Tecnologia
inédita já é utilizada em terminais do Porto de Santos
A
notícia sobre apreensões de drogas em contêineres no Porto de Santos se tornou
comum nos últimos anos. Em 2018, foi registrada a apreensão de 23.119 toneladas
de cocaína, um recorde negativo. Para combater essas ocorrências, com drogas,
armas ou roubo de cargas, teve início um projeto inédito no País com lacres
eletrônicos, que dificultam ações criminosas. Qualquer ação contra o
equipamento gera um alerta à central de monitoramento.
Desde
abril, quatro terminais de Recinto Especial para Despacho Aduaneiro de
Exportação (Redex) começaram a testar a tecnologia. E a experiência relatada é
positiva. O item é importado e uma nova remessa já chegou à Receita Federal
para ampliação das ações.
“Eles
contêm chips. Quando o contêiner deixa o Redex é feita a leitura do lacre e o
mesmo ocorre quando a carga chega no operador portuário. Se nesse intervalo o
lacre tiver sido violado, o problema ser identificado”, diz Walmir Alonso
Pedro, gerente operacional da Dínamo, que tem usado o sistema.
No
começo de 2017, a Associação Brasileira dos Terminais Retroportuários e das
Empresas Transportadoras de Contêineres (ABTTC), que representa os Redex, focou
na discussão de procedimentos de segurança na movimentação de cargas. Em
setembro daquele ano, após encontros na Alfândega de Santos, a entidade assinou
um termo de compromisso com a Iport Solutions, responsável pela tecnologia.
“É
um novo paradigma. Buscamos uma solução que atendesse essa demanda de controle
que os terminais retroportuários devem oferecer. Na prática, ao adotarmos esse
novo lacre, temos um novo serviço, um valor que agregamos para nossos
clientes”, destacou o presidente da ABTTC, João Ataliba Botelho Neto.
“Identificamos
nesse lacre com chips uma solução que responde às necessidade de nossos
clientes. E todos os dados são armazenados com segurança”, disse o diretor
comercial da Iport Solutions, Vander Serra de Abreu.
Apesar
de o lacre eletrônico ainda não ser obrigatório, o operador econômico autorizado
da Alfândega de Santos, André Trajano, ressalta os pontos positivos do
equipamento. “Essa tecnologia se mostrou bastante segura. O rompimento do
lacre, ou tentativa, é eletronicamente identificável. É algo interessante,
bastante atual e que viria para substituir os lacres usados atualmente, que são
conhecidos como garrafa ou pino bucha”.
Trajano
acredita que a novidade vai ganhar território no Porto. “Veio para atender a
esses operadores que se preocupam com a questão da segurança”.
Monitoramento
Com
o lacre eletrônico, a ABTTC disponibiliza um ambiente de monitoramento com OCR
(lê números e letras do contêiner e da placa do caminhão), RFID (lacre
eletrônico) e links de comunicação, além de acompanhar a estufagem e gravar
imagens, tudo disponível em tempo real à Alfândega da Receita Federal do Porto.
A solução é composta de tecnologias de automação, software web de gerenciamento
das informações e integração. Os lacres são descartáveis, têm certificado ISO,
dados criptografadas, acesso com senha, são difíceis de falsificar ou clonar. A
leitura tem alcance de 5 a 10 m e é feita por coletores móveis ou portal RFID.
Determinação da Alfândega
Segundo
Trajano, devido ao grande número de apreensões de drogas em contêineres, a
Alfândega determinou que as cargas de exportação sejam monitoradas pelos redex.
“São responsáveis por acompanhar a unidade de carga até o embarque no terminal
para a exportação. Uma das formas de fazê-lo é através do lacre eletrônico”.
O
gerente da Dínamo confirmou que existe uma cobrança sobre os terminais pela
fiscalização e comemora a tecnologia. “Que venha o lacre e que o controle
aumente”.
Alberto
Robinson, gerente da DP World Santos, terminal privado de contêineres do Porto
de Santos, diz que o lacre eletrônico é extremamente útil na prevenção de
ilícitos e, apesar do custo mais alto, os benefícios são incalculáveis. Segundo
ele, o valor é em torno de US$ 13 - o lacre comum é vendido por R$ 15. “É um
pouco caro, mas, qual o custo de ter um contêiner com a minha marca ligado a um
problema com entorpecentes? É difícil de avaliar. A gente só valoriza ou toma
consciência do custo depois que o prejuízo acontece”.
Robinson
menciona ainda outras vantagens da tecnologia, que já é usada no resto do
mundo, inclusive por terminais da DP World, como na Antuérpia (na Bélgica) e
Roterdã (Holanda). “O cliente usa o lacre eletrônico para ter um acesso
diferenciado. Ele tem um RFID, que pode se comparar a um “sem parar” de
automóveis. Quando o cliente faz o agendamento para entregar o contêiner, ele
já o vincula ao número do lacre e passa por um gate especial, onde tem portal
como leitor do lacre”.
O
gerente explica que, como o lacre já está registrado não é necessário um
vistoriador para conferir a carga. “Tem um tratamento mais ágil e rápido. Isso
ajuda a orientar o caminhoneiro no terminal e facilita a comunicação do
contêiner em relação as demais cargas. É um seviço que o terminal presta. Ele
vende esse lacre”.
Fonte:
Jornal A Tribuna
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