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terça-feira, 21 de agosto de 2018

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PORTO DO PÓ: A MÁFIA DOS BALCÃS QUE LEVA DROGA DE SANTOS PARA A EUROPA



Como um dos clãs mais conhecidos da Sérvia se interessou pelo Brasil e virou conexão entre o PCC e vendedores de cocaína europeus

Segundo as investigações da Polícia Federal, a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) dominou a logística do embarque de cocaína em Santos, fazendo o transporte de países produtores, com o Peru, a Bolívia e a Colômbia.
Mas o PCC precisava de alguém que ajudasse na segunda parte da transação: o transporte para a Europa. Para isso, a maior facção do país criou uma conexão com intermediários ligados à máfia sérvia e italiana.
As duas grandes apreensões de cocaína em agosto e setembro de 2016 no porto de Santos, durante a Operação Brabo, levaram a polícia a identificar o sérvio B.K., conhecido como Judô. Segundo a PF, ele seria integrante do Clã Šarić.

Foi em outubro de 2009 que a Sérvia, um país marcado por guerras e disputas intensas entre famílias mafiosas, descobriu a presença de mais uma máfia em seu território: os Šarić.
A descoberta do poder da gangue, coordenada por Darko Šarić, começou por causa de uma operação envolvendo o transporte de mais de 2 toneladas de cocaína para o país vindo do Uruguai.
A droga foi descoberta em uma ação coordenada entre a inteligência dos EUA e Sérvia, além da polícia uruguaia e argentina. A operação foi batizada de “Guerreiros Balcãs”.
Os Šarić são conhecidos como um grupo criminoso formado por ex-militares sérvios que lutaram na Guerra da Bósnia (1992-1995). Atualmente, a quadrilha é conhecida como uma das mais atuantes na Europa.
Em 2016, Darko Šarić foi condenado a 20 anos de prisão por tráfico internacional
Divulgação/Polícia Sérvia

Darko, líder do clã, é conhecido no continente como “Rei da Cocaína”. Em 2016, ele foi condenado a 20 anos de prisão por tráfico internacional, mas sua defesa conseguiu anular o julgamento.
Um relatório da Polícia Federal que consta na Operação Brabo assinala que Judô já havia sido preso em 2009, justamente na operação que fez os Šarić ficarem conhecidos em todo o mundo.
A operação fez com que os Šarić expandissem sua participação e saíssem do radar dos portos marcados pela inteligência e polícias locais, principalmente no Uruguai, Argentina e Colômbia.
Após a tentativa frustrada de embarcar cocaína no navio Grande Buenos Aires e a apreensão de mais de 1 tonelada de cocaína no Grande Brasile, Marco Alberto Santana Randi se viu obrigado a marcar uma conversa com Judô.
A reunião aconteceu na praça de alimentação de um supermercado na zona sul de São Paulo. Randi e Judô acertaram detalhes de um novo embarque pelo porto.
O encontro, monitorado pela PF, mostrou aos investigadores que o Clã Šarić fazia a função de intermediário entre os compradores de cocaína na Europa e o PCC.
A presença de criminosos do leste europeu na Baixada Santista começou em meados dos anos 2000, segundo policiais da área de inteligência. Sérvios, croatas, búlgaros e russos ligados ao embarque de droga para a Europa costumavam se encontrar em um quiosque no canal 2, na Praia do Gonzaga, em Santos.
O búlgaro Dimitar Minchev Dragnev, preso na Operação Brabo, abriu um quiosque nesta mesma praia em maio de 2006. No ano seguinte, ele foi preso na Operação Sofia, que desmantelou um grupo ligado à máfia búlgara que enviava cocaína para a Europa.
A defesa de Dragnev informou que o cliente responde o processo em liberdade e provará ser inocente das acusações.
Em 2009, integrantes do Clã Šarić foram presos pela Polícia Federal na Operação Niva, que também desarticulou um esquema de tráfico para a Europa envolvendo portos brasileiros.
Na Operação Brabo, Kapetanovic foi denunciado pelo MPF (Ministério Público Federal) pelo envolvimento em 10 eventos de envio de cocaína para a Europa entre 31 de agosto de 2016 e 18 de agosto de 2017. No total, mais de 5 toneladas da drogam teriam sido transportada nessas ações.
Judô é casado com uma brasileira que também foi presa na operação. Ele tem uma empresa de importação e exportação em sociedade com a mulher, e morava na Vila Nova Conceição, bairro de classe alta de São Paulo.
O advogado Eugênio Malavasi, que atua na equipe que representa Kapetanovic, informou que “nega todos os fatos e vai provar a inocência durante o exercício da instrução criminal”. Sua defesa na Justiça Federal é feita pelos mesmos advogados do líder do PCC, Marcos Williams Herbas Camacho, o Marcola.



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