De janeiro a novembro,
foram apreendidas 25 toneladas de drogas em 51 ações realizadas; principais
destinos seriam portos na Europa e na África.
Maior
complexo portuário da América Latina, o Porto de Santos é uma das principais
vias de escoamento de produtos do país, tanto de exportação quanto de
importação. Por ele passam, todos os dias, os mais diversos carregamentos,
inclusive de pessoas, o que lhe garante o posto de principal porto do Brasil.
Tal
movimentação, que representa mais de 25% da balança comercial do país, faz do
Porto de Santos também alvo importante para outra atividade: o tráfico.
Organizações criminosas utilizam o local para tentar enviar a outros
continentes os produtos que negociam, como drogas e artigos falsificados, ou
para receber mercadorias sem o pagamento dos impostos devidos.
Para
evitar que tais grupos tenham sucesso nessa atividade, a Polícia Federal e a
Receita Federal têm aumentado o rigor nas investigações, com a implementação de
novas tecnologias, treinamentos e processos, o que garantiu um novo recorde ao
porto: 2019 já é o ano com o maior número de apreensões de drogas na história.
De
janeiro a novembro, foram realizadas 51 operações e apreendidas mais de 25
toneladas de cocaína que seriam enviadas para cidades na Europa e na África,
ultrapassando o recorde anterior, atingido em 2018, quando pouco mais de 23
toneladas foram identificadas em 46 ações dos agentes.
Mais droga, mais
apreensões
Segundo
Richard Neubart, auditor fiscal da Receita Federal, há uma "combinação de
fatores" que levam a este aumento, registrado não apenas em Santos como em
outros portos brasileiros, mas a escolha do Brasil como 'rota' é uma das
principais explicações.
"O
aumento no trânsito é algo que independe da Receita. De nossa parte, podemos
dizer estamos mais preparados, com scanners, cães de faro, sistemas mais
modernos para ajudar a identificar essa droga e a especialização de servidores,
que estão dedicados a este trabalho", explica.
"Os
contrabandistas sempre procuram uma passagem mais fácil e trazer o contrabando
para dentro do Brasil, seja fronteira ou portos, identificando um local mais
frágil. O que podemos dizer, sem citar outros portos, é que o fortalecimento em
algum ponto que estava mais fraco faz com que essas tentativas migrem. Vejo
isso como o principal fato para ter aumentado aqui em Santos", aponta
Richard.
A
análise pode ser associada também a um aumento na produção de drogas, principalmente
cocaína, em outros países. Segundo reportagem recente do jornal “The Economist”,
a produção da cocaína na Colômbia bateu novo recorde histórico em 2018 e vem
crescendo ano após ano, com atingindo anualmente quase 1.500 toneladas, e
girando um mercado que movimenta 2,7 bilhões de dólares (cerca de R$ 11,2
bilhões).
Armas para o combate
Como
principal novidade, o fiscal revela que o uso dos scanners tem auxiliado muito
no combate ao tráfico, seja de drogas ou de outros produtos, e na identificação
de possíveis fraudes , que ocorrem quando as cargas são declaradas de forma
diferente do conteúdo que os contêineres contém.
"Dá
uma precisão maior para localizar algo que esteja declarado incorretamente. A
gente consegue ver o que está dentro sem precisar abrir. A abertura é sempre
muito custosa: você tem que posicionar, tem que ter equipe com empilhadeira e
existe um limite de contêineres que você consegue abrir por dia. Com o scanner,
100% é escaneado", revela.
Por
fim, ele cita o desenvolvimento de um algoritmo para a análise das imagens
geradas pelo scanner, que identifica automaticamente possíveis alterações que
necessitem da verificação humana, o que dá maior "precisão" ao
processo e garante que o número de apreensões seja maior.
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colo
"A
Receita tem desenvolvido sistemas de análise inteligente dessas imagens. Mesmo
não tendo que abrir, apenas analisando as imagens, ainda assim são muitas
imagens. Hoje, no Porto de Santos, são geradas cerca de três mil imagens por
dia, tanto na importação quanto na exportação. Isso é algo que tem ajudado
muito na identificação de ilícitos, de coisas que não estão declaradas ou
cargas que estão falsamente declaradas", finaliza Richard.
Restando
ainda a análise completa dos números do mês de dezembro, que deve ser divulgada
apenas no início do 2020, a expectativa é de que os valores finais de operações
e cargas apreendidas ainda cresça, aumentando mais o recorde do ano de 2019 na
história do Porto de Santos .
Fonte:
iG
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