A
importadora do entorpecente era a ’Ndrangheta – máfia com base na Calábria, no
sul da Itália.
O boliviano Pedro
Montenegro Paz, o Gordito, foi condenado a 11 anos e oito meses de reclusão, em
regime inicial fechado, por tráfico e associação para o tráfico internacional
de drogas. A sentença é da juíza Lisa Taumbemblatt, da 6ª Vara Criminal de
Santos, que fixou regime inicial fechado e proibiu a possibilidade de o réu
recorrer em liberdade.
A ação penal
contra Gordito, considerado uma espécie de Pablo Escobar boliviano, teve como origem
a apreensão de 61,6 KG de cocaína que eram transportados por um homem em Praia
Grande, no dia 2 de agosto de 2013. Escondida no para-choque de um automóvel
Ford Mondeo, a droga seria enviada de navio para a Europa pelo Porto de Santos.
Policiais
federais já investigavam uma organização ligada ao tráfico internacional e
descobriram o transporte da cocaína no compartimento secreto do carro. A
negociação do entorpecente teve início em maio de 2013 e envolveu algumas
pessoas. Porém, ela só se concretizou com a chegada de Gordito ao Brasil.
O boliviano
desembarcou no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, em 29 de
julho de 2013. Ele se hospedou em um hotel desta cidade e, no dia seguinte, se
dirigiu a Guarujá junto com um membro do bando.
A PF apurou que Gordito
entregou neste município da Baixada Santista a cocaína apreendida em Praia
Grande.
Preventiva
Com a apuração da
participação de Gordito no esquema, a Justiça Federal decretou a sua prisão
preventiva. Porém, a sua captura só aconteceu no dia 2 de dezembro do ano
passado, em Corumbá, município do Mato Grosso do Sul que faz divisa com a
Bolívia.
A fronteira entre
os países é seca e no lado estrangeiro fica o município de Puerto Suárez.
Gordito portava documento falso no momento da prisão. A sua captura causou
apreensão na Bolívia devido às suas ligações com pessoas ligadas à política e à
alta cúpula policial daquele país. Esses vínculos resultaram, inclusive, nas
prisões do chefe e de outros membros de um grupo policial especializado da
cidade boliviana de Santa Cruz.
Devido ao seu
papel de destaque na organização criminosa, Gordito foi incluído no Sistema
Penitenciário Federal. Em suas alegações finais, o Ministério Público Federal
(MPF) requereu a condenação do estrangeiro por tráfico e associação para o
tráfico de drogas agravados pela transnacionalidade dos delitos.
A defesa de
Gordito pleiteou a nulidade das interceptações telefônicas que revelaram a sua
participação no esquema. Na hipótese de o pedido ser negado, requereu a
absolvição por ausência de prova. Porém, a juíza federal Lisa Taumbemblatt
reconheceu a existências de “provas seguras” para condenar o réu.
Organização italiana agia no Brasil para obter
droga
A titular da 6ª
Vara Federal de Santos observou na sentença que a Polícia Federal desencadeou
uma série de ações após a polícia italiana informá-la sobre as atividades de
uma organização criminosa estabelecida em São Paulo.
O grupo adquiria
cocaína de países produtores, como Bolívia e Peru traziam para o Brasil e a
despachavam à Europa. A importadora do entorpecente, ainda conforme os
relatórios das autoridades estrangeiras, era a ’Ndrangheta – máfia com base na
Calábria, no sul da Itália, mas que estendeu os seus tentáculos por todo o
mundo.
No Brasil, a PF
batizou as investigações de Operação Monte Pollino. Sobre as investigações da
PF, além de considerá-las legais, Lisa observou que elas foram eficazes para
identificar diversos envolvidos e desbaratar cerca de 25 eventos criminosos
relacionados a delitos como tráfico de drogas, associação para o tráfico,
financiamento/custeio dessas operações e evasão de divisas.
Consta da
sentença que Gordito manteve vários diálogos com comparsas. As conversas demonstram
“intimidade e camaradagem” entre os envolvidos. Ainda revelam “tempo prolongado
de relacionamento entre eles nas sendas da negociação e importação/exportação
de drogas”.
Fonte: Jornal A Tribuna
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