Guillermo
Amaya Ñungo, "El Patrón", responde por tráfico internacional de drogas
entre a Colômbia e os EUA
A
Polícia Federal (PF), em operação conjunta com a Agência de Combate às Drogas
dos Estados Unidos (DEA), procedeu no dia 6 de junho, à extradição para os
Estados Unidos, do colombiano Guillermo Amaya Ñungo, "El Patrón", de
57 anos, nascido em 15/12/63, ex-guerrilheiro das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia (Farc), em razão de tratado firmado entre o governo
brasileiro e o governo dos Estados Unidos da América.
Nos
EUA, ele responde por tráfico internacional de drogas e organização criminosa.
Se for condenado, pode ficar preso por até 30 anos.
As
autoridades brasileiras desconhecem, até o momento, se Amaya Ñungo exercícia
atividades ilícitas no Brasil.
A Operação
Preso
no prédio da Polícia Federal (PF) em Fortaleza, desde setembro de 2019, a
operação para a extradição de Guillermo ocorreu sob forte esquema de segurança,
com a participação de diversas equipes da PF, além dos agentes da DEA
responsáveis pelo seu transporte e escolta em jato executivo do governo dos
EUA. A embaixada norte-americana também enviou representantes sediados no
Brasil para acompanhar a operação.
Integrante da FARC
Segundo
documentos apresentados pelas autoridades norte-americanas, "El
Patrón", é ex-gerrilheiro das Farc, onde capitaneava um complexo esquema
de transporte de grande quantidade de cocaína entre a Colômbia e os EUA, com
uso de aeronaves próprias e pistas de pouso em países da América Central.
Prisão em 2019
Em
trabalho conjunto de inteligência entre as autoridades norte-americanas e a
Polícia Federal Brasileira, foi possível localizar o foragido e efetuar a sua prisão
em setembro de 2019, quando "El Patrón" chegava a uma escola no
Bairro Messejana, em Fortaleza, para buscar a filha adolescente.
Procurado
pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), os policiais
federais cumpriram um mandado de prisão para extradição, decretado pelo Supremo
Tribunal Federal (STF), depois de pedido da justiça norte-americana.
No
momento da prisão, foi apreendido com ele um documento de identificação falso,
com o nome de José Jesus Rodríguez Hernandez, que é como se apresentava no
Brasil.
Na
ocasião, o então chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE),
delegado Samuel Elânio, afirmou que a PF recebeu a informação sobre a suspeita
da presença do colombiano uma semana antes da prisão, após investigações da
Coordenação de Repressão a Entorpecentes da PF, em Brasília e do Drug
Enforcement Administration (DEA), do Departamento de Justiça dos Estados
Unidos.
"Nós
tínhamos o nome verdadeiro dele e também o falso. Com o nome falso, conseguimos
pegar o trânsito dele pelo país, pela via aérea e pela fronteira. Identificamos
pessoas que estavam com ele, seja com o nome verdadeiro ou falso, e também deu
o direcionamento para onde irmos. Mesmo com o nome falso, ele tinha algumas
cautelas", pontua.
De
acordo com o delegado, ele entrou a pé no Brasil, usando o nome falso, pelo
município de Pacaraima, em Roraima, na fronteira com a Venezuela.
Ao
ser interrogado pela PF no dia da prisão, "El Patrón" disse que
estava em Fortaleza há três meses, onde residia em um duplex de luxo, no Bairro
Lagoa Redonda, na companhia da esposa e de duas filhas.
Justiça Brasileira decide pela
extradição
A
extradição do ex-guerrilheiro foi decidida em setembro de 2020, quando o Supremo
Tribunal Federal (STF), por unanimidade, julgou procedente o pedido formulado
pelas autoridades dos Estados Unidos, cuja autorização de transporte foi
posteriormente autorizada pelo Ministério da Justiça brasileiro.
A
Segunda Turma do STF, composta pelos ministros Edson Fachin (relator), Ricardo
Lewandowski, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, decidiu pela extradição por
unanimidade.
No
voto, Fachin garantiu que os Estados Unidos se comprometeram, por via
diplomática, em não condenar o colombiano a mais de 30 anos de prisão e a
reduzir da pena o período em que ele esteve preso no Brasil.
Antes
da decisão, cerca de cinco meses após ser preso, Guilhermo afirmou em
depoimento ao STF que sua prisão tem motivações políticas.
Acusações nos EUA
Guillermo
é acusado de cometer crimes em pelo menos três países, além de ter acusações na
Colômbia e nos EUA, é processado na Nicarágua.
Nos
EUA "El Patrón" responde a dois processos por tráfico internacional
de drogas e organização criminosa. O primeiro no Tribunal Federal dos Estados
Unidos do Distrito Leste do Texas, de 2007.
Nos
EUA "El Patrón" responde a dois processos por tráfico internacional
de drogas e organização criminosa. O primeiro no Tribunal Federal dos Estados
Unidos do Distrito Leste do Texas, aberto em 2007, investigava um esquema de
comércio internacional de cocaína, tendo contra si mandado de prisão.
O
transporte da cocaína de laboratórios clandestinos de drogas na Colômbia, que variava
de 100 kg a 2,5 toneladas, para aeronaves, lanchas rápidas, navios de carga e
outras embarcações marítimas, era feita através do uso de reboques e outros
veículos a motor que contenham compartimentos ocultos para transportar a droga.
A
cocaína era normalmente contrabandeada para Belize, Venezuela, Panamá, Costa
Rica, Honduras, Guatemala, República Dominicana e México a caminho do Norte, para
posteriormente ser enviada aos Estados Unidos.
O
segundo processo que tramita no Tribunal Federal dos Estados Unidos, apontam
que em 16 de abril de 2014, "El Patrón" transportou com sucesso 1.600
kg de cocaína a bordo de uma aeronave registrada nos Estados Unidos, da
Venezuela para Honduras.
O
colombiano fazia todo o planejamento do voo, desde a saída do entorpecente da
Venezuela, com pagamento de suborno a policiais (com dinheiro ou droga),
passando por outros países, até a chegada aos Estados Unidos.
Ele nega
Os
advogados de Guillermo Amaya Ñungo alegam que o mandado de prisão expedido nos
Estados Unidos contra o cliente é político e uma retaliação à recusa da Espanha
em entregar o ex-chefe da inteligência militar da Venezuela, o general Hugo
Carvajal, também acusado de tráfico internacional de drogas em terras
norte-americanas.
Em
audiência realizada na 11ª Vara da Justiça Federal no Ceará, em Fortaleza, no
dia 4 de dezembro de 2019, "El Patrón" negou as acusações de tráfico
de drogas. Ele disse que era produtor agropecuário na Venezuela, sendo
proprietário de uma fazenda, que começou a ser utilizada pelo governo do então
presidente Hugo Chávez para reuniões de grupos de guerrilha.
Segundo
ele, os encontros aconteciam sem o seu consentimento, mas ele era obrigado a
transmitir mensagens e documentos entre o Exército Nacional e os grupos de guerrilha.
“Eu fui vítima das circunstâncias”, afirmou.
Disse
ainda que fugiu da Venezuela para o Ceará por medo de ser assassinado. E que se
sustentava em Fortaleza com doações de amigos venezuelanos, apesar de morar em
uma residência de alto padrão, no Bairro Lagoa Redonda, segundo a PF.
Outros traficantes internacionais
Além
de “El Patrón” outros homens apontados como traficantes internacionais foram
encontrados em terras cearenses: casos do mexicano José Gonzalez Valencia, o
'Chepa', em dezembro de 2017 e do britânico James White, em junho desse ano.
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