Ele
ganhou notoriedade ao ser preso, em 2013, transportando 445 kg de cocaína no helicóptero
que pertencia ao senador Zezé Perrella.
A
Operação Além Mar, da Polícia Federal de Pernambuco, que desbaratou um esquema
criminoso de tráfico internacional que internava cerca de cinco toneladas de
cocaína por mês para o Brasil destinadas à exportação para a África e a Europa
tem entre seus alvos uma subcelebridade que ficou famosa por envolvimento no
rumoroso caso do “Helicoca”.
Trata-se
do piloto de helicópteros Alexandre José de Oliveira Junior, vulgo Júnior, que
teve sua prisão preventiva decretada na Operação Além Mar e que ganhou
notoriedade ao ser preso, em 2013, juntamente com outro piloto, Rogério Almeida
Antunes, transportando 445 kg de cocaína no helicóptero de prefixo PR-GZP, que
pertencia ao senador Zezé Perrella e ao ex-deputado estadual de Minas Gerais,
Gustavo Perrella, filho de Zezé, ligados ao ex-senador e hoje deputado federal
Aécio Neves.
O
fato foi inclusive destacado na Representação da Polícia Federal, pela qual foi
requerida autorização judicial para a deflagração da Operação: “O evento foi
objeto de grande repercussão na mídia. Conforme consta do relatório conclusivo
elaborado em face do IPL 666/2013-SR/DPF/ES, cuja cópia dos autos, a droga fora
embarcada em Pedro Juan Caballero/Paraguai, e abordagem da aeronave se deu
durante a noite, quando do desembarque da cocaína no Município de Afonso
Cláudio/ES e acondicionamento em um automóvel. Depreende-se do referido
apuratório que ALEXANDRE JUNIOR teria cooptado para auxiliá-lo no transporte da
cocaína o piloto ROGÉRIO ALMEIDA ANTUNES, a quem coube providenciar a aeronave,
uma vez que o primeiro não dispunha de helicóptero com capacidade para realizar
o transporte da droga.”
Alexandre
Junior foi condenado nos autos do processo 0012299-92.2013.4.02.5001, que
tramitou na 1ª Vara Federal Criminal – Seção Judiciária do Espírito Santo, a
pena privativa de liberdade de dez (10) anos e quatro (4) meses de reclusão e
pagamento do valor equivalente a 1.032 (mil e trinta e dois) dias-multa, por
causa do episódio do “Helicoca”, mas a condenação ainda está pendente de
apelação, destaca a autoridade policial e enquanto gozava de liberdade
procisória ”na época em que a sentença foi exarada, dezembro de 2017, ALEXANDRO
JUNIOR atuava ativamente cooptando pilotos para transportar cocaína a serviço
de SÉRGIO QUINTILIANO e CAIO BERNASCONI (WILHIAN)”, considerados os líderes da
organização criminosa desbaratada pela Operação Além Mar e que eram os
responsáveis pelo envio das cinco toneladas mensais de cocaína do Paraguai para
o Brasil, justamente por meio da utilização de helicópteros.
A
droga, segundo a PF, depois que chegava de helicóptero a São Paulo, era
transportada em caminhões de empresários pernambucanos para Portos Nordestinos
onde eram embarcados por empresas de exportação, também pernambucanas, para a
Europa e para a África, dentro de cargas de frutas oriundas de Petrolina, em
Pernambuco e de Quixeré, no interior do Ceará.
O
envolvimento do piloto do “Helicoca” com a ORCRIM foi revelada pelo depoimento
prestado por Felipe Ramos Morais, em delação premiada: “com a compra do
helicóptero PP-MAU, em novembro de 2017, por CAIO BERNASCONI e seu comparsa
SERGIO QUINTILIANO NETO, ALEXANDRE JUNIOR passou a trabalhar para ambos,
cooptando pilotos para as empreitadas de tráfico de drogas. Ainda nos termos do
supracitado depoimento, após as duas viagens em que FELIPE RAMOS transportou
cerca de 1 tonelada de pasta base de cocaína para a ORCRIM, recebendo o valor
de R$600,00 (seiscentos reais) por cada quilograma de droga transportada, ‘não
voltou a voar no PPMAU, mas JUNIOR havia perguntado ao declarante se poderia
utilizar o código ANAC dele para levar seu patrão de Congonhas a Florianópolis,
o que o declarante autorizou; QUE após a virada do ano, JUNIOR entrou em
contato dizendo que teria mais serviço mas o declarante; QUE o declarante
recusou pois não tinha condições de pilotar; QUE JUNIOR então disse que
passaria o serviço para outro piloto pois seu patrão tinha urgência’”
Diz
a PF: “ALEXANDRE JUNIOR foi responsável pelo transporte aéreo da cocaína
apreendida em poder de RONELSON CANDIDO quando de sua prisão em flagrante
delito em abril de 2018, valendo-se do helicóptero de prefixo PP-MAU. Nesse
sentido, como já citado, a Informação de Polícia Judiciária 75/2018-GISE/SP,
juntada aos autos, que relata as diligências veladas que levaram à prisão em
flagrante delito de RONELSON CANDIDO MARTINS e outros, confirma a identificação
do piloto ALEXANDRE JUNIOR quando da chegada do helicóptero PP-MAU no heliponto
Rei das Coxinhas (sic) para embarque de ANTONIO LO. Ressalte-se, a informação
foi elaborada em maio de 2018, muito antes das declarações prestadas por FELIPE
RAMOS MORAIS.”
Ainda
na representação, a alusão ao caso do “Helicoca”: “Ilustrativa, por fim,
reportagem pulicada em 26/04/2014 em face de entrevista dada pelo piloto
ALEXANDRE JUNIOR ao jornalista Joaquim de Carvalho. Após contextualizar a
trajetória do jovem empresário ALEXANDRE JOSÉ DE OLIVEIRA JUNIOR, relembrando
reportagem da RedeTV! em que JUNIOR era apresentado como proprietário de uma
das escolas de pilotos que mais crescia em São Paulo, a JR HELICOPTEROS ESCOLA
DE AVIACAO CIVIL LTDA, CNPJ 14310772000134, escola que “em dois anos...aumentou
sua frota de dois para cinco helicópteros”, arremata: “em quatro anos,
Alexandre foi de estagiário da Agência Nacional da Aviação Civil, a ANAC, a
empresário respeitado no Campo de Marte. Com diploma de bacharel em aviação
civil pela Universidade Anhembi-Morumbi, casou-se, aceitou o convite para fazer
parte de uma loja maçônica e comprou um apartamento. Tudo isso com apenas 26
anos de idade. No dia 24 de novembro, o sonho de Alexandre desmoronou. Ele foi
preso depois de transportar quase meia tonelada de pasta base de cocaína a
bordo do helicóptero que pertencia ao senador Zezé Perrella e seu filho, o
deputado Gustavo Perrella”.
Fonte: Blog da Noelia Brito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.