Ao todo, brasileiros tentaram despachar 581,8
quilos de cocaína pelo Porto (Foto: Divulgação/Codesp)
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Dupla tentou despachar pelo Porto de Santos quase 600 kg de cocaína. Trabalho foi realizado com autoridades belgas e holandesas
Dois
brasileiros foram condenados por narcotráfico internacional. Eles tentaram
despachar 581,8 quilos de cocaína para a Europa pelo Porto de Santos. A
descoberta do entorpecente no País possibilitou que a Polícia Federal (PF)
realizasse trabalho conjunto com autoridades belgas e holandesas, onde foram
capturados dois importadores da droga.
Roberto
do Nascimento Affonso Filho e Moisés Cardoso Zeferino foram condenados a sete
anos, nove meses e dez dias de reclusão, em regime inicial fechado. A sentença
é do último dia 16 e nela o juiz Roberto Lemos dos Santos Filho, da 5ª Vara
Federal de Santos, negou a possibilidade de recurso em liberdade à dupla, cuja
ação teve por fim a “obtenção de lucro fácil”.
Segundo
o magistrado, a prisão dos réus, que são primários, deve ser mantida “para o
impedimento da prática de outros crimes, ou seja, para a garantia da ordem
pública, e para assegurar a aplicação da lei”. Na fixação da pena, Lemos
observou que as condutas dos acusados “merecem maior reprovação” diante da
elevada quantidade de cocaína.
Balas de café
O
motorista Roberto dirigiu um caminhão com um contêiner da empresa de guloseimas
Riclan, em Rio Claro (SP), até o Brasil Terminal Portuário (BTP), em Santos.
Ele saiu do Interior às 12h50, de 2 de março de 2017, chegando ao destino
apenas às 10h44 do dia seguinte. A viagem de 252 quilômetros foi realizada em
21 horas e 54 minutos.
O
veículo transportou um contêiner com balas de café. No dia 7 de março de 2017,
durante operação conjunta da Receita Federal e Polícia Federal (PF), o cofre de
carga foi aberto no terminal portuário, sendo descobertas 20 bolsas com 581,8
quilos de cocaína escondidas no meio do carregamento de doces.
A
partir daí, a PF realizou uma investigação denominada ação controlada, prevista
no Artigo 53 da Lei 11.343/2006. Ela permite que se deixe de efetuar prisões em
um primeiro momento para se identificar e responsabilizar criminalmente outros
envolvidos em operações de tráfico. Para isso, é necessária autorização
judicial e ciência do Ministério Público.
Tabletes de gesso
A
ação controlada da PF consistiu em substituir os tabletes de cocaína por outros
semelhantes de gesso, colocando rastreador em um deles. Como se o entorpecente
não tivesse sido descoberto, o contêiner com balas de café foi embarcado no
navio MSC Marianna, que zarpou de Santos e chegou ao Porto de Antuérpia, na Bélgica,
em 28 de março de 2017.
Deste
país, a suposta cocaína seguiu para a Holanda, até a empresa de engenharia
civil DKM Personeelsmanagement BV, em Ossendrecht, aldeia da província de
Brabante do Norte. Cooperação internacional envolvendo a PF e policiais belgas
e holandeses resultou nas prisões de dois homens nestes países, em 9 de maio de
2017.
Os
estrangeiros presos são Manuel de Keijzer e Willem Paepen, “ambos
comprovadamente envolvidos no episódio de tráfico transnacional de
entorpecentes em comento”, frisou o juiz federal que condenou os dois
brasileiros. Em novembro do ano passado, foi decretada a falência da empresa
holandesa.
Prisões no Brasil
Simultaneamente
às investigações no Exterior, a PF saiu a campo no Brasil para descobrir e
prender os responsáveis pelo transporte da cocaína até o terminal portuário
santista.
Roberto
foi identificado como o motorista que transportou o contêiner com o
entorpecente, demorando tempo além do razoável para realizar a viagem e
suficiente para se introduzir a droga no cofre de carga.
A
partir da identificação do caminhoneiro, a PF apurou que ele foi recrutado para
o frete por Moisés, gestor de frota da empresa Visão Movimentação de Contêineres,
Transportes e Logística.
A
dupla passou a ter os telefonemas monitorados com autorização judicial e as
conversas revelaram o envolvimento dela na logística do narcotráfico
internacional. A Justiça Federal decretou as prisões preventivas de Roberto e
Moisés, que foram capturados.
O
celular utilizado por Moisés estava registrado em nome da empresa Visão. Apenas
entre os dias 1º e 2 de março de 2017, antes da apreensão da cocaína, ele e
Roberto conversaram por telefone 17 vezes.
“As
autorias delitivas são certas”, sentenciou Lemos. Segundo o juiz, “o conjunto
amplo das interceptações telefônicas e das demais provas amealhadas aos autos é
firme e apto” para comprovar as condutas atribuídas aos réus pelo Ministério
Público Federal (MPF).
Ao
exercer a função de “alocador de motoristas”, Moisés tinha acesso aos tipos de
carga, número de contêineres e destinos das exportações, “informações vitais
para a consumação do crime de tráfico”, concluiu o magistrado.
Nota das empresas
Em
razão da matéria publicada no dia 22/03/2018, no Jornal A Tribuna, por meio
impresso e digital, vimos esclarecer que as empresas Visão Movimentação de
Contêineres, Transportes e Logística e Riclan, apresentam as seguintes considerações:
Há
de se esclarecer que as empresas Visão e Riclan, através de seus sócios
dirigentes e representantes, também são vítimas dos envolvidos.
Esclarece-se
que desde o início da investigação pela Polícia Federal, houve a contribuição
das empresas, com a liberação total a Polícia Federal ao acesso dos documentos,
sistemas, informações, arquivos e demais atos que pudessem auxiliar na busca
pela verdade, que culminou na apreensão dos citados.
Importante
deixar claro que, na sentença criminal mencionada na matéria publicada no dia
22/03/2018, o juiz apurou a participação única e tão somente dos denunciados
Roberto do Nascimento Affonso Filho e Moisés Cardoso Zeferino, tendo destacado
todas as informações aclaradoras e fundamentais apresentadas pela empresa
Visão, bem como as interceptações telefônicas.
Esclarece-se
que nas interceptações telefônicas somente foram apuradas ligações entre os
envolvidos Moises e Roberto, sendo que nenhum outro funcionário, dirigente,
sócio ou preposto da Empresa Visão, teve participação ou foram acusados,
trata-se de um fato isolado e pontual. A Visão, empresa que sempre colaborou
com as investigações sente-se vítima de todo ocorrido.
Os
gestores da Visão e Riclan manifestam com o presente, a proteção da honra das
empresas, que a custa de um trabalho sério, responsável e honesto destacam-se
em seu ramo de atuação, permitindo a prestação de informações precisas ao
público e a seus clientes.
Fonte:
Jornal A Tribuna
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