Nos
últimos cinco anos, mais de 50% das apreensões no País ocorreram no cais santista
O
Porto de Santos tem batido constantes recordes em apreensão de cocaína. Nos
últimos cinco anos, o volume da droga barrada no cais santista foi, em média, 55%
do total retido no Brasil.
Ou
seja, mais da metade da cocaína que entra ou sai do País passa pela Baixada
Santista. Em 2020, mesmo com a crise sanitária causada pela covid-19, a Receita
Federal do Brasil (RFB) e Polícia Federal (PF) apreenderam 20,5 toneladas do
entorpecente no Porto, ante as 46,7 toneladas em toda a federação. Foi o
primeiro ano, desde 2015, em que houve queda nos números.
O
volume menor, no entanto, não é reflexo de uma eventual diminuição das ações dos
órgãos fiscalizadores. Pelo contrário, com 49 operações, 2020 teve o segundo
maior número de intervenções da RFB e PF desde 2013. O recorde absoluto ocorreu
em 2019: 27 toneladas de cocaína apreendidas em 56 investidas.
“A
cocaína é, de longe, a principal droga exportada no Porto de Santos. Maconha
aparece em segundo lugar, muito abaixo dos números de cocaína. Também já
apareceu haxixe e MDMA (droga sintética), mas são números desprezíveis frente à
cocaína”, disse o chefe da delegacia de Polícia Federal em Santos, André Costa
de Melo.
INTELIGÊNCIA
E TECNOLOGIA
Ambos
os órgãos destacam as ações integradas, o serviço de inteligência e a
tecnologia, como fatores fundamentais para o combate ao crime. A RFB destaca,
por exemplo, a Central de Operações e Vigilância (COV), inaugurada em 2013.
Segundo
a RFB, o sistema consiste em um monitoramento dos recintos alfandegados sob
jurisdição da Alfândega de Santos, através de computadores que permitem a
visualização das imagens de 2.500 câmeras e dos escâneres de cargas à
distância. Ele possibilita o acesso aos dados dos sistemas de controle das
operações aduaneiras nesses recintos.
Além
dos dados obtidos por meio dessas ferramentas tecnológicas, a fiscalização
aduaneira tem dentro da COV a possibilidade de consultar os sistemas
informatizados da própria RFB e de efetuar a liberação ou o bloqueio das cargas
de importação ou de exportação – em algumas situações, inclusive, sem presença física
do servidor.
Apesar
dos sistemas de controle de carga e o desenvolvimento de novas ferramentas de
vigilância, o delegado da Alfândega da Receita Federal no Porto de Santos,
Richard Fernando Amoedo Neubarth, aponta o principal destaque nesse combate é:
“o servidor aduaneiro da RFB”. “É muito bem treinado e está sempre disposto a
combater os ilícitos relacionados às operações de comércio exterior”, reforça.
O
chefe da PF destaca ainda a relação mantida com outras autoridades. “A troca de
informações e o desencadeamento das em
conjunto é primordial para o êxito destes trabalhos (...) é de se destacar o
uso de scanners e de cães. A colaboração e troca de informações entre os países
também são importantes. Temos canal de contato direto estabelecido com as
polícias dos países europeus”.
APÓS A APREENSÃO
De
acordo com o chefe da delegacia da PF, após a apreensão, a droga é encaminhada
para destruição em fornos industriais. Melo ressalta que o sistema de repressão
criminal é voltado para a punição de pessoas (com penas de privação de
liberdade e de multa).
CRIATIVIDADE CRIMINOSA
A
Alfândega de Santos aponta que são diversos os casos em que a ‘criatividade’
dos criminosos é utilizada para ocultar a droga. Entretanto, o delegado do
órgão no Porto, Richard Neubarth, acredita que um dos casos mais emblemáticos,
“pela dificuldade e pelo envolvimento de diversos órgãos para seu sucesso foi o
do MSC Loretta em 2015”.
“(Na
ocasião), uma quadrilha foi detida na área de fundeio do porto içando bolsas
com cocaína para o navio com o auxílio de integrantes da tripulação”.
O
chefe da delegacia de PF em Santos, André Costa de Melo, aponta que são vários
os meios utilizados para despistar as autoridades. “Tentam esconder a
existência de tabletes de cocaína em vários tipos de máquinas, carros, barcos,
tratores, açúcar, goiabada, feijão, café (...) Um caso diferente foi a identificação
e apreensão de cocaína diluída em tonéis com polpa de manga destinada ao
exterior.
Fonte:
Jornal A Tribuna – Texto: Matheus Müller
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.