André do Rap é suspeito de administrar a exportação de
drogas do PCC (Imagem: Luís Adorno/UOL) |
Apontado
como um dos líderes do PCC, ele é suspeito de ser um dos homens responsáveis
pela negociação direta de cocaína com a máfia calabresa 'Ndrangheta na América
do Sul.
Procurado
pela Interpol e apontado como um dos chefes da facção criminosa Primeiro
Comando da Capital (PCC), André de Oliveira Macedo, conhecido como André do
Rap, foi preso na manhã do dia 15 de setembro de 2019, numa mansão localizada
no Condomínio Caieirinha, no bairro de Itanema, às margens da BR-101 (Rodovia
Rio-Santos), em Angra dos Reis, na Costa Verde do estado do Rio de Janeiro. Ele os demais detidos estavam dormindo quando a
polícia chegou à mansão, por volta das 6h30.
"Não
tinha armamento. Ele se dizia empresário para todo mundo. Tinha assim, vários
empregados, tinham três marinheiros, tinha muita bebida, muita comida, uma
fartura total, estava com várias mulheres lá. mas não havia festa nenhuma.
Chegamos lá e eles tinham acabado de acordar", disse o delegado Fábio
Pinheiro, da Divisão Antissequestro do Departamento de Operações Policiais
Estratégicas (Dope), que coordenou a operação.
Na
residência, foram apreendidos um helicóptero preto e amarelo prefixo PR - ICE
avaliado em cerca de R$ 7 milhões, três jet-ski e uma lancha Azimut de 60 pés,
avaliada em R$ 6 milhões, que estava ancorada na área da mansão.
A
casa em que ele estava era alugada por 20 mil reais mensais. O contrato foi
realizado um ano e meio antes e ainda teria seis meses. Ele Também tinha uma
mansão naquela cidade, avaliada na época em 22 milhões. Outro helicóptero cinza com o prefixo PR-PIT e um veículo modelo Tucson foram localizados em São Paulo.
A
operação contou com equipes da Divisão Antissequestro do Departamento de
Operações Policiais Estratégicas (Dope); do Grupo Armado de Repressão a Roubos
e Assaltos (Garra) e do Grupamento de Operações Penitenciárias Especiais e da
Divisão Antissequestro (Gope).
Outros suspeitos detidos
Segundo
os agentes do Serviço de Inteligência (P2), do 33º Batalhão da PM de Angra dos
Reis, que participaram da operação, além de André foram presos Luciano
Hermenegildo Pereira, de 33 anos, morador no Guarujá (SP), Jefferson Moreira da
Silva, de 40, também morador no Guarujá. Ambos tinham mandados de prisão
expedidos pela Justiça de São Paulo, por tráfico de drogas.
Ainda
de acordo com a PM, também foram detidos mais um homem morador em Mariporã (SP),
e cinco mulheres moradoras do Guarujá, Santos e Angra dos Reis. Todos foram
levados para a capital paulista.
Tráfico Internacional
André
do Rap era procurado por tráfico internacional desde 2013, já ficou sete anos e
meio preso e tem uma pena de 14 anos por tráfico internacional em aberto. Segundo
a Polícia Federal, ele faz parte de uma quadrilha que usava contêineres para
transportar cocaína pura para a Europa.
Os
entorpecentes saíam de Santos, eram recebidos no Porto de Gioia Tauro, na
Calábria, na Itália, na Itália, e distribuídos para todo o continente europeu, África
e Cuba. Ainda de acordo com a PF, a droga era colocada em mochilas e sacolas,
que eram inseridas nos contêineres por funcionários particulares, sem o
conhecimento dos donos das cargas ou dos navios. Além do porto de Santos, ele comandava
o tráfico de cocaína no estado do Pará.
A
droga seguia junto com um lacre clonado. No local de destino, membros da
organização criminosa rompiam os lacres, recuperavam a cocaína e colocavam os
lacres clonados, para não gerar suspeitas.
Para
o diretor do Departamento de Operações Policiais, Oswaldo Nico Gonçalves, André
era um dos líderes do PCC, facção que age dentro e fora dos presídios. Ele
substituiu Wagner Ferreira, o “Cabelo Duro” assassinado na porta de um hotel no
bairro do Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, logo depois das mortes de Gegê
do Mangue e do Paca, no Ceará.
Para
Nico, a prisão de André do Rap atingiu o setor financeiro da facção. "É
quebrar as duas pernas, digamos assim. É um impacto financeiro muito grande,
ele é o chefe do tráfico internacional. Nós conseguimos quebrar as pernas.
Quebrar as pernas financeiramente", afirmou.
Sucessão no tráfico
Antes
dele, quem administrava o comércio era Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do
Mangue, então número um do PCC em liberdade. Ele foi assassinado junto a seu
parceiro Fabiano Alves de Souza, o Paca, porque, segundo investigações, ambos
estavam roubando dinheiro da própria facção.
