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terça-feira, 8 de setembro de 2020

POLÍCIA FEDERAL DESARTICULA QUARILHA DE TRAFICO INTERNACIONAL DE DROGAS

 


Porto de Natal é apontado pela PF como um dos principais pontos de embarque de drogas para a Europa.

No dia 18 de agosto, com a participação de aproximadamente 630 agentes e equipes do Comando de Operações Táticas, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Além-Mar, que investiga esquema de Tráfico Internacional de Drogas e Lavagem de Dinheiro.

Foram cumpridos 139 mandados de busca e apreensão e 50 mandados de prisão (20 prisões preventivas e 30 prisões temporárias), expedidos pela 4ª Vara Federal – Seção Judiciária de Pernambuco. Os mandados foram dirigidos a endereços e pessoas localizados em 12 estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo) e no Distrito Federal.

Foi determinado, ainda, pela Justiça Federal o sequestro de aviões (7), helicópteros (5), caminhões (42) e imóveis (35) urbanos e rurais (fazendas) ligados aos investigados e ao esquema criminoso, além do bloqueio judicial do valor de R$100 milhões.

As investigações apontaram que a droga saía do Paraguai, entrava no Brasil transportada por helicópteros, e enviada através de portos brasileiros à países europeus, como Holanda e Bélgica.

Atuação de Quatro Organizações Criminosas - ORCRIM

Quatro organizações criminosas autônomas, atuando em conexão, viabilizavam o esquema de tráfico internacional de drogas investigado na atual operação, por meio do qual, toneladas de cocaína foram exportadas para a Europa via portos brasileiros, especialmente no Porto de Natal/RN.

ORCRIM 1 – São Paulo-SP


A primeira célula do grupo, estabelecida na capital paulista, operava a entrada da cocaína pela fronteira com o Paraguai, transportando-a via aérea até o estado de São Paulo e distribuindo-a no atacado para organizações criminosas estabelecidas no Brasil e na Europa.

ORCRIM 2 – Campinas-SP


A segunda, estabelecida em Campinas/SP, parceira da anterior, recebia a cocaína internalizada no território nacional para distribuição interna e exportação para Cabo Verde e Europa.

ORCRIM 3 – Recife-PE


A terceira, estabelecida em Recife/PE, é integrada por empresários do setor de transporte de cargas, funcionários e motoristas de caminhão cooptados, atuava na logística de transporte rodoviário da droga e o armazenamento da droga até o momento de sua ocultação nos containers.

ORCRIM 4 – São Paulo-SP


A quarta parte da organização criminosa, estabelecida na região do Braz, em São Paulo/SP, cuidava das finanças, atuando como um banco paralelo, disponibilizando sua rede de contas bancárias (titularizadas por empresas fantasma, de fachada ou em nome de “laranjas”) para movimentação de recursos de terceiros, de origem ilícita, mediante controle de crédito/débito, cujas restituições se dão em espécie e a partir de TEDs, disponibilizando essas contas mediante remuneração.

Os dólares obtidos com a venda no exterior eram repatriados de forma paralela, sem conhecimento das autoridades, e os valores em espécie eram repassados aos traficantes no Brasil. Não havia um endereço específico, mas, de acordo com a PF, o esquema de movimentação financeira ocorria em ruas como a Oriente e a 25 de março, no Brás.

"Essa organização também oferecia um serviço que chamamos de 'dólar cabo', quando o pagamento pela droga é feito na Europa e a organização entrega o dinheiro no Brasil, sem uma operação de câmbio", disse a delegada.

Investigação

Prisões em flagrante e apreensões de drogas ao longo das investigações caracterizaram um modus operandi dividido em três fases: INTERNAÇÃO da cocaína pela fronteira com o Paraguai e armazenamento no interior de São Paulo; TRANSPORTE INTERNO da droga para as regiões de embarque marítimo e armazenamento em galpões; TRANSPORTE INTERNACIONAL mediante embarque da droga em navios de carga (contaminação de containers) ou veleiros.

Durante a fase sigilosa das investigações foram presas 12 pessoas e apreendidas mais de 11 toneladas de cocaína, no Brasil e na Europa, relacionados ao esquema criminoso. Dentre esses presos estava um grande traficante, que permaneceu foragido da justiça brasileira por 10 anos e era procurado pela Polícia Federal e pela National Crime Agency – NCA, do Reino Unido. Ele foi preso em Jundiaí/SP em março/2019.


As investigações foram iniciadas no ano de 2018, com a apreensão de cocaína em veleiros no litoral pernambucano, nas proximidades de Fernando de Noronha através de informações difundidas à Polícia Federal pela National Crime Agency – NCA, como resultado de parceria estabelecida para reprimir o tráfico de cocaína destinada à Europa.

Utilização de helicópteros

Segundo a Delegada da Polícia Federal Adriana Vasconcelos, diferentemente de outras quadrilhas, que utilizam aviões privados e se submetem a toda a fiscalização do espaço aéreo brasileiro, essa organização usava helicópteros, que são menos suscetíveis a esse sistema de fiscalização, mas tem menos autonomia do que os aviões.


