Apesar de morar em São Paulo, criminoso era
frequentemente visto em Guarujá
Membro
do alto escalão do Primeiro Comando da Capital (PCC) no Brasil e um dos três
responsáveis pelo tráfico internacional de drogas da facção. Esse era Wagner
Ferreira da Silva, o Wagninho, de 32 anos, assassinado com 13 tiros de fuzil na
porta de um hotel do Jardim Anália Franco, em São Paulo, na noite de
quinta-feira (22).
Criado
no Pae Cará, em Vicente de Carvalho, em Guarujá, Wagninho, também conhecido
como Cabelo Duro, foi por quatro anos o homem de confiança na Baixada Santista
de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, chefe do PCC.
Por
ser sintonia final - quem mantém o contato entre os integrantes da organização
com os principais líderes do grupo -, todas as decisões relacionadas à facção
na região precisavam ser autorizadas por Wagninho.
Sua
relevância no PCC era tão grande que apenas ele, junto de Rogério Jeremias de
Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca - ambos executados
no último dia 16 -, tratavam das operações logísticas relacionadas ao tráfico
internacional.
Do
trio, somente Wagninho morava no Brasil. Seus aliados, Gegê do Mangue e Paca
residiam na Bolívia, justamente para agilizar a compra de entorpecentes com traficantes
de países vizinhos.
Desvio de verbas
Conforme
apurado por A Tribuna, existem duas vertentes de investigação para o
fuzilamento de Wagninho. A primeira é de que, junto com os seus dois aliados,
ele desviava uma porcentagem em dinheiro de todas as transações. Mas tal
procedimento teria chegado ao conhecimento de Marcola, que, conforme bilhete (foto) encontrado na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São
Paulo, teria mandado matar Gegê e Paca.
A
execução da dupla ocorreu no Ceará, após o repentino pouso do helicóptero que
supostamente os levava à Bolívia. Teoricamente também envolvido nos desvios
financeiros, Wagninho não teria escapado da sentença dada aos seus aliados.
Queima de arquivo
A
segunda possibilidade é de que Wagninho, batizado dentro do PCC por Gegê do
Mangue, teria recebido a determinação de um dos seus superiores na facção para matar
os aliados, em razão dos tais desvios. Essa possibilidade ganha força, pois a
presença de Wagninhono helicóptero que levava Gegê e Paca à Bolívia foi
confirmada por um promotor de Justiça do Ceará, segundo reportagem do portal
UOL.
Caso
isso seja provado, a Polícia Civil irá trabalhar para descobrir se a morte de
Wagninho foi uma queima de arquivo do próprio PCC ou retaliação de pessoas
ligadas a Gegê. Mas a polícia não tem dúvidas em afirmar que a facção está
rachada.
Laços com o Guarujá
Apesar
de morar na Capital há alguns anos, Wagninho era frequentemente visto pelo
Guarujá, onde deu os seus primeiros passos no mundo do crime, assim como Gegê
do Mangue. Os negócios da facção na Baixada Santista e a família, que ainda
reside na Cidade, o obrigavam a manter os laços com o Município.
A
sua ascensão dentro do PCC está diretamente ligada à amizade com Gegê. Preso
pela primeira vez em 2008, na época com 22 anos, por policiais civis da
Delegacia de Guarujá após o roubo de uma marina da Cidade, Wagninho, ainda sem
laços com a facção, foi iniciado no grupo criminoso pelo amigo.
A
partir daí, ele não parou mais de crescer e transformou-se no homem forte do
PCC na Baixada Santista. Ou então, como consta no dicionário do crime
organizado, "o número 1 do Litoral Paulista". Esse cargo colocou
Wagninho no restrito primeiro escalão do PCC, formado por cerca de, no máximo,
30 integrantes.
Em fuga
Sob
anonimato, policiais civis da Baixada Santista ouvidos pela Reportagem
revelaram que desde a morte de Gegê do Mangue, quatro membros da facção que lhe
prestavam serviços deixaram a Baixada.
"Tratam-se
de criminosos que executavam tarefas operacionais a pedido de Gegê. Eles não
ocupavam funções diretivas dentro do PCC, mas que sempre foram muito ligados a
ele (Gegê) e estavam com medo de serem procurados pelos líderes da facção.
Muito provavelmente, com o assassinato de Wagninho, mais pessoas também saiam
da região", conta um dos entrevistados.
Quem assume?
Delegado
titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Santos e da Delegacia de
Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Santos, Luiz Ricardo Lara Dias
Júnior, explica que o nome do sucessor de Wagninho, na função de Sintonia Final
da Região, ainda não é de conhecimento da Polícia Civil.
"Mas
já estamos atentos a todas as movimentações. O Setor de Inteligência da Polícia
Civil já apura essa troca de liderança na organização criminosa para que possa
operacionalizar as investigações em curso e àquelas que serão iniciadas",
fala Lara.
A
execução de Wagninho ocorreu na frente do hotel Blue Tree Towers, situado na
Rua Eleonora Cintra, às 19h50. Conforme imagem das câmaras de monitoramento do
local, o homicídio foi cometido por dois criminosos armados com fuzis de calibre
556 e 762. A dupla vestia coletes a prova de balas e touca ninjas.
Ao
todo, os bandidos efetuaram 31 disparos e 13 atingiram a vítima, sendo oito no
braço direito, um no braço esquerdo, um nas costas, dois no rosto e um no
crânio. Depois do fuzilamento, os atiradores fugiram dentro de um Mitsubishi
L200, que não teve as placas anotadas.
Os
tiros também feriram duas mulheres; uma de 59 anos, atingida na perna direita e
submetida a cirurgia, e outra de 28, baleada na mão e no peito. Ambas estavam
passando pela área de embarque e desembarque do hotel quando os criminosos
atacaram Wagninho. Apesar das lesões, elas permanecem internadas, mas não
correm risco de morte.
Dinheiro e Cocaína
Ao
revistar o corpo da vítima, a polícia localizou R$ 1.280,00 em um dos bolsos da
sua bermuda e mais R$ 3.650,00, documentos pessoais e dois telefones celulares
dentro da bolsa que transportava nas mãos. Dentro do carro de Wagninho, um HB
20 prata, blindado, estacionado na frente do hotel, os policiais localizaram
dois pinos de cocaína, outro celular e a documentação do veículo.
A
polícia foi informada de que não havia reserva para a vítima nos próximos dias.
Porém, no ano passado, Wagninho esteve hospedado no local.
Fonte:
Jornal A Tribuna
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