operação conjunta com a Agência de Combate às Drogas dos Estados Unidos (DEA), procedeu no dia 6 de junho, à extradição para os Estados Unidos, do colombiano Guillermo Amaya Ñungo, "El Patrón", de 57 anos, nascido em 15/12/63, ex-guerrilheiro das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em razão de tratado firmado entre o governo brasileiro e o governo dos Estados Unidos da América.

Nos EUA, ele responde por tráfico internacional de drogas e organização criminosa. Se for condenado, pode ficar preso por até 30 anos.

As autoridades brasileiras desconhecem, até o momento, se Amaya Ñungo exercícia atividades ilícitas no  Brasil.

A Operação

Preso no prédio da Polícia Federal (PF) em Fortaleza, desde setembro de 2019, a operação para a extradição de Guillermo ocorreu sob forte esquema de segurança, com a participação de diversas equipes da PF, além dos agentes da DEA responsáveis pelo seu transporte e escolta em jato executivo do governo dos EUA. A embaixada norte-americana também enviou representantes sediados no Brasil para acompanhar a operação.

Integrante da FARC

Segundo documentos apresentados pelas autoridades norte-americanas, "El Patrón", é ex-gerrilheiro das Farc, onde capitaneava um complexo esquema de transporte de grande quantidade de cocaína entre a Colômbia e os EUA, com uso de aeronaves próprias e pistas de pouso em países da América Central.

Prisão em 2019

Em trabalho conjunto de inteligência entre as autoridades norte-americanas e a Polícia Federal Brasileira, foi possível localizar o foragido e efetuar a sua prisão em setembro de 2019, quando "El Patrón" chegava a uma escola no Bairro Messejana, em Fortaleza, para buscar a filha adolescente.

Procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), os policiais federais  cumpriram um mandado de prisão para extradição, decretado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), depois de pedido da justiça norte-americana.

No momento da prisão, foi apreendido com ele um documento de identificação falso, com o nome de José Jesus Rodríguez Hernandez, que é como se apresentava no Brasil.

Na ocasião, o então chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), delegado Samuel Elânio, afirmou que a PF recebeu a informação sobre a suspeita da presença do colombiano uma semana antes da prisão, após investigações da Coordenação de Repressão a Entorpecentes da PF, em Brasília e do Drug Enforcement Administration (DEA), do Departamento de Justiça dos Estados Unidos.

"Nós tínhamos o nome verdadeiro dele e também o falso. Com o nome falso, conseguimos pegar o trânsito dele pelo país, pela via aérea e pela fronteira. Identificamos pessoas que estavam com ele, seja com o nome verdadeiro ou falso, e também deu o direcionamento para onde irmos. Mesmo com o nome falso, ele tinha algumas cautelas", pontua.

De acordo com o delegado, ele entrou a pé no Brasil, usando o nome falso, pelo município de Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela.

Ao ser interrogado pela PF no dia da prisão, "El Patrón" disse que estava em Fortaleza há três meses, onde residia em um duplex de luxo, no Bairro Lagoa Redonda, na companhia da esposa e de duas filhas.

Justiça Brasileira decide pela extradição

A extradição do ex-guerrilheiro foi decidida em setembro de 2020, quando o Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado pelas autoridades dos Estados Unidos, cuja autorização de transporte foi posteriormente autorizada pelo Ministério da Justiça brasileiro.

A Segunda Turma do STF, composta pelos ministros Edson Fachin (relator), Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, decidiu pela extradição por unanimidade.

No voto, Fachin garantiu que os Estados Unidos se comprometeram, por via diplomática, em não condenar o colombiano a mais de 30 anos de prisão e a reduzir da pena o período em que ele esteve preso no Brasil.

Antes da decisão, cerca de cinco meses após ser preso, Guilhermo afirmou em depoimento ao STF que sua prisão tem motivações políticas.

Acusações nos EUA

Guillermo é acusado de cometer crimes em pelo menos três países, além de ter acusações na Colômbia e nos EUA, é processado na Nicarágua.

Nos EUA "El Patrón" responde a dois processos por tráfico internacional de drogas e organização criminosa. O primeiro no Tribunal Federal dos Estados Unidos do Distrito Leste do Texas, de 2007.

Nos EUA "El Patrón" responde a dois processos por tráfico internacional de drogas e organização criminosa. O primeiro no Tribunal Federal dos Estados Unidos do Distrito Leste do Texas, aberto em 2007, investigava um esquema de comércio internacional de cocaína, tendo contra si mandado de prisão.

O transporte da cocaína de laboratórios clandestinos de drogas na Colômbia, que variava de 100 kg a 2,5 toneladas, para aeronaves, lanchas rápidas, navios de carga e outras embarcações marítimas, era feita através do uso de reboques e outros veículos a motor que contenham compartimentos ocultos para transportar a droga.

A cocaína era normalmente contrabandeada para Belize, Venezuela, Panamá, Costa Rica, Honduras, Guatemala, República Dominicana e México a caminho do Norte, para posteriormente ser enviada aos Estados Unidos.

O segundo processo que tramita no Tribunal Federal dos Estados Unidos, apontam que em 16 de abril de 2014, "El Patrón" transportou com sucesso 1.600 kg de cocaína a bordo de uma aeronave registrada nos Estados Unidos, da Venezuela para Honduras.

O colombiano fazia todo o planejamento do voo, desde a saída do entorpecente da Venezuela, com pagamento de suborno a policiais (com dinheiro ou droga), passando por outros países, até a chegada aos Estados Unidos.

Ele nega

Os advogados de Guillermo Amaya Ñungo alegam que o mandado de prisão expedido nos Estados Unidos contra o cliente é político e uma retaliação à recusa da Espanha em entregar o ex-chefe da inteligência militar da Venezuela, o general Hugo Carvajal, também acusado de tráfico internacional de drogas em terras norte-americanas.

Em audiência realizada na 11ª Vara da Justiça Federal no Ceará, em Fortaleza, no dia 4 de dezembro de 2019, "El Patrón" negou as acusações de tráfico de drogas. Ele disse que era produtor agropecuário na Venezuela, sendo proprietário de uma fazenda, que começou a ser utilizada pelo governo do então presidente Hugo Chávez para reuniões de grupos de guerrilha.

Segundo ele, os encontros aconteciam sem o seu consentimento, mas ele era obrigado a transmitir mensagens e documentos entre o Exército Nacional e os grupos de guerrilha. “Eu fui vítima das circunstâncias”, afirmou.

Disse ainda que fugiu da Venezuela para o Ceará por medo de ser assassinado. E que se sustentava em Fortaleza com doações de amigos venezuelanos, apesar de morar em uma residência de alto padrão, no Bairro Lagoa Redonda, segundo a PF.

Outros traficantes internacionais

Além de “El Patrón” outros homens apontados como traficantes internacionais foram encontrados em terras cearenses: casos do mexicano José Gonzalez Valencia, o 'Chepa', em dezembro de 2017 e do britânico James White, em junho desse ano.


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