Apreensão de 23 toneladas de cocaína em
portos na Alemanha e Bélgica aponta nova rota de tráfico
No
mês passado, 23 toneladas de cocaína que saíram do Paraguai foram apreendidas em
portos de Hamburgo na Alemanha e Antuérpia na Bélgica. É a maior apreensão da
droga na história do Continente Europeu. A rota marítima é a mesma usada por
traficantes brasileiros que usam o Paraguai como entreposto da cocaína vinda do
Peru e da Bolívia.
Os
tabletes de cocaína estavam escondidos em latas de 18 litros de argamassa
embarcadas em contêineres em portos do Rio Paraguai com destino à Europa.
A
maior parte, 16 toneladas, foi descoberta em 12 de fevereiro em cinco
contêineres no Porto de Hamburgo. Informados por policiais alemães, policiais
belgas encontraram 7,3 outras toneladas armazenadas no Porto de Antuérpia, na
Bélgica.
O
único preso até agora foi um holandês de 28 anos, suspeito de ser o responsável
pela importação da droga. A investigação continua na Alemanha, Holanda e
Bélgica para permitir possíveis novas detenções.
Em
Hamburgo, esses contêineres, que foram considerados suspeitos, passaram por uma
minuciosa revista. A droga foi escondida em latas, sob uma primeira camada de
recipientes contendo mástique (um tipo de resina).
A
cocaína apreendida na Alemanha estava em 1.728 latas de 18 litros de tinta da
marca Fox Colors, produzida e exportada pela empresa Pinturas Tupá S.A.,
pertencente a Diego Benitez. Em sua página na internet, a empresa informa que
exporta para a Europa e para o Brasil.
“Graças
a um trabalho de investigação muito profissional, conseguimos apreender uma
quantidade recorde de cocaína”, saudou o secretário de Estado das Alfândegas
alemão, Rolf Bösinger, referindo ter sido um “golpe desferido contra o crime
organizado ligado ao narcotráfico”.
O
ministro do Interior do Paraguai Arnaldo Giuzzo informou que a polícia
paraguaia já tinha alertado autoridades de vários países europeus sobre
megacarga de cocaína que havia deixado os portos do país.
Segundo
investigações policiais, tanto a cúpula da organização criminosa Primeiro
Comando da Capital - PCC, quantos membros de outras organizações que atuam de
forma autônoma, estão envolvidos em remessas de droga para a Europa através do
Paraguai.
Após
ter consolidado o acesso aos canais de produção em países vizinhos e a
distribuição no Brasil, o PCC agora expandiu suas operações de
"exportação" pelos portos do Paraguai, eliminando intermediários para
aumentar a margem de lucro.
INTERPOL
O
Projeto AMEAP auxilia as autoridades nacionais a identificar ameaças à
segurança e combater grupos do crime organizado envolvidos no tráfico ilícito
de drogas na África, Oriente Médio e Ásia e Pacífico.
Busca
promover e fortalecer a cooperação e o intercâmbio de inteligência relacionada
às drogas entre as agências, permitindo que os países se beneficiem de nossos
bancos de dados policiais globais. Ao aumentar o acesso ao fluxo de informações
geradas pelos países membros em diferentes regiões, a probabilidade de uma
investigação e ação penal bem-sucedidas aumenta muito.
O
projeto, que é apoiado pelos Emirados Árabes Unidos e pela Fundação INTERPOL
para um Mundo Mais Seguro.
Outras Apreensões
Janeiro 2021 - Duas
toneladas de cocaína escondidas em contêineres com carvão vegetal que saíram do
Paraguai e do Brasil foram apreendidas no dia 18 de janeiro em dois portos da
Espanha. Essa é uma das rotas utilizadas pela quadrilha comandada pelo ex-major
da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul Sérgio Roberto de Carvalho.
Outubro
2020 - Carregamento semelhante, com 2.900 kg em sacos de
carvão vegetal, foi descoberta em outubro do ano passado, em contêineres no
Porto de Villeta, no Rio Paraguai, antes de ser embarcado para a Europa. Cidade de 37 mil habitantes, Villeta fica na margem
do Rio Paraguai, a 250 km do território sul-mato-grossense.
Pelo
menos 12 pessoas foram presas. Entre elas brasileiros e paraguaios, segundo
informou as agências internacionais de notícias, o coordenador de Investigação
Aduaneira da Espanha, Nelson Báez. Duas famílias são acusadas de liderar o
esquema a partir do Brasil e do Paraguai. Os nomes e os locais onde residem não
foram informados.
Segundo
Báez, a cocaína saiu dos portos paraguaios e brasileiros e foram interceptados
nos portos de Barcelona e Algeciras escondidos em 40 toneladas de carvão
vegetal.
Conforme
as autoridades espanholas, a quadrilha envolve pessoas residentes nas
províncias de Murcia e Sevilla que operam através de empresas aparentemente
legais de importação de carvão da América do Sul para a Europa.
Ministério
Público do Paraguai fez buscas no depósito de carvão da empresa ligada ao
carregamento, em Mariano Roque Alonso, cidade pertencente ao Departamento
(equivalente a Estado) Central, na região da capital Asunción.
O
dono do depósito é Cristian Turrini, ex-diretor da TV Pública do Paraguai e um
dos presos por envolvimento com a carga. Além dele também foi preso Alberto
Ayala Jacquet, proprietário dos contêineres onde foi encontrada a droga.
A
carga recorde de cocaína foi descoberta por investigação iniciada há cinco
meses, depois de grande quantidade da droga apreendida também em sacos de
carvão, em um porto da Bélgica.
Com
informações repassadas por policiais belgas, os agentes antinarcóticos da
Polícia Nacional passaram a investigar a rota. Segundo o comissário Gilberto
Fleitas, a droga veio da Bolívia, possivelmente de avião. Os containers seriam
embarcados rumo ao porto da Bélgica e depois até Israel, mas os agentes da
Aduana do Porto de Terport, em Villeta, retardaram a liberação, a pedido da
polícia.
Operação
Echelon
Parte
do diálogo da dupla Gilmar e Tiaguinho, que o Ministério Público vê como prova
de planos do PCC de expansão para o exterior, foi reproduzido na denúncia da
Operação Echelon, do Ministério Público Estadual de São Paulo.
Assinada
pelo promotor Lincoln Gakiya, do Núcleo de Presidente Prudente (SP) do Grupo de
Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco), a denúncia detalha o
funcionamento da organização e identifica integrantes da chamada "Sintonia
dos Outros Estados e Países" - segmento que cuida do PCC no Norte, Sul,
Sudeste e Nordeste do Brasil, além de Bolívia e Paraguai.
Para
Camila Nunes Dias, autora do livro PCC - Hegemonia nas prisões e monopólio da
violência - e professora da Universidade Federal do ABC, há no Paraguai cerca
de 500 batizados, entre brasileiros e paraguaios, em sua maioria em prisões no
país vizinho. Ela observa que, desde o fim dos anos 1990, várias organizações
criminosas brasileiras migraram para países vizinhos, em especial o Paraguai,
não só por uma estratégia comercial, mas também por acreditarem que eram
lugares seguros.
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