Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva de
oito trabalhadores do Porto de Santos, detidos enquanto se preparavam para levar
droga 'puríssima' a um navio
A
Justiça Federal manteve preso, após audiência de custódia, os oito estivadores que tentaram embarcar tabletes de cocaína em um navio no Porto de Santos, no
litoral de São Paulo. Os portuários, que receberiam até R$ 4 mil para serem
"mulas" do narcotráfico, esconderam a droga em cintas fixadas à
barriga.
O
crime ocorreu na manhã de segunda-feira (1º), em um terminal de contêineres da
Margem Direita do cais. O grupo foi registrado por câmeras de monitoramento se
preparando para transportar o entorpecente, antes mesmo de entrar na empresa.
Para escapar do flagrante, um deles jogou um tablete pela janela do banheiro.
Durante
audiência de custódia realizada nesta quarta-feira (3), o juiz Roberto Lemos
dos Santos Filho, da 5ª Vara Federal de Santos, converteu a prisão em flagrante
de todos os estivadores em preventiva (por tempo indeterminado). Na ocasião, os
oito alegaram inocência ao magistrado e negaram envolvimento na ação criminosa.
"As
ações em apuração são de gravidade inconteste, causando inegável possível
comprometimento da saúde pública. Ao menos nesta fase, tenho que a manutenção
dos indiciados em custódia se apresenta necessária à manutenção da ordem
pública", declarou na decisão o juiz, que não julgou qualquer ilegalidade
no flagrante.
Foram
recolhidos à Penitenciária I de São Vicente os estivadores Wagner da Silva,
Vicente Alves de Souza, Jânio Alves de Souza, Renato Xavier Koti, Claudemir
Silva Santos, Leandro Alfredo Casartelli Pinheiro, Orivelton Gonçalves de Jesus
e Douglas Reinaldo Silva de Oliveira. Eles estão registrados no Órgão Gestor de
Mão de Obra (Ogmo).
"Todos
os custodiados, salvo Claudemir, são detentores de vastas folhas de
antecedentes criminais", pontuou, ainda, o juiz da 5ª Vara Federal. As
passagens dos envolvidos foram confirmadas pelo advogado Pedro Gerônimo da
Silva Neto, do Sindicato dos Estivadores (Sindestiva), que os representou na
audiência.
Segundo
Neto, que faz assistência jurídica aos associados da entidade, cada um vai
responder pela eventual participação. "Todos negam o crime, mas estavam
escalados para trabalhar quando houve a tentativa de tráfico. Podemos pedir a
liberdade, na medida em que solicitarem a nossa defesa. Eles também podem ter
os próprios advogados".
'Mulas' do narcotráfico
O
G1 apurou que os trabalhadores identificados pela Polícia Federal e pela Guarda
Portuária como envolvidos na tentativa de embarque de cocaína no navio
receberiam até R$ 4 mil pelo serviço. As câmeras flagraram o bando, na porta do
terminal, se preparando para transportar os tabletes da droga nas cintas
elásticas.
Quando
houve o cerco ao terminal, o grupo tentou se desvencilhar do entorpecente. O
estivador Vicente, durante revista realizada pelos guardas portuários, jogou um
tablete de cocaína pela janela do banheiro utilizado pelos trabalhadores
avulsos, onde foram encontrados outros pacotes atrás de um vaso sanitário.
O
colega Wagner foi abordado pelos guardas próximo à grade do terminal e, por
baixo da cinta que ele utilizava, estavam outros tabletes com cocaína, envoltos
em plástico preto. Os demais foram identificados pelas imagens das câmeras de
monitoramento e com outras faixas elásticas, que seriam usadas no transporte.
Durante
o flagrante, a polícia ainda conseguiu localizar e apreender lacres que seriam
usados para substituir aqueles rompidos durante a abertura de contêineres no
navio onde a droga seria escondida. A suspeita é de que o carregamento
clandestino tinha como destino portos europeus, onde há mercado consumidor.
Ainda
durante a prisão, veículos utilizados para levar a droga até o cais, e onde os
trabalhadores portuários avulsos se reuniram antes de entrarem na instalação,
também foram apreendidos. Ao grupo, foi atribuído o transporte de,
aproximadamente, 30 kg de cocaína, divididos em 18 tabletes, que foram
recolhidos pelas equipes.
Os
estivadores avulsos são responsáveis por auxiliar na colocação de cargas em
navios, e são escalonados pelo Ogmo de Santos, a partir da requisição e demanda
do próprio terminal. O Órgão Gestor informou que, quando requerido pelo
operador portuário, abrirá procedimento disciplinar e que pode aplicar sanções
aos envolvidos.
Mais estivadores presos
Em
26 de abril de 2017, outros sete estivadores foram presos no mesmo terminal do Porto de Santos ao tentarem embarcar tabletes de cocaína presos ao corpo em um
navio atracado no cais. Na ocasião, 32 kg da droga foram apreendidos com os
trabalhadores, detidos em flagrante pela Polícia Federal e Receita Federal.
Cada
um transportava, aproximadamente, 4 kg de droga e receberia R$ 2 mil pelo
serviço. Segundo a polícia, eles prenderam os 29 tabletes ao corpo com um
colete. Assim que descobertos pelos agentes federais e alfandegários, não
apresentaram resistência à prisão e assumiram a tentativa de embarque ilegal.
Na
ocasião, tratava-se do primeiro flagrante de uma nova modalidade de
narcotráfico encontrada no cais santista. Até então, os registros se limitavam
aos içamentos da droga aos cargueiros, a partir de pequenas embarcações, e
também aos flagrantes em contêineres, que são abertos ilegalmente pelos
criminosos.
Até
esta quinta-feira, foram localizados 17.217 kg de cocaína no Porto de Santos em
2018. A quantidade é recorde supera as apreensões de 2017 (11.539 kg) e 2016
(10.622 kg), conforme informações oficiais divulgadas pela Receita Federal e
pela Polícia Federal e da apuração do G1.
Fonte:
G1 / Santos
Esta publicação é de inteira responsabilidade do autor e do veículo que a divulgou. A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Guarda Portuária e a Segurança Portuária em todo o seu contexto. A matéria veiculada apresenta cunho jornalístico e informativo, inexistindo qualquer crítica política ou juízo de valor.
* Direitos Autorais: Os artigos e notícias, originais deste Portal, tem a reprodução autorizada pelo autor, desde que, seja mencionada a fonte e um link seja posto para o mesmo. O mínimo que se espera é o respeito com quem se dedica para obter a informação, a fim de poder retransmitir aos outros.
COMENTÁRIOS
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.