Como esse tipo de aeronave tem baixa autonomia de voo, o município de Teodoro Sampaio-SP era utilizado como base para o abastecimento. Conforme as investigações, o entorpecente saía e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, e tinha como ponto de entrada no país a cidade de Ponta Porã, passava por Dourados, e cruzava o Estado até entrar no interior paulista.

Nessa cidade do interior paulista, a cocaína era colocada em compartimentos preparados antecipadamente para que fosse ocultada. Em seguida, o transporte ocorria por meio de caminhões para a região de embarque marítimo. “Via de regra, na região Nordeste, mas também houve transporte para a região Norte”, disse a delegada.


A droga era levada, segundo a PF, escondida junto à mercadoria que estava dentro dos contêineres. "Há também outro modus operandi, que é a colocação e retirada rápida da droga, que fica localizada na porta do contêiner. Nessa segunda técnica, muitas vezes o contêiner é retirado ainda no mar", afirmou a delegada.

Integrantes presos

De acordo com a Delegada Adriana Vasconcelos, antes de a operação ser deflagrada, já haviam sido feitas prisões e apreensões de drogas em municípios dos estados Alagoas, São Paulo, Rio Grande do Norte, Minas Gerais e no porto de Rotterdam, na Holanda.

O homem apontado pela delegada como responsável pela primeira organização criminosa, Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, conhecido como "Minotauro", foi preso pela PF em 2019. "Os comparsas dele continuaram na atuação. A informação que temos é que a organização internava 5 toneladas de cocaína por mês", disse.

Na segunda organização criminosa, a PF apontou Romilton Queiroz Hosi como o responsável. "Ele era foragido, procurado há dez anos pela Polícia Federal e pela polícia do Reino Unido. No curso das investigações, conseguimos prendê-lo em 2019", afirmou Adriana.

Na terceira organização, segundo a delegada, não havia uma única pessoa à frente do setor de transportes. "Havia uma rotatividade grande de empresários", disse. Entre os presos estão empresários e um piloto.

"Ele [o piloto] é uma pessoa que teve um incremento patrimonial absurdo ao longo de três anos. Uma pessoa que, há três anos, tinha um veículo usado e agora tem seis, sete aeronaves, entre helicópteros e aviões. Na mesma forma, no Pará, foi alvo um outro piloto do tráfico, que começou do zero e apresentou aquela evolução patrimonial não justificada", explicou Adriana.

Ceará 


A operação identificou que o PCC lavava dinheiro do tráfico em uma rede de postos de combustível no Ceará, com aproximadamente 80 unidades. Por trás do esquema estaria um relevante prefeito cearense.


A rede de postos seria gerida por parente do gestor. O prefeito mesmo trabalharia nos bastidores fazendo o jogo sujo com os chefões da facção. 

Mato Grosso do Sul

No município de Três Lagoas (MS) um veterinário foi conduzido para a delegacia. Segundo informações da Polícia Federal, houve o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na residência do homem, localizada no bairro Vila Nova.

Apreensões           

Segundo informações da PF, entre os bens que tiveram o sequestro determinado pela Justiça Federal estão 7 aviões (incluindo 1 em Brasília, 1 em SP e 2 no PA), 5 helicópteros (3 deles em PE), 42 caminhões e 35 imóveis urbanos e rurais ligados aos investigados. Além disso, também foi determinado o bloqueio judicial de R$ 100 milhões.

Veja abaixo alguns bens apreendidos:









Pernambuco

Em Pernambuco, vários carros de luxo foram apreendidos, entre eles um porche avaliado em mais de R$ 320 mil, e uma carreta.


São Paulo

A investigação é realizada pela PF de Pernambuco, mas é no território paulista a maioria dos alvos. Equipes do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná deram apoio a essa operação.

No interior de São Paulo, um avião foi apreendido em Campinas. Em Bauru um homem foi preso na Vila Pacífico, região da Vila Falcão. Em Marília, uma oficina de aeronaves, instalada no aeroporto de Marília, na zona Leste, foi alvo de mandado de busca da PF, com a apreensão de documentos e dados de serviço.

Mato Grosso do Sul

Um avião foi apreendido em Campo Grande (MS).

Rio Grande do Norte

No Rio Grande do Norte foram cumpridos 5 mandados de busca e apreensão nas cidades de Brejinho, São José de Mipibu, Parnamirim e Natal e um mandado de prisão na capital potiguar.


Um empresário foi preso no Rio Grande do Norte, em propriedades do suspeito, que atua no ramo de combustíveis, cavalos e carros de luxo também foram apreendidos. Os cavalos e os carros estavam em fazendas em Brejinho e São José de Mipibu. Em uma casa, em Parnamirim, os agentes ainda apreenderam um Porsche.

                             

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