Investigações da PF
mostraram que o Clã Šarić, da organização criminosa Kavaćki Klan intermediava a
compra de cocaína com o PCC
No
início do mês, a polícia portuguesa, em cooperação com a Europol e a polícia de
Montenegro, prendeu na cidade de Redondo, Kotorani Igor Božović (56) e seu
filho Vladimir Božović (30), membros da organização criminosa Kavaćki Klan, da
cidade de Kotor, com base em mandados do Escritório Central Nacional (NCB), da
Interpol em Podgorica, capital de Montenegro, emitidos em 2017.
Ambos
acusados de crimes de constituição de organização criminosa, tentativa de
extorsão em cumplicidade, ato agravado contra a segurança pública e porte
ilegal de armas e explosivos.
Segundo a Polícia Portuguesa, eles foram localizados numa casa, em uma vila. Durante as buscas, foram encontrados documentos pessoais falsos da Bulgária e da Croácia com outras identidades.
Eles são investigados desde 12 de setembro
de 2016. Igor Božović é procurado desde agosto de 2017, quando foi libertado,
assim como Siniša Vlahović, Aleksandar Đurišić, Igor Đurišić também conhecido
como Major, Davor Prelević.
Ele deixou a prisão de Spuški em 4 de agosto,
e a Promotoria Especial do Estado pediu ao Tribunal Superior que ordenasse a
detenção de Božović apenas 12 dias depois.
Naquela época, nenhum dos supostos líderes
do clã criminoso Kavač - Slobodan Kašćelan e Miloš Radonjić. Eles foram presos
depois na República Tcheca e na Croácia.
Igor Božović é suspeito de, a partir do
início de novembro de 2011, na área de Kotor, Tivat e Budva, criar uma
organização criminosa juntamente com Slobodan Kašćelan (SK).
Seu filho Vladimir é suspeito de agir com
violência e intimidação com outros membros daquele grupo criminoso. Ele cometia
atos criminosos de extorsão, para obter, manter e armazenar armas, explosivos,
coletes à prova de balas para as necessidades dos membros da organização criminosa,
além de ser o responsável por transmitir as instruções que lhe foram dadas pelo
líder.
Esta
organização tem laços estreitos com a de Darko Šarić. Em 2009, integrantes do
Clã Šarić foram presos pela Polícia Federal (PF) na Operação Niva e na Operação
Brabo, que também desarticularam um esquema de tráfico para a Europa envolvendo
portos brasileiros.
Operação
Niva
A quadrilha desmantelada pela PF traficava
exclusivamente cocaína e tinham uma estratégia sofisticada para embarcar a
droga. Segundo o delegado Ivo Roberto Costa da Silva, coordenador geral da
Operação Niva, o grupo agia de dois modos diferentes para efetivar o
transporte.
No primeiro deles, utilizavam navios de
carga ou de passageiros. Os criminosos cooptavam, no Exterior, tripulantes de
navios que desembarcavam no Brasil. Esses tripulantes eram pagos para colocar a
droga na embarcação e transportá-la. "As remessas eram transportadas em
sacolas cujo peso variava entre 25 e 30 kg ou mesmo dentro das vestes destes
tripulantes", comenta.
No segundo modo, os tripulantes não
precisavam desembarcar. Através de botes, os traficantes seguiam com a droga
até a chamada área de fundeio (local onde a embarcação lança as âncoras e
aguarda para atracar ou realizar o embarque ou desembarque de produtos).
Nessa modalidade, os tripulantes
"pescavam" mochilas com as drogas - geralmente com carregamentos de
100 kg a 200 kg de cocaína. "Após um contato prévio com os traficantes,
eles desciam uma corda e içavam essas mochilas até o navio. Essa logística
dificultava um pouco o trabalho da polícia, porque eles usavam botes pequenos e
difíceis de serem localizados em fiscalizações e também por serem cidadãos
sérvios e terem facilidade em arregimentar os tripulantes", detalha.
Ao
todo, 48 do bando foram presos
Ao longo de dois anos de investigações, a
PF prendeu 48 integrantes da quadrilha. Durante este período, também foram
apreendidos 620 kg de cocaína, além de cerca de R$ 2 milhões. Além disso, a 4ª
Vara Federal Criminal de São Paulo determinou o sequestro de bens de
integrantes do bando, sendo 31 imóveis, 15 veículos de luxo e três embarcações,
patrimônio avaliado em cerca de R$ 16 milhões.
"Todos os membros que estavam vivendo
no Brasil foram presos. Os que estavam no Exterior tiveram os mandados de
prisão expedidos e encaminhados à Interpol", revela o delegado Ivo Roberto
Costa da Silva, coordenador geral da operação.
De acordo com ele, o sucesso da operação se
deu ao acordo de cooperação bilateral firmado entre o Brasil e a Sérvia em
junho de 2010 e à eficiência da relação entre as polícias dos dois países.
Também contou com a colaboração de autoridades dos Estados Unidos, Reino Unido
e África do Sul.
O início das investigações deu-se em abril
de 2009, após o alerta de organismos internacionais sobre a atuação da
organização criminosa em várias cidades portuárias do Brasil, entre elas
Santos, Paranaguá, Rio Grande, Vitória e cidades do Nordeste.
Operação
Brabo
A Operação Brabo, deflagrada em setembro de
2017, levou à apreensão de aproximadamente nove toneladas de cocaína que seriam
remetidas a terminais europeus de 2015 até aquele ano. As investigações
apontaram a participação direta de líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC),
facção criminosa que deu suporte logístico e financeiro às atividades do grupo.
Entre eles estão alguns dos coordenadores do esquema, como Ronaldo Bernardo,
condenado a 21 anos e 7 meses de prisão, Luís de França e Silva Neto,
sentenciado a 24 anos e 2 meses de reclusão, e Patrício da Silva Fausto, cuja
pena alcança 13 anos e 6 meses.
As drogas eram adquiridas em países
vizinhos, como Bolívia e Colômbia, para distribuição na Europa por meio de
portos na Itália, na Rússia, na Bélgica, na Espanha e na Inglaterra.
Integrantes da máfia sérvia também estão entre os réus: B. K. e
Miroslav Jevtic faziam parte da cúpula da organização criminosa e participavam
das decisões, da compra das drogas e de seu direcionamento. Eles foram condenados,
respectivamente, a 23 anos e 6 meses e 17 anos e 8 meses de prisão.
Segundo as investigações, as ações do grupo
seguiam uma extensa divisão de tarefas para viabilizar a movimentação das
cargas desde o fornecimento até a recepção na Europa. Boa parte dos envolvidos
dedicava-se à logística de embarque da droga, executando tarefas como a
cooptação de tripulantes dos navios e a inserção dos carregamentos em
contêineres previamente selecionados.
Porto
de Santos
A
presença de criminosos do leste europeu na Baixada Santista começou em meados
dos anos 2000, segundo policiais da área de inteligência da PF, sérvios,
croatas, búlgaros e russos ligados ao embarque de droga para a Europa
costumavam se encontrar em um quiosque no canal 2, na Praia do Gonzaga, na
cidade de Santos.
O
búlgaro Dimitar Minchev Dragnev, preso na Operação Brabo, abriu um quiosque
nesta mesma praia em maio de 2006. No ano seguinte, ele foi preso na Operação
Sofia, que desmantelou um grupo ligado à máfia búlgara que enviava cocaína para
a Europa.
Veja abaixo o vídeo do momento da prisão;
A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Segurança Portuária em todo o seu contexto. A matéria veiculada apresenta cunho jornalístico e informativo, inexistindo qualquer crítica política ou juízo de valor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.