Entre os alvos estão despachantes aduaneiros,
funcionários de terminais portuários, motoristas e agentes marítimos
Na
última segunda-feira (09), a Polícia Federal deflagrou a “Operação Antigoon”,
que visou desarticular uma quadrilha especializada em tráfico transnacional de
drogas que utilizava do modal marítimo para cometer o crime. Aproximadamente
100 policiais federais cumpriram 21 mandados de busca e apreensão e 15 mandados
de prisão preventiva nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo.
Entre
os presos está um casal que morava em condomínio de luxo na Barra da Tijuca,
zona oeste da cidade. Segundo a polícia, ele trabalha no setor financeiro,
enquanto ela trabalha com comércio no exterior. Ambos usavam seus conhecimentos
para mandar drogas para fora do país.
Os
criminosos tinham um mapa dos contêineres e sabiam onde ficava cada um deles no
navio. Entre os alvos estão despachantes aduaneiros, funcionários de terminais
portuários, motoristas e agentes marítimos. Um policial militar também é
suspeito de participar da quadrilha fazendo a escolta da carga. Um caminhão
também foi apreendido. Ações foram controladas para rastrear todo o trajeto que
a droga fazia até chegar ao destino final.
Espírito Santo
Segundo
o auditor fiscal e delegado adjunto da Alfândega no Espírito Santo, Jaques Mauro
de Moraes, um dos acusados era auxiliar de despachante aduaneiro e já estava
preso desde abril. O outro era um homem acusado de atuar dando apoio logístico
ao tráfico. Ele foi levado para a sede a Polícia Federal, em Vila Velha, e
negou qualquer envolvimento da quadrilha.
Investigações
As
investigações da PF, que duraram aproximadamente um ano e contaram com o apoio
da Receita Federal, apontam que a quadrilha agia enviando drogas para a Europa
através de contêineres que eram transportados em navios de carga.
No
decorrer da investigação, cerca de 4 toneladas de cocaína foram apreendidas em
portos do Brasil (Rio de Janeiro/RJ, Vitória/ES, Santos/SP, Salvador/BA e
Suape/PE); sendo possível a identificação também do destino da droga e a
desarticulação do braço da quadrilha no exterior.
Também
foram realizadas apreensões nos portos de Antuérpia, na Bélgica; Gioia Tauro,
na Itália e Valência, na Espanha, utilizando-se dos institutos de cooperação
policial internacional para a difusão do conhecimento aos demais países. Tal
cooperação deu-se através das Adidâncias Policiais da PF no exterior, bem como
através dos representantes das polícias estrangeiras que atuam no Brasil.
Ação especializada
Cartéis
controladores da produção de cocaína fornecem a droga, que é enviada para
organizações criminosas radicadas na Europa, Ásia e África, como as máfias
italiana, russa e albanesa.
Investigadores
descobriram que a quadrilha não só tinha contato internacional, como também
adquiriu ampla experiência de importação e exportação. Havia logística própria
e conhecimento fiscal e financeiro para operar através de empresas brasileiras
e de fora do país.
A
quadrilha usava cargas pouco visadas, como de material de construção, e
colocava a droga entre o produto que seria exportado. Os lacres eram trocados e
o dono do material nem ficava sabendo do esquema. No porto de destino, o
contêiner era arrombado e o entorpecente retirado, sendo colocado um novo
lacre, falso. Segundo as investigações, o pagamento era feito em dinheiro e
também em moeda virtual (bitcoin) no exterior.
"Essa
é a maior operação realizada de combate ao tráfico internacional no Rio de
Janeiro, onde foram batidos recordes de apreensão de cocaína nessa modalidade
de tráfico, que é o modal marítimo. Isso é importante frisar porque esse tipo
de modal utilizado por essas quadrilhas é o que tem viabilizado os maiores
apreensões de drogas. Esse braço da quadrilha se utiliza dessa ferramenta, o
uso contêineres, que é a maior via de envio de drogas para o exterior",
disse Carlos Eduardo Thomé, da Delegacia de Repressão a Entorpecente (DRE), da
Polícia Federal.
Como
forma de despistar as autoridades, a quadrilha que remetia cocaína para a
Europa em contêineres negociava em criptomoedas. "principalmente
bitcoins", explicou Thomé. "Eles usam essa moeda para receber valores
lá fora. É uma forma de burlar o controle da movimentação financeira",
disse.
O
Bitcoin é a mais famosa das "moedas virtuais", que não são reguladas
por bancos centrais nem existem fisicamente - não há cédulas circulando, por
exemplo.
Os
investigados responderão, na medida de suas responsabilidades, por tráfico
transnacional de drogas e associação para o tráfico, cujas penas podem chegar a
25 anos de reclusão.
Antigoon
é uma referência a uma lenda sobre a origem do nome da cidade de Antuérpia,
principal destino da droga na Europa. Segundo a lenda, um gigante chamado
Antigoon cobrava valores de quem atravessasse o rio Escalda e cortava uma das
mãos daqueles que se recusassem a pagar. Antigoon foi morto por um jovem
chamado Brabo, que cortou a mão do próprio gigante e atirou-a ao rio. Daí o
nome Antwerpen; do holandês hand (mão) e wearpan (arremessar).
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