Força-tarefa fiscalizou 44 empresas, entre operadores, prestadores de serviço, administração portuária e Ogmo
As
empresas que atuam no Porto de Santos passaram por uma força-tarefa de
fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A ação foi motivada por
uma série de denúncias sindicais por contratação direta de trabalhadores sem
registro no Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), mas durante as vistorias os
fiscais encontram 266 irregularidades.
No
total, 44 empresas, entre operadores portuários, prestadores de serviço,
empresas de mergulho, administração portuária e o próprio Ogmo, foram
fiscalizadas e 266 autos de infração constatando problemas foram emitidos. Três
terminais tiveram atividades interditadas.
Os
auditores fiscais verificaram as condições de trabalho portuário de capatazia,
estiva, conferência e conserto de carga, bloco e vigilância de embarcações
dentro do Porto feitos por trabalhadores portuários avulsos ou com vínculo
empregatício por prazo indeterminado contratados pelo Ogmo. Os auditores fiscais
observaram ainda jornadas de trabalho, dobras, escalação, salários, segurança e
saúde do trabalho, entre outros itens.
Irregularidades
Na
Margem Esquerda do complexo, em Guarujá, os fiscais encontraram problemas de
segurança nas gaiolas utilizadas pela Santos Brasil para transporte e resgate
de trabalhadores. Os equipamentos estariam enferrujados.
Outra
irregularidade foi identificada no terminal retroportuário Localfrio, onde um
andaime estava próximo à linha de alta tensão, colocando em risco a vida dos
trabalhadores.
O
terceiro problema aconteceu na Margem Direita e se deu por falta de condições
de trabalho em altura, no setor de coleta de amostras e classificação de produtos
de um terminal graneleiro.
A
Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), estatal responsável pela
administração do Porto de Santos, também recebeu notificações por problemas de
segurança. Os auditores-fiscais encontraram pisos irregulares na área de
circulação de veículos, falta de iluminação e de equipamentos de salvatagem.
“Esse
é o tipo de coisa que põe em risco, além das pessoas, até a operação. É muito
sério, pois estas situações podem resultar em acidentes graves”, afirma o
auditor responsável pela área portuária Rodrigo Aoki Fuziy. O Ogmo também foi
autuado. O motivo seriam as dobras nas escalas de trabalho dos portuários.
Outro lado
Por
meio de nota, a Codesp afirma que “apresentou defesa aos procedimentos de
autuação e deflagrou ações de correção às eventuais inconsistências apontadas”.
O
Ogmo diz que “cumpre rigorosamente o intervalo entre jornadas de 11 horas,
salvo nos casos de excepcionalidade previstas em acordo coletivo de trabalho ou
convenção coletiva” e que segue a legislação em vigor e Termo de Ajuste de
Conduta (TAC) firmado com Ministério Público do Trabalho (MPT), em 2016.
A
Localfrio esclarece que não houve paralisação das atividades da empresa e que
“departamentos técnicos viabilizam as medidas necessárias para desmontagem do
equipamento (andaime), seguindo todas as normas e procedimentos de segurança”.
A
Santos Brasil afirma que as duas gaiolas estavam fora de uso quando foi
realizada a força-tarefa e “já não ofereciam nenhum risco aos seus
funcionários”.
Próximos passos
Depois
de receber a notificação, as empresas têm prazo de dez dias para apresentar a
defesa, que é avaliada por um analista, que verifica as justificativas.
Dependendo desta avaliação, a autuação pode se transformar em uma multa.
“Costumam
ser valores altos, pois se leva em conta o número de funcionários atingidos. Em
empresas grandes, as multas podem chegar a alguns milhões de reais”, explica
Fuziy.
No
momento, o MTE finaliza o relatório da força-tarefa e analisa as defesas
apresentadas. Com isso, concluído, as informações devem ser enviadas para o MPT
e para os sindicatos que fizeram as denúncias.
Fonte:
Jornal A Tribuna
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