O
ministro disse que no Porto de Santos, alguns guardas portuários ganham 50 mil
reais por mês.
No
início do mês passado, em palestra para alunos e professores do Instituto
Militar de Engenharia (IME), o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de
Freitas, disse que o Porto de Santos dava prejuízo em virtude de corrupção,
falta de gestão e a interferência política destruíram os portos públicos no
país, citando como exemplo, os salários dos guardas portuários, dizendo que
alguns ganham 50 mil reais por mês.
Disse
ainda que o governo está revisando os
acordos de trabalho, porque adicional de férias é 30%, já em Santos é 50%;
adicional de hora noturna é 50%, já em Santos é 100% e o adicional de risco é
50%, e em Santos é 100%
O
Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (SINDAPORT), que representa
os guardas portuários do Porto de Santos, enviou um ofício ao ministro de Infraestrutura,
dizendo que discorda e repudia a sua fala ao citar ganhos e benefícios de
empregados da Codesp, em especial dos guardas portuários, categoria responsável
pela segurança da área pública do maior porto do país.
“Explicamos
que concordamos quando ele comenta sobre corrupção, falta de gestão e
interferência política negativa junto às Companhias Docas, em particular a
Codesp. E ressaltamos que o SINDAPORT tem inúmeras denúncias protocoladas no
Ministério Público e Ministério Público do Trabalho a respeito de
irregularidades na Companhia. Porém, o SINDAPORT não pode concordar com falas
mentirosas que citam ganhos dos empregados que não são reais”, disse o
presidente Everandy Cirino dos Santos,
Confira parte do texto
enviado ao ministro divulgado no Site do Sindicato:
Quando
o Excelentíssimo Senhor Ministro cita os adicionais salariais, sejam eles, de
férias, risco ou noturno, deveria ficar mais explícito para os ouvintes da
palestra, que todos ganhos, sem nenhuma exceção, são dentro da mais pura
legalidade, pois fazem parte de Acordos Coletivos de Trabalho a décadas, fruto
ainda, de decisões judiciais, quando do julgamento de Dissídios Coletivos de
Trabalho junto ao Tribunal Regional do Trabalho.
Na
afirmação do Excelentíssimo Senhor sobre adicional noturno não pago com
percentual de 50%, e sim, com 100%, cabe-nos corrigir que, o adicional noturno
pago aos empregados da CODESP é com o percentual de 50% e não com 25%, em razão
da Lei 4.860 que rege o trabalho Portuário.
Porém,
em nosso entendimento, o mais grave em toda parte do discurso que versa sobre
ganhos dos empregados da CODESP, está na afirmação que: “no Porto de Santos,
Guarda Portuário ganhando 50 mil reais por mês”.
Um
Guarda Portuário, admitido com salário-base de aproximadamente R$ 3.000,00, com
todos os adicionais possíveis, tem um ganho médio mensal abaixo de R$ 7.000,00,
ficando muito abaixo dos 50 mil reais mensais citados por Vossa Excelência.
Se,
houve equívoco na informação ou na interpretação dos fatos, a respeito de um
pequeno grupo de menos de 20 empregados dentre os 1.300 no total, que em razão
de erros nos pagamentos mensais de seus vencimentos por parte da Empresa,
entraram com ação trabalhista, que teve sentença favorável da justiça aos empregados,
e que, após acordo judicial, recebem os valores devidos dessa ação judicial em
parcelas mensais e sucessivas, não podem esses valores passados para a opinião
pública, como sendo salários, adicionais ou vencimentos mensais dos Guardas
Portuários do Porto de Santos.
Desculpas do Ministro
Segundo
o presidente do SINDAPORT, Everandy Cirino dos Santos, o ministro entrou em
contato com a entidade e de forma humilde e bastante educada, se desculpou,
reconhecendo o exagero em suas palavras. Disse, ainda, que sempre gosta de
fazer palestras, como também, entrevistas para a imprensa, sem ter um texto
decorado.
ANGPB
Em
Nota Oficial, Associação Nacional da Guarda Portuária do Brasil (ANGPB),
esclarece e informa que as Companhias Docas (Empresas Públicas que administram
os portos federais) passaram por diversas gestões políticas, tendo inclusive,
em alguns casos, trocado suas presidências 3 (três) vezes em intervalo inferior
a 1 (um) ano e, particularmente no Porto de Santos, um recente presidente foi preso
por corrupção. O descumprimento da legislação trabalhista foi mais uma das
consequências dessas más gestões, gerando por parte de alguns trabalhadores
portuários ações judiciais e que hoje, por decisão da justiça, recebem esses
valores citados.
Quando
o senhor Ministro cita o valor de 50 mil, como exemplo de alto salário do guarda
portuário, cabe-nos informar que tais salários são frutos de ações trabalhistas
ganhas (e, vale ressaltar, corretas) por parte do funcionário, e não representam
a normalidade salarial dos guardas portuários.
Diz
a Nota Oficial que os “salários altos” nas Companhias Docas do país, na verdade
são parcelas de ações trabalhistas causadas pelas más gestões nas
administrações, não podendo os empregados que ganharam tais ações (que são
minoria), serem culpados pelas mesmas. Importante dizer também que todas as
informações sobre os salários estão abertas para consulta pública nos
respectivos sites das Companhias Docas através da Lei de Acesso à Informação.
Guardas Portuários
Os
Guardas Portuários, integrantes operacionais do Sistema Único de Segurança
Pública – SUSP (Lei 13.675/2018), são subordinados às Autoridades Portuárias, e
são responsáveis pelo policiamento e segurança de toda a área do Porto
Organizado (porto público), e desempenham seu trabalho de forma exemplar, mesmo
com toda dificuldade com falta de efetivo e equipamentos, realizando apreensões
de drogas e criminosos do norte ao sul do país (comprovados com uma simples
pesquisa na internet).
A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Guarda Portuária e a Segurança Portuária em todo o seu contexto. A matéria veiculada apresenta cunho jornalístico e informativo, inexistindo qualquer crítica política ou juízo de valor.
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