Eles
tomaram controle do sistema de gerenciamento de cargas e veículos na
segunda-feira.
Desde
segunda-feira (28) o Porto do Mucuripe, em Fortaleza, está fazendo todas as
suas atividades manualmente porque o sistema de computador que controla as
operações foi "sequestrado" por hackers. É uma invasão oficial a um
sistema do Governo Federal, já que o porto é administrado por uma estatal, a
Companhia Docas do Ceará. A administração espera que as atividades sejam
normalizadas a partir de hoje, mas não há garantia.
A
invasão foi detectada às 6 da manhã da última segunda-feira (28), quando os
sistemas começaram a apresentar instabilidade. As equipes técnicas foram
chamadas para criptografar as informações disponíveis e interromper a conexão
das máquinas com as operações reais, que passaram para o sistema manual. Os
computadores controlam toda a movimentação de cargas dentro do Porto de
Mucuripe, além da entrada e saída de caminhões.
Site da Companhia Docas do Ceará (CDC) |
A
parte comercial da administração não foi afetada porque se trata de uma empresa
pública. Todos os contratos, movimentações financeiras, de funcionários e
compras são públicos e transparentes. Nada se perdeu nem pode ser modificado,
até porque a maioria das ações é publicada em Diário Oficial.
Os
órgãos de segurança, a Receita Federal e a Polícia Federal no Ceará foram
alertados imediatamente e iniciaram as investigações na própria segunda-feira.
A Polícia Federal em Brasília também foi chamada para ajudar nas investigações.
Os
hackers pediram um "resgate" pelo sistema que controla o Porto de
Mucuripe, mas a administração não quis revelar qual o valor. O mesmo já ocorreu
em abril deste ano com a Câmara de Vereadores de Palmas, capital do Tocantins.
Mas os vereadores tinham pouquíssima informação no sistema sequestrado e
decidiram não pagar pelo resgate - apenas o funcionamento do plenário foi
afetado por uns dias. No caso do porto, trata-se de mais informações e de um
sistema mais sofisticado.
As
Companhias de Docas são 6 empresas públicas diretamente ligadas ao Governo
Federal e administram 19 dos 37 portos públicos do Brasil. A Companhia de Docas
do Ceará é responsável por apenas um deles, o Porto de Mucuripe, em Fortaleza.
Os
ataques hackers têm sido cada vez mais ousados no mundo e se aproveitam da
possibilidade de anonimato no recebimento via bitcoins para driblar as
dificuldades que eram oferecidas por um sistema bancário cada vez mais conectado
e controlado por governos e órgãos de segurança.
Garantir
uma blindagem do sistema contra ataques hackers é um desafio para governos de
todo o mundo, que têm obrigado seus cidadãos a compartilhar cada vez mais dados
pessoais. O Brasil recentemente promulgou um decreto que amplia o tipo de dados
compartilhados sem estabelecer quem se responsabiliza por eventuais vazamentos.
Felizmente, o Congresso aprovou a Lei Geral de Proteção de Dados, que dá
garantias aos cidadãos e entra em vigor no mês de janeiro.
Fonte:
Gazeta do Povo
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