O carregamento
estava no navio Unispirit, que já havia sido vistoriado no Porto de São Sebastião, quando mais 1,5 tonelada da droga
foi localizada.
Autoridades espanholas
anunciaram na última quinta-feira (22), a apreensão de 1,2
tonelada de cocaína em uma carga de milho proveniente do Brasil. O carregamento
estava no navio Unispirit, que já havia sido vistoriado em 2 de outubro no Porto
de São Sebastião, no litoral de São Paulo, quando mais 1,5
tonelada da droga foi localizada pela Polícia Federal e pela Receita Federal
[e pela Guarda Portuária].
A nova apreensão ocorreu após alerta das autoridades
brasileiras à Espanha de que mais entorpecentes poderiam estar escondidos no
navio. O cargueiro, de bandeira de Antígua e Barbuda e tripulação russa, foi
interceptado a 50 milhas náuticas (92 km) da Gran Canária e foi escoltado por
barcos da aduana e da polícia local até o Porto de Las Palmas.
Foram necessários cinco dias para as buscas, encerradas no
dia 21. Apesar do flagrante, ninguém foi preso, assim como no
Brasil, mas uma investigação com colaboração internacional foi aberta para
tentar identificar os responsáveis pelo carregamento ilícito. O navio foi liberado
para seguir viagem até Porto de Cádiz, também na Espanha,
onde faz nova escala.
"Nós demos o alerta aos espanhóis, pois era
necessária a rechecagem da carga no destino. O navio estava transportando
aproximadamente 4 mil bags [grandes sacas] com uma tonelada de milho
cada", explicou o delegado-chefe da Polícia Federal em São Sebastião,
Gilberto Antônio de Castro Júnior, que coordena
as investigações sobre o caso no Brasil.
LEIA TAMBÉM: OPERAÇÃO ENVOLVENDO PF, RFB E GPORT APREENDE MAIS DE UMA TONELADA DE COCAÍNA NO PORTO DE SÃO SEBASTIÃO
Operação em São Sebastião
Segundo o delegado, o milho é oriundo de produtores do
Mato Grosso, mas não há indícios de que eles tenham relação com
o crime. A suspeita inicial é de que criminosos tenham se
aproveitado de um carregamento lícito e escondido as centenas de tabletes de
cocaína para justamente tentar despistar a fiscalização aduaneira e policial no
porto.
"Trata-se de uma investigação que envolve outros países
e, que por enquanto, não podemos falar sobre detalhes, nem eventuais suspeitos.
Além disso, foi a primeira apreensão deste porte em São Sebastião", disse
Castro Júnior. Segundo ele, a colaboração entre outras agências foi decisiva
para que a apuração sobre o caso iniciasse e chegasse
a outros locais.
Um trabalho de análise de risco motivou equipes do Fisco e
da PF a inspecionar o navio no início de outubro, durante escala no litoral
norte de São Paulo para o carregamento das bags com o grão. Quatro agentes
trabalharam para tentar localizar, apenas com o auxílio de varetas, indícios de
que os tabletes de cocaína estivessem escondidos no milho.
Centenas de tijolos estavam ocultos em algumas sacas, cuja
responsabilidade pela exportação é de uma empresa brasileira, cujo nome não foi
divulgado. A droga removida do
navio, apreendida foi encaminhada no dia seguinte, sob
escolta, para a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo, por questões
de segurança.
Local incomum
Por se tratar de algo inédito para o porto paulista, a
polícia e a alfândega começam a considerar o cais
[porto] de São Sebastião como
uma nova rota para o tráfico internacional de drogas. Com menos estrutura de
fiscalização que os grandes complexos, a suspeita é que os narcotraficantes
estejam começando a usar o local para enviar as remessas
à Europa.
A 150 km, em Santos, também em São Paulo, está o principal
porto do país, e as autoridades contabilizam a apreensão de mais de 14 toneladas
de cocaína, com destino à Europa, em diversas operações realizadas com apoio de
imagens de escâneres e cães farejadores. Em 2019, mais de 27 toneladas da droga
foram interceptadas no cais.
Fonte: BOL
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