Nome forte do PCC morreu no início do ano e causou uma
guerra interna na maior facção do país. Atuação no Porto de Santos foi um dos
motivos
Apesar
da distância de mais de 3.000 km, os acontecimentos no porto de Santos tiveram
consequências drásticas em Aquiraz, cidade próxima de Fortaleza, no Ceará. Era
lá que Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, vivia.
Foto: Reprodução/Rede Record
Gegê
do Mangue foi executado em 18 de fevereiro deste ano, junto com seu braço
direito, Fabiano Alves de Souza, o Paca. Os dois foram mortos após serem
levados de helicóptero para um clarão de mata dentro de uma reserva indígena em
Aquiraz.
As
mortes escancararam disputas internas do PCC. Dias após a execução, um bilhete
resgatado na penitenciária de Presidente Venceslau 2, a 600 km de São Paulo,
deixava claro o que havia acontecido: os dois foram mortos porque estariam
roubando dinheiro da facção.
A
polícia trabalha com a informação de que Gegê teria tentado implantar a
cobrança de uma “taxa extra” de todos os embarcadores de cocaína que atuavam no
Porto de Santos. No entanto, um nome forte próximo ao PCC que usava a rota não
concordou: Gilberto Aparecido dos Santos, conhecido como Fuminho.
Fuminho
é procurado pela polícia há anos. Mora na Bolívia e tem conexões diretas com
grandes produtores de cocaína da região. Para completar sua rota, usa o porto
para distribuir a droga.
O
traficante não concordou com a “taxa” criada por Gegê. Com a informação de que
ele não pagaria os valores, comparsas de Gegê confiscaram cargas de Fuminho,
criando um prejuízo milionário para um traficante que, até então, operava
abaixo do radar da polícia.
Fuminho
acionou Wagner Ferreira da Silva, conhecido como Wagninho ou Cabelo Duro, seu
homem de confiança nas operações da Baixada Santista. Ele ficou encarregado de
colocar o plano de execução de Gegê e Paca em prática. Montou a equipe,
providenciou o helicóptero e o piloto que transportaria os dois.
Fuminho
e Cabelo Duro são citados no bilhete interceptado em Presidente Venceslau:
“Ontem fomos chamados em uma ideia, aonde [sic] nosso Cabelo Duro ficou ciente
que o Fuminho mandou matar o GG e o Paca”.
Wagninho ou “Cabelo Duro”
Após
a execução, o PCC teria ordenado uma retaliação contra Fuminho. A primeira
registrada foi a morte de Cabelo Duro, fuzilado no Tatuapé na frente de um hotel. A polícia acredita que mais de 10 pessoas ligadas a Fuminho nas
operações do porto teriam sido mortas no revide.
Segundo
as investigações, a vingança só cessou após o PCC descobrir que Fuminho estava
dizendo a verdade: Gegê e Paca estariam mesmo desviando quantias milionárias
que deveriam ter ido para o caixa da facção.
Mas
o problema para Fuminho não surgiu apenas pela retaliação. Ao matar a maior
liderança em liberdade da facção em uma ação cinematográfica, Fuminho não só
saiu do radar como exibiu sua tática mais importante: o uso de helicópteros
pela facção.
O helicóptero usado na execução de Gegê e Paca puxou um novo fio de investigação para a Polícia Federal. A altitude em que a aeronave voava indicava que a
operação de cocaína no Porto de Santos tinha aprimorado as rotas de transporte
de cocaína.
Felipe
Ramos Morais foi o homem escolhido para pilotar a aeronave que levou Gegê e
Paca para uma emboscada. A polícia descobriu que ele tinha um hangar alugado no
Guarujá, litoral de São Paulo.
A
investigação indicou que o helicóptero era usado para fazer o transporte da
droga entre a Grande São Paulo e a Baixada Santista, evitando abordagens
policiais, comuns no transporte de droga por terra.
Em
abril, outro helicóptero usado pelo PCC para transportar drogas foi apreendido em um hangar no Arujá, região metropolitana de São Paulo. Três pessoas foram
presas. Entre elas, o piloto Rogério Almeida Antunes, preso em 2013 no Espírito
Santo, em um helicóptero da família do senador Zezé Perrela (PSDB-MG), com 400
quilos de cocaína.
Rogério Almeida Antunes (Foto: Site Brasil 247)
Na
época, a Polícia Federal apurou que a droga havia sido trazida do Paraguai e
deveria ser embarcada no porto de Vitória, no Espírito Santo, com destino a
Europa.
A
polícia acredita que o helicóptero apreendido no Arujá estava em nome de um “laranja”.
Os verdadeiros donos, uma empresa baseada em Alphaville, estão sendo
investigados por lavagem de dinheiro e tráfico.
Durante
a Operação Brabo, um Mercedes-Benz C-180 foi apreendido com o sérvio B. K, o Judô, ligado ao Clã Saric. Coincidentemente, o veículo estava no
nome de outra empresa dos mesmos sócios do helicóptero: uma loja de carros de
luxo.
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