Na operação foram cumpridos 46 mandados
judiciais e apreendidas 15 aeronaves.
A
Polícia Federal deflagrou na quarta-feira da semana passada (04), a operação “Voo
Baixo”, para desarticular uma organização criminosa internacional especializada
no tráfico de drogas, em São Paulo. O grupo era comandado por um empresário,
que promovia a compra e distribuição de cocaína boliviana.
Foram
cumpridos 46 mandados judiciais , em 4 diferentes estados (SP, MS, BA e SC),
sendo 13 mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão. Os
mandados foram realizados nas cidades de Araçatuba/SP (4), Campinas/SP (2),
Dourado/SP (1), Guararapes/SP (1), Jaú/SP (1), Pereira Barreto/SP (3), Ribeirão
Preto/SP (1), São José do Rio Preto/SP (8), São Paulo/SP (1), Vargem Grande
Paulista/SP (1), Cassilândia/MS (2), Alcinópolis (1), Coxim/MS (3) e Três Lagoas/MS
(2), Presidente Getúlio/SC (1) e Eunápolis/BA (1). Além dos mandados judiciais,
foram realizadas apreensões de 15 aeronaves, bem como solicitado o sequestro de
imóveis, dentre eles, de 03 fazendas.
O
grupo criminoso era comandado por um suposto empresário do interior de São
Paulo, que articulava a compra e o transporte aéreo da droga de traficantes
bolivianos. Ele recebia a cocaína no Mato Grosso do Sul e a transportava por
meio de aviões ao Estado de São Paulo. Iniciada em maio de 2018, a ação da polícia
federal resultou em apreensões que totalizam, aproximadamente, 2.6 toneladas de
cocaína e na prisão de outras 11 pessoas.
De
acordo com as autoridades, o grupo criminoso era comandado pelo empresário
Rubens de Almeida Salles Neto, que atua no interior de São Paulo.
Investigação
A
Operação Voo Baixo teve início em 2018, quando a Força Aérea Brasileira (FAB) interceptou
uma aeronave do grupo, que tinha acabado de cruzar a fronteira entre Bolívia e
Mato Grosso do Sul, por não haver autorização para a entrada no país,
obedecendo a lei do abate.
O
aparelho, acompanhado por equipes da FAB, fez pouso forçado no Pantanal, a 150
quilômetros de Corumbá, sendo localizada no seu interior, meia tonelada de
cocaína.
A
partir da apreensão de documentos, a PF chegou ao nome de Rubens de Almeida
Salles Neto, por meio de manuscritos. Agora também é investigado se a
organização criminosa lavava dinheiro, já que a maioria das pessoas presas tinham
empresas de fachada, para justificarem ganhos do tráfico de drogas.
Controle da quadrilha
Segundo
a PF, o empresário assumiu o comando da organização criminosa após seu sogro, Carlos
Alberto Simões Junior, que até então chefiava o tráfico de drogas, ter sido encontrado
morto em uma fazenda de Coxim, na região Norte do Estado, em 2011. Ele havia
sido preso na “Operação Deserto”, destinada justamente a desarticular quadrilha
de envio de droga da Bolívia para a Europa. A esposa dele, a boliviana Cyntia Lijeron
Gomez, também já morreu. Foi executada em julho de 2011 em Rondonópolis, no
Mato Grosso.
O
delegado afirma que, até então, não foi descoberta ligação da organização com
políticos, mas que há conexão com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Rota do tráfico
Segundo
o delegado da PF Fabrízio Galli, responsável pela operação "Voo
Baixo", a quadrilha transportava 1,5 tonelada da droga por mês.
O
empresário mantinha contato com traficantes bolivianos. Os produtores de
cocaína do Peru e Colômbia enviavam toneladas de drogas para a Bolívia. Naquele
país, era feito o transporte via aéreo para o Mato Grosso do Sul.
