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quinta-feira, 4 de outubro de 2018

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ESTIVADORES USADOS COMO 'MULAS' GANHARIAM R$ 4 MIL PARA ESCONDER COCAÍNA NA BARRIGA




Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva de oito trabalhadores do Porto de Santos, detidos enquanto se preparavam para levar droga 'puríssima' a um navio

A Justiça Federal manteve preso, após audiência de custódia, os oito estivadores que tentaram embarcar tabletes de cocaína em um navio no Porto de Santos, no litoral de São Paulo. Os portuários, que receberiam até R$ 4 mil para serem "mulas" do narcotráfico, esconderam a droga em cintas fixadas à barriga.
O crime ocorreu na manhã de segunda-feira (1º), em um terminal de contêineres da Margem Direita do cais. O grupo foi registrado por câmeras de monitoramento se preparando para transportar o entorpecente, antes mesmo de entrar na empresa. Para escapar do flagrante, um deles jogou um tablete pela janela do banheiro.

Durante audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (3), o juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos, converteu a prisão em flagrante de todos os estivadores em preventiva (por tempo indeterminado). Na ocasião, os oito alegaram inocência ao magistrado e negaram envolvimento na ação criminosa.
"As ações em apuração são de gravidade inconteste, causando inegável possível comprometimento da saúde pública. Ao menos nesta fase, tenho que a manutenção dos indiciados em custódia se apresenta necessária à manutenção da ordem pública", declarou na decisão o juiz, que não julgou qualquer ilegalidade no flagrante.
Foram recolhidos à Penitenciária I de São Vicente os estivadores Wagner da Silva, Vicente Alves de Souza, Jânio Alves de Souza, Renato Xavier Koti, Claudemir Silva Santos, Leandro Alfredo Casartelli Pinheiro, Orivelton Gonçalves de Jesus e Douglas Reinaldo Silva de Oliveira. Eles estão registrados no Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo).
"Todos os custodiados, salvo Claudemir, são detentores de vastas folhas de antecedentes criminais", pontuou, ainda, o juiz da 5ª Vara Federal. As passagens dos envolvidos foram confirmadas pelo advogado Pedro Gerônimo da Silva Neto, do Sindicato dos Estivadores (Sindestiva), que os representou na audiência.
Segundo Neto, que faz assistência jurídica aos associados da entidade, cada um vai responder pela eventual participação. "Todos negam o crime, mas estavam escalados para trabalhar quando houve a tentativa de tráfico. Podemos pedir a liberdade, na medida em que solicitarem a nossa defesa. Eles também podem ter os próprios advogados".
'Mulas' do narcotráfico
O G1 apurou que os trabalhadores identificados pela Polícia Federal e pela Guarda Portuária como envolvidos na tentativa de embarque de cocaína no navio receberiam até R$ 4 mil pelo serviço. As câmeras flagraram o bando, na porta do terminal, se preparando para transportar os tabletes da droga nas cintas elásticas.
Quando houve o cerco ao terminal, o grupo tentou se desvencilhar do entorpecente. O estivador Vicente, durante revista realizada pelos guardas portuários, jogou um tablete de cocaína pela janela do banheiro utilizado pelos trabalhadores avulsos, onde foram encontrados outros pacotes atrás de um vaso sanitário.
O colega Wagner foi abordado pelos guardas próximo à grade do terminal e, por baixo da cinta que ele utilizava, estavam outros tabletes com cocaína, envoltos em plástico preto. Os demais foram identificados pelas imagens das câmeras de monitoramento e com outras faixas elásticas, que seriam usadas no transporte.
Durante o flagrante, a polícia ainda conseguiu localizar e apreender lacres que seriam usados para substituir aqueles rompidos durante a abertura de contêineres no navio onde a droga seria escondida. A suspeita é de que o carregamento clandestino tinha como destino portos europeus, onde há mercado consumidor.
Ainda durante a prisão, veículos utilizados para levar a droga até o cais, e onde os trabalhadores portuários avulsos se reuniram antes de entrarem na instalação, também foram apreendidos. Ao grupo, foi atribuído o transporte de, aproximadamente, 30 kg de cocaína, divididos em 18 tabletes, que foram recolhidos pelas equipes.
Os estivadores avulsos são responsáveis por auxiliar na colocação de cargas em navios, e são escalonados pelo Ogmo de Santos, a partir da requisição e demanda do próprio terminal. O Órgão Gestor informou que, quando requerido pelo operador portuário, abrirá procedimento disciplinar e que pode aplicar sanções aos envolvidos.
Mais estivadores presos

Em 26 de abril de 2017, outros sete estivadores foram presos no mesmo terminal do Porto de Santos ao tentarem embarcar tabletes de cocaína presos ao corpo em um navio atracado no cais. Na ocasião, 32 kg da droga foram apreendidos com os trabalhadores, detidos em flagrante pela Polícia Federal e Receita Federal.
Cada um transportava, aproximadamente, 4 kg de droga e receberia R$ 2 mil pelo serviço. Segundo a polícia, eles prenderam os 29 tabletes ao corpo com um colete. Assim que descobertos pelos agentes federais e alfandegários, não apresentaram resistência à prisão e assumiram a tentativa de embarque ilegal.
Na ocasião, tratava-se do primeiro flagrante de uma nova modalidade de narcotráfico encontrada no cais santista. Até então, os registros se limitavam aos içamentos da droga aos cargueiros, a partir de pequenas embarcações, e também aos flagrantes em contêineres, que são abertos ilegalmente pelos criminosos.
Até esta quinta-feira, foram localizados 17.217 kg de cocaína no Porto de Santos em 2018. A quantidade é recorde supera as apreensões de 2017 (11.539 kg) e 2016 (10.622 kg), conforme informações oficiais divulgadas pela Receita Federal e pela Polícia Federal e da apuração do G1.
Fonte: G1 / Santos



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