André
do Rap era aliado de Wagner Ferreira da Silva, o Cabelo Duro, que foi
assassinado a tiros de fuzil, como queima de arquivo, porque esteve envolvido
nos homicídios de Gegê do Mangue e Paca. Atualmente, André do Rap era apontado
como o homem de confiança de Gilberto Aparecido dos Santos - que é o braço
direito de Marcola, líder do PCC.
Havia
a suspeita, até então, de que André do Rap estivesse vivendo no Paraguai ou na
Bolívia, assim como Fuminho, ou que tivesse sido assassinado por seu passado de
parceria com Gegê do Mangue e Cabelo Duro. Suspeitava-se também que seu corpo
poderia ter sido jogado ao mar, como queima de arquivo.
A investigação
André
do Rap teve a prisão temporária decretada em abril de 2014 junto com outros dez
suspeitos, após a deflagração das Operações Hulk e Overseas pela Polícia
Federal. Ele era apontado como líder do PCC na Baixada Santista, com ligação
com traficantes da zona noroeste de Santos e do Morro Nova Cintra.
Foragido
desde 2017, a Polícia Civil de São Paulo buscava o traficante internacional
havia três meses e recebeu a informação na noite do dia anterior, que havia uma
pessoa morando com nome falso em uma mansão em Angra que tinha vendido uma
lancha mais velha 30 dias antes por R$ 3,5 milhões e comprado uma lancha de R$
6 milhões.
A
unidade especializada prosseguiu com as investigações sobre o caso e apurou que
a embarcação estaria em uma marina na Praia do Saco da Capela. A embarcação foi apreendida e, em seu
interior, foram localizados um espelho de RG em branco e alguns documentos.
Segundo
o delegado Fábio Pinheiro, da Divisão Antissequestro do Departamento de
Operações Policiais Estratégicas (Dope), responsável pela operação, o
traficante disse a lancha não era dele, e sim de um empresário, no entanto,
essa pessoa só tem uma moto CG. Então, como um cara que tem uma moto CG tem uma
lancha de R$ 6 milhões? Ele não tem capacidade fiscal para ter essa lancha. A gente acredita que ele usava esses
laranjas para lavar o dinheiro dele, afirmou.
A
investigação da Divisão Antissequestro, do Dope (Departamento de Operações
Policiais Estratégicas), apurou que a embarcação está registrada no nome de uma
pessoa jurídica, a mesma proprietária do helicóptero utilizado pela quadrilha.
'Ndrangheta
De
acordo com o delegado Fábio Pinheiro André do Rap é um dos principais líderes
do PCC no tráfico internacional de drogas. "Não tem só uma quadrilha.
Dentro do PCC tem vários que mandam droga para fora", disse Pinheiro.
"Ele a gente acredita que seja responsável por um desses grupos."
As
investigações, à época, apontavam que traficantes tinham linha de fornecimento
de cocaína entre a Bolívia e São Paulo, e haviam feito uma aliança com o PCC da
Baixada Santista para conseguir uma rota para exportar a droga.
André
é suspeito de ser um dos homens responsáveis pela negociação direta de cocaína
com mafioso italiano Nicola Assisi e o seu filho Patrick Assisi, apontados como
correspondentes da máfia calabresa 'Ndrangheta na América do Sul.
Bens apreendidos
Investigações
apontaram que André era dono de um sítio investigado pelo Departamento Estadual
de Investigações Criminais (Deic) em Bertioga.
Posteriormente
a justiça autorizou o cumprimento de mandado de busca e apreensão em um
apartamento na Avenida Coronel Joaquim Montenegro, em Santos, no litoral de São
Paulo, registrado no nome de um dos comparsas do traficante. No local a Polícia Civil apreendeu um Porsche
Macan, avaliado na época em R$ 400.00,00 e uma pistola. André utilizara esse
imóvel e o carro em ocasiões que ele precisava pernoitar na cidade, conforme
apurado.
Em
Santos, em um casarão abandonado no centro da cidade, também foi localizada uma
empresa, cujo proprietário é apontado como laranja do esquema ilícito
comandando pelo narcotraficante. O suposto empresário também tinham o nome
atrelado à lancha de R$ 6 milhões encontrada em Angra dos Reis e que resultou
na localização do líder da facção criminosa.
Em
Guarujá, os policiais encontraram 44 embarcações uma revenda de barcos. A
empresa, atribuída pela polícia ao traficante, tem duas lojas no Guarujá e uma
em Ilhabela, ambas no litoral norte de São Paulo.
A
Polícia ainda investiga quem são os proprietários dos barcos encontrados. Os
funcionários das lojas afirmaram que as lanchas eram comercializadas em sistema
de consignação.
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