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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

ENCONTRO PARA COMBATER O TRÁFICO INTERNACIONAL DE DROGAS É REALIZADO EM SANTOS


(Foto: Matheus Pereira Alves/BTP)

O 1º Programa de Cooperação Policial Internacional em Portos (Intercops) reúne agentes federais de oito países

Nessa semana, está sendo realizado no Porto de Santos, litoral de São Paulo, o 1º Programa de Cooperação Policial Internacional em Portos (Intercops), reunindo agentes federais de oito países para discutir ações de combate ao tráfico internacional de drogas.
O Intercops acontece nas instalações da Brasil Terminal Portuário (BTP), na Alemoa. Os policiais que participam deste encontro vão integrar ações de fiscalização reais e simuladas no Porto de Santos e farão visitas a locais como os centros de controle da Alfândega e de alguns terminais.
Além de agentes de países da Europa e da Ásia, policiais federais de outras regiões do Brasil, principalmente de áreas portuárias também participam do evento.
Santos foi escolhida para sediar esse primeiro encontro, em virtude do Porto de Santos ser utilizado como rota para o envio de drogas a outros continentes, sendo que até o início de novembro, mais de 10 toneladas de cocaína já tinham sido interceptadas e apreendidas no cais santista.
"Cada porto tem as suas especificidades e, por isso, é importante essa troca de informações e a aproximação com as polícias de outros países para que nos ajudam a combater esse tipo de crime, que tem por característica ser transnacional", disse o delegado chefe da Polícia Federal em Santos, Julio Cesar Baida Filho.
"O trabalho tem sido efetivo para conter o tráfico de drogas, em especial o de cocaína. Seja pela investigação, como também pelos recursos de tecnologia e a cooperação com outros órgãos que tem nos possibilitado apreender o entorpecente e prender pessoas envolvidas no tráfico", explicou o delegado.
“Santos tem um porto seguro. A gente cobra o atendimento do ISPS Code (o código internacional antiterrorismo), os terminais são sujeitos à fiscalização. Eles investem em infraestrutura, segurança, análise de risco. Mas aqui temos navios saindo para a Europa todos os dias. Do ponto de vista logístico, 30% do comércio exterior brasileiro passa por Santos. Isto acaba sendo um atrativo para os grupos criminosos colocarem a carga por aqui. Em outros locais, você tem um navio a cada uma ou duas semanas”, destacou, explicou Baida Filho.
Segundo o chefe da Divisão de Operações e Repressão a Drogas da PF. Alexandre Custódio Neto, 80% da cocaína traficada internacionalmente utiliza o modal marítimo em algum momento. Normalmente, essas cargas são produzidas em países da América do Sul e seguem pelas fronteiras terrestres, por barcos ou aviões, até os portos brasileiros.
Dali, são levadas à Europa. Por isso, representantes das polícias de nações como Holanda, Bélgica, Itália, Espanha e França participam do encontro. Também está presente uma comitiva do Sri Lanka, onde, recentemente, um carregamento de cocaína foi encontrado em uma carga de açúcar proveniente de Santos.
“A oferta das drogas em geral vem aumentando nos países andinos. Na Colômbia, aumentou consideravelmente em razão da proibição do uso do glifosato, que eles utilizavam para matar as plantações de folha de coca. A demanda é grande e, enquanto houver demanda, haverá oferta”, disse Custódio.
O delegado-chefe da PF em Santos, Júlio Cesar Baida Filho, diz que, neste ano, mais de 11 toneladas de cocaína já foram apreendidas no cais santista. Segundo ele, faltam apenas 100 quilos para que o recorde de 2016 seja superado. No entanto, isto não significa que o complexo apresente alguma facilidade aos traficantes internacionais. A localização e o grande volume de cargas são os maiores atrativos à prática ilícita.
“A oferta das drogas em geral vem aumentando nos países andinos. Na Colômbia, aumentou consideravelmente em razão da proibição do uso do glifosato, que eles utilizavam para matar as plantações de folha de coca. A demanda é grande e, enquanto houver demanda, haverá oferta”, disse Custódio.
Para o superintendente regional da PF no Estado, Disney Rosseti, a inteligência e a integração com outras polícias e com a Receita Federal são a saída para desarticular quadrilhas. “O tráfico de drogas é uma modalidade de crime essencialmente transnacional. São organizações muito bem estruturadas e, se não houver essa cooperação, essa integração de experiências e metodologia, (seu combate) é um trabalho que está fadado ao insucesso. Então, estamos agora debatendo o uso do modal marítimo (pelas quadrilhas) por conta da experiência e expertise da nossa equipe no Porto de Santos e creio que teremos resultados ainda melhores num futuro próximo”.
Intercops
Criado pelo Departamento de Polícia Federal, o Intercops é um programa desenvolvido para facilitar o intercâmbio de experiência e informações na área de investigação criminal, imigração e segurança. O foco do programa brasileiro é a repressão ao tráfico de drogas e inicialmente se destinava ao combate das atividades criminosas em aeroportos.
Aircop
Por meio de um acordo assinado entre a Polícia Federal e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o Brasil tornou-se o oitavo país da América Latina e Caribe a aderir a rede Aircop. Financiado pela União Europeia, a Aircop é uma multiagência antitráfico cujo objetivo é reforçar o treinamento de agentes da lei na detecção, interdição e investigação em aeroportos internacionais.
No caso brasileiro, o acordo com a UNODC se dará de forma concreta com a assistência mútua entre a rede Aircop e o Programa Internacional de Cooperação Policial em Aeroportos (Intercops).
Com acesso a essas ferramentas, será possível a transmissão, em tempo real, de informações operacionais e de inteligência para outros portos e aeroportos com objetivo de interceptar carregamentos ilícitos.

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