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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

PORTO DE SANTOS É A PRINCIPAL ROTA DA COCAÍNA NO BRASIL

 

Nos últimos cinco anos, mais de 50% das apreensões no País ocorreram no cais santista

O Porto de Santos tem batido constantes recordes em apreensão de cocaína. Nos últimos cinco anos, o volume da droga barrada no cais santista foi, em média, 55% do total retido no Brasil.

Ou seja, mais da metade da cocaína que entra ou sai do País passa pela Baixada Santista. Em 2020, mesmo com a crise sanitária causada pela covid-19, a Receita Federal do Brasil (RFB) e Polícia Federal (PF) apreenderam 20,5 toneladas do entorpecente no Porto, ante as 46,7 toneladas em toda a federação. Foi o primeiro ano, desde 2015, em que houve queda nos números.

O volume menor, no entanto, não é reflexo de uma eventual diminuição das ações dos órgãos fiscalizadores. Pelo contrário, com 49 operações, 2020 teve o segundo maior número de intervenções da RFB e PF desde 2013. O recorde absoluto ocorreu em 2019: 27 toneladas de cocaína apreendidas em 56 investidas.

“A cocaína é, de longe, a principal droga exportada no Porto de Santos. Maconha aparece em segundo lugar, muito abaixo dos números de cocaína. Também já apareceu haxixe e MDMA (droga sintética), mas são números desprezíveis frente à cocaína”, disse o chefe da delegacia de Polícia Federal em Santos, André Costa de Melo.

INTELIGÊNCIA E TECNOLOGIA

Ambos os órgãos destacam as ações integradas, o serviço de inteligência e a tecnologia, como fatores fundamentais para o combate ao crime. A RFB destaca, por exemplo, a Central de Operações e Vigilância (COV), inaugurada em 2013.

Segundo a RFB, o sistema consiste em um monitoramento dos recintos alfandegados sob jurisdição da Alfândega de Santos, através de computadores que permitem a visualização das imagens de 2.500 câmeras e dos escâneres de cargas à distância. Ele possibilita o acesso aos dados dos sistemas de controle das operações aduaneiras nesses recintos.

Além dos dados obtidos por meio dessas ferramentas tecnológicas, a fiscalização aduaneira tem dentro da COV a possibilidade de consultar os sistemas informatizados da própria RFB e de efetuar a liberação ou o bloqueio das cargas de importação ou de exportação – em algumas situações, inclusive, sem presença física do servidor.

Apesar dos sistemas de controle de carga e o desenvolvimento de novas ferramentas de vigilância, o delegado da Alfândega da Receita Federal no Porto de Santos, Richard Fernando Amoedo Neubarth, aponta o principal destaque nesse combate é: “o servidor aduaneiro da RFB”. “É muito bem treinado e está sempre disposto a combater os ilícitos relacionados às operações de comércio exterior”, reforça.

O chefe da PF destaca ainda a relação mantida com outras autoridades. “A troca de informações e o desencadeamento das  em conjunto é primordial para o êxito destes trabalhos (...) é de se destacar o uso de scanners e de cães. A colaboração e troca de informações entre os países também são importantes. Temos canal de contato direto estabelecido com as polícias dos países europeus”.

APÓS A APREENSÃO

De acordo com o chefe da delegacia da PF, após a apreensão, a droga é encaminhada para destruição em fornos industriais. Melo ressalta que o sistema de repressão criminal é voltado para a punição de pessoas (com penas de privação de liberdade e de multa).

CRIATIVIDADE CRIMINOSA

A Alfândega de Santos aponta que são diversos os casos em que a ‘criatividade’ dos criminosos é utilizada para ocultar a droga. Entretanto, o delegado do órgão no Porto, Richard Neubarth, acredita que um dos casos mais emblemáticos, “pela dificuldade e pelo envolvimento de diversos órgãos para seu sucesso foi o do MSC Loretta em 2015”.

“(Na ocasião), uma quadrilha foi detida na área de fundeio do porto içando bolsas com cocaína para o navio com o auxílio de integrantes da tripulação”.

O chefe da delegacia de PF em Santos, André Costa de Melo, aponta que são vários os meios utilizados para despistar as autoridades. “Tentam esconder a existência de tabletes de cocaína em vários tipos de máquinas, carros, barcos, tratores, açúcar, goiabada, feijão, café (...) Um caso diferente foi a identificação e apreensão de cocaína diluída em tonéis com polpa de manga destinada ao exterior.

Fonte: Jornal A Tribuna – Texto: Matheus Müller



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