No
estado brasileiro, a droga era armazenada em fazendas e posteriormente
transportada via terrestre para São José do Rio Preto, interior de São Paulo,
onde o líder da quadrilha morava e comercializava a droga, sendo que 85% ia
para o Porto de Santos, no litoral paulista, onde era encaminhada para os
países da Europa. Apenas 25% ficavam em solo brasileiro.
A
cocaína chegava ao Brasil com valorização de 300% sobre o valor real e, segundo
a PF, ao chegar à Europa pode ter valor 5.000% maior.
Segundo
a Polícia Federal, a quadrilha tinha relação com o PCC (Primeiro Comando da
Capital) que auxiliava no transporte da droga aqui no Brasil.
Detidos
O
empresário Rubens de Almeida Salles Neto foi detido em uma casa em condomínio
de luxo em Rio Preto. Junto com ele também foram detidos a esposa, Beatriz
Gatti Simões, e o irmão, Carlos Salles. Com eles, a polícia apreendeu dois
carros de luxo, um Chevrolet Camaro e uma Mercedes. Segundo a PF, duas armas
foram apreendidas na casa de Rubens e Beatriz.
Além
deles também fora detidos 6 pilotos de avião e funcionários que cuidavam da
parte logística e do armazenamento da droga em solo brasileiro.
Dentre
os presos também está um pecuarista da cidade de Araçatuba, identificado pelas
iniciais L.J.V., que de acordo com as informações apuradas, teria ligação direta
com o chefe da quadrilha, Rubens de Almeida Salles Neto.
O
pecuarista, apesar de ter o seu mandado de prisão expedido em Araçatuba, foi
detido em Paranaíba (MS), onde seria um dos administradores de um frigorífico
arrendado para ser usado pela quadrilha na lavagem de dinheiro. Ele é genro da
herdeira de uma das mulheres mais ricas da cidade, dona de um império no ramo
da pecuária.
O
araçatubense, de acordo com fontes ligadas à Polícia Federal, seria dono de uma
loja de conveniência em uma tradicional rua da cidade, além de figurar como
sócio em uma indústria de telhas ecológicas e um comércio de materiais de
construção, além de ter uma agropecuária na cidade de Três Lagoas (MS),
avaliada em R$ 3,38 milhões.
Aeronaves
No Aeroporto de São José de Rio Preto estavam sete aeronaves |
Nas
investigações, a Polícia Federal descobriu que 19 aviões participavam do
transporte entre Bolívia e Brasil. As aeronaves tinham toda a documentação
exigida pela Força Aérea Brasileira (FAB), porém não seguiam o plano de voo e
pousavam em pistas clandestinas que ficavam nas fazendas que armazenavam as
drogas.
Os
policiais federais cumpriram mandados no aeroporto de Rio Preto, onde estavam
sete aeronaves.
Embora
tenham sido apreendidas 11 aeronaves, o número pode ser ainda maior, de acordo
com o delegado Fabrízio Galli, outras duas já estão vinculados à operação, mas
um levantamento da PF mostra que o total pode chegar a 19.
Operação Voo Baixo
Esse é um dos aviões que foram apreendidos |
O
nome da operação faz alusão ao modo como os aviões de pequeno porte voam para
não serem identificados ou constarem nos radares da FAB.
Segundo
o delegado, eram 33 mandados de busca e apreensão e 14 de prisão, no entanto
três pessoas ainda estão foragidas. Há, ainda de acordo com o delegado da PF,
mais 11 pessoas presas, durante o curso das investigações, totalizando 22
prisões. Também houve apreensão de 15 aeronaves e o sequestro de três fazendas,
além de documentos e celulares que vão ajudar a esclarecer a atuação do grupo.
Os
investigados serão indiciados pela prática de crimes de tráfico de drogas
(artigo 33, parágrafo 1º, inciso I, da Lei 11.343/06) e associação para o
tráfico de drogas (artigo 35 da mesma lei), com penas de 05 a 15 anos e multa e
03 a 10 anos e multa, respectivamente.
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