A quadrilha enviava para à Europa grandes cargas de cocaína a partir de vários
portos do Brasil
No
dia 10 de junho, a Polícia Federal (PF), com apoio da Receita Federal do Brasil
(RFB), deflagrou a operação “Shipping Box”, cujo objetivo foi desmantelar uma
grande organização criminosa instalada no sul do País, voltada à prática do
crime de tráfico internacional de drogas, por meio da remessa de grandes cargas
de cocaína a partir de vários portos do Brasil.
Operação
Cerca
de 250 policiais e 15 agentes da RFB cumpriram 34 mandados de prisão e 50
mandados de busca e apreensão, em 15 cidades nos estados de Santa Catarina
(Joinville, Itapoá, Jaraguá do Sul, São Francisco do Sul, Itajaí, Navegantes,
Balneário Piçarras, Barra Velha, Itapema, Canelinhas e Criciúma), Paraná
(Paranaguá), Rio Grande do Sul (Rio Grande), São Paulo (Mogi Mirim) e Rio de
Janeiro (Cabo Frio).
O
delegado da Polícia Federal em Joinville, Vinicius Zangirolani destacou que as
prisões exigiram um trabalho de inteligência intenso, pois os suspeitos se
movimentam constantemente e utilizam nomes e endereços falsos. “Realizamos
prisões de um criminoso em um motel e de outro escondido atrás da caixa d´água
de um vizinho. Também tivemos casos de criminosos tentando se livrar de provas
jogando o celular na privada”, comentou Zangirolani.
Nas
Chácaras Ypê, na zona Leste de Mogi Mirim-SP, foi detido Y. S. F., de 25 anos. Ele
é apontado pela PF como ponte de traficantes internacionais com sede na Bolívia
e o núcleo embarcador da droga de Santa Catarina, para a exportação da droga.
Investigação
A
investigação teve início após os agentes da RFB apreenderem 600.5 kg de cocaína no Porto de Itapoá, em janeiro de 2020. Após o envio das informações à PF,
iniciou-se a apuração dos responsáveis pelos envios, com a descoberta de uma
organização criminosa com integrantes residentes em sua maioria na região Sul.
A
troca de informações entre os dois órgãos possibilitou a apreensão de seis
toneladas de cocaína e a prisão em flagrante de oito pessoas durante o período
de investigações.
Modus Operandi
De
acordo com as investigações da PF, a organização criminosa se valia de vários
expedientes para embarcar a droga, como a cooptação de funcionários dos portos
para facilitar a entrada do entorpecente, a criação de compartimentos falsos em
caminhões para transporte de traficantes e cargas de drogas para dentro do
ambiente portuário e até a criação de empresas de logística de carregamento e
transporte de contêineres para atrair a exportação de cargas lícitas que
ensejassem a oportunidade de enxerto e embarque de cocaína.
Parte
da droga que vinha da Bolívia era inserida em contêineres a serem embarcados em
navios com destino à Europa, outra parte era pulverizada para abastecer
organizações criminosas dedicadas ao tráfico para consumo interno.
Em
alguns casos, a quadrilha usava o método rip-on / rip-off, quando uma carga de
um exportador sem conexão com o esquema é violada e sacolas com cocaína são
introduzidas no interior do container.
Em
um dos alvos da operação foram encontrados lacres falsos que seriam utilizados
para imitar o lacre verdadeiro com a numeração vinculada à carga original e tentar
driblar a fiscalização da RFB.
“Shipping Box”
A
operação recebeu o nome “Shipping Box” em alusão, em inglês, ao método de
atuação da organização criminosa, que usava o sistema de despacho marítimo de
drogas escondidas em contêineres.
Apreensões
Segundo
o delegado Vinicius Faria, durante as investigações foram apreendidas
aproximadamente 6 toneladas de cocaína e presas oito pessoas em flagrante
delito em Santa Catarina.
No
sentido da desarticulação patrimonial do crime organizado, foram sequestrados
68 veículos, 23 imóveis e 2 embarcações, bem como foi realizado o bloqueio de
30 contas bancárias de vários investigados.
A
PF já detectou, em meio ao tráfico, indicativos de um esquema de lavagem de
dinheiro por alguns dos investigados através da constituição de empresas
fictícias e aquisição de ativos como ouro e até mesmo de criptomoedas.
Ainda
não se sabe se a PF conseguirá reaver os valores convertidos em ouro e
criptomoedas, mas a identificação das contas dos responsáveis pode ajudar no
rastreio e apreensão.
O
delegado da Polícia Federal, Alessandro Vieira, mencionou a importância das
apreensões e bloqueios de conta para sufocar economicamente às organizações
criminosas. “Essa é uma diretriz que seguimos, na nossa missão de não apenas
apreendermos a droga, mas atacarmos o núcleo financeiro destas organizações
criminosas. Inclusive, verificamos que parte dos criminosos estavam usando
criptomoedas para movimentar recursos, o que irá demandar um trabalho posterior
nosso e da Receita Federal”, lembrou Vieira.
Crimes
Os
investigados responderão pelos crimes de tráfico de drogas (art. 33 da Lei nº
11.343/06) e formação de organização criminosa (art. 2º da Lei nº 12.850/13),
cujas penas máximas somadas ultrapassam 30 anos de reclusão.
Os
presos foram conduzidos às sedes da PF em Joinville e Itajaí, onde foram
interrogados, e posteriormente, levados ao presídio regional de Joinville, onde
ficaram recolhidos à disposição da Justiça Federal.
A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Segurança Portuária em todo o seu contexto. A matéria veiculada apresenta cunho jornalístico e informativo, inexistindo qualquer crítica política ou juízo de valor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.