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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

POLÍCIA FEDERAL PRENDE TRAFICANTE ITALIANO NO RECIFE

 

Gianotta é apontado como líder de uma organização que usava navios para levar cocaína da América do Sul para a Europa

No dia 02 de fevereiro, a Polícia Federal (PF) prendeu em Aldeia, em Camaragibe, na Grande Recife, em Pernambuco,o italiano Alduino Gianotta, de 59 anos, suspeito de integrar uma rede internacional de tráfico de drogas.

A captura, que aconteceu por volta das 15h, cumpriu mandado de prisão expedido pelo ministro relator do Supremo Tribunal Federal (STF), Kassio Nunes Marques. Os agentes da PF apoiaram equipes que combatem a Máfia, na Operação “Skipper” (Operazione Skipper), deflagrada pela polícia italiana.

Gianotta é apontado como líder de uma organização que usava navios para levar cocaína da América do Sul para a Europa. Segundo a Direção Central dos Serviços Antidrogas de Lecce, na Itália, ele seria o principal organizador, gerente e financiador, responsável pelo fornecimento e envio de “enormes quantidades de cocaína” da América do Sul para o Porto de Amsterdã, na Holanda.

De lá, a droga seguia para Salento, na Itália, apontada como base da organização criminosa, além de várias outras cidades italianas. Na Itália, a cocaína era transportada nos bancos traseiros e na mala de veículos. Os contatos entre os traficantes eram feitos por meio de celular, com mensagens criptografadas, difíceis de rastrear, feita sob sua supervisão e orientação e por intermédio de seus homens de confiança.

Investigação

A investigação da polícia italiana contra a organização durou dois anos. Nesse período foram cumpridas 26 medidas judiciais, sendo oito prisões preventivas; 18 prisões domiciliares com apreensões de bens (imóveis, veículos, dinheiro) nas províncias de Lecce e Salermo. Todos esses bens, ultrapassam os 4 milhões de euros, o equivalente a R$ 26 milhões.

A sua residência, em Amsterdã, na Holanda, foi alvo de busca das autoridades holandesa, mas o homem foi preso no Brasil, onde há muito havia se estabelecido com sua esposa (DNLM, de 47 anos) no estado de Pernambuco e, com o produto da atividade criminosa, iniciou um empreendimento lucrativo, uma construtora especializada na construção de moradias de luxo.

Prisão

A prisão no Brasil veio pela estreita colaboração entre a Polícia Federal do Brasil e a polícia italiana, que contaram ainda com o apoio do Serviço Internacional da Interpol através da Direção Central da Polícia Criminal, da Coordenação-Geral da Polícia de Repressão às Drogas, Armas e Facções e da Equipe Móvel da Delegacia de Lecce. (ANSA). 

A residência de Giannotta, em Aldeia, no município de Camaragibe, próximo ao balneário Recife, foi monitorada  por vários dias, mas como ela estava  equipada com um sistema de videovigilância que não permitia uma ação rápida, os policiais optaram por esperar ele sair para efetuar a prisão com segurança. Ele foi preso quando estava com a esposa dentro do carro, saindo do condomínio de luxo.

As investigações apontaram que ele atuava no ramo de imóveis. Ele estava colocando para vender um desses imóveis lá em Aldeia, de mais ou menos R$ 1 milhão.

"A gente acredita até que dinheiro sujo da cocaína, do tráfico internacional, era utilizado para lavar dinheiro no Brasil com a compra de imóveis", declarou Giovani Santoro, chefe de comunicação da PF em Pernambuco.

Casado com uma pernambucana ele não tem registro de passaporte. "Ele era uma pessoa praticamente invisível. Não tem registro de passaporte dele no nosso sistema, não tem registro de viagem que ele fez, principalmente, de avião", afirmou declarou Giovani Santoro.

Italiano morava em um condomínio de luxo em Aldeia, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife — Foto: Polícia Federal/Divulgação

Repercussão na Itália

A prisão do traficante foi notícia em vários jornais italianos. O "Piazza Salento" chamou Alduino Gianotta de Pablo Escobar salentino, numa menção ao conhecido traficante colombiano e à cidade italiana de Salento, base do grupo criminoso.

Já o "La Repubblica" destacou que o italiano tinha se mudado com a esposa para Pernambuco, onde negociava imóveis de luxo com o dinheiro da atividade criminosa.

O organograma da associação

A organização criminosa tinha um organograma bem definido : Alduino Giannotta , 59 anos de Salento, era o promotor, organizador, gestor e financiador, dedicado à compra de cocaína da Holanda e aos contatos com fornecedores internacionais. Pierpaolo Pizzolante , 30 anos de Acquarica del Capo, organizador, homem de confiança de Giannotta, encarregado da direção das importações da Holanda e da posterior distribuição do narcótico no Salento. Giovanni Rizzo , 53, de Taviano, que adquiria a substância de Giannotta, redistribuía nas praças principais da província de Lecce.

Nicolò Urso, 32 anos de Presicce e Donato Angelo Rainò , 53 anos de Taviano, participantes, homens de confiança respectivamente de Pizzolante e Giovanni Rizzo, eramdedicados ao transporte, compra e venda de cocaína nos territórios de competência e a entrega e retirada de pagamentos em dinheiro. Luigi Basilicata , 53 anos, natural da Campânia, participante, era funcionário de uma empresa de transporte com sede em Villa Literno, na província de Caserta, cujos veículos eram utilizados para o transporte e entrega de armas e entorpecentes, que tratava diretamente - e com a ajuda de Giuseppe Ascione e Silvestre Attianese ambos da Campânia e funcionários da mesma empresa - transportando o narcótico de Amsterdã para o depósito napolitano e daí, para a área de Salento, cuidando também da transferência de dinheiro da província de Lecce para a Holanda.

Disposição do STF

Gianotta foi levado para a sede da Polícia Federal no Cais do Apolo, na área central do Recife, e seguiu para se submeter a um exame de corpo de delito, no Instituto de Medicina Legal (IML), em Santo Amaro, na mesma região. Posteriormente foi encaminhado para ao Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.

Ele está no Cotel à disposição tanto do Supremo Tribunal Federal como também da Justiça italiana, que deve solicitar a extradição dele para que ele possa cumprir a pena lá na Itália, já que os crimes que ele cometeu foram naquele país.

Operazione Skipper, deflagrada pela polícia italiana:



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