Luiz Carlos da Rocha foi preso em 1º de julho deste ano.
Segundo a PF, traficante era mais influente que Beira-Mar e Abadia e era procurado
há aproximadamente 30 anos
Polícia
Federal (PF) está montando uma força-tarefa para a investigação decorrente da
Operação Spectrum, que prendeu, em 1º de julho deste ano, Luiz Carlos da Rocha,
conhecido como Cabeça Branca. Ele foi procurado por aproximadamente 30 anos, e
a polícia o descreve como o "embaixador do tráfico".
Com
a criação desta força-tarefa, dois novos delegados – com experiência em lavagem
de dinheiro e que já atuaram na Operação Lava Jato – e mais oito agentes vão
trabalhar na análise de provas e documentos. O grupo deve iniciar os trabalhos
na próxima semana, com base em Londrina e Curitiba.
Na
ação, além de US$ 4,5 milhões e 1,5 tonelada de cocaína, foram apreendidos 70
telefones celulares, um telefone móvel via satélite e vários computadores – que
juntos somam aproximadamente 10 terabytes de informação – e autorizadas 80
quebras de sigilo fiscal e bancário. Este material será utilizado durante a
investigação.
De
acordo com a polícia, “cabeça branca" tinha diplomacia para lidar com
outras facções criminosas, o que permitiu que ele atuasse tanto tempo sem que
fosse encontrado. O termo "embaixador do tráfico" surgiu justamente
desta característica. A polícia afirmar que ele lidava com grupos criminosos
nacionais e internacionais sem que precisasse usar a violência.
Além
disso, ainda segundo a PF, ele usava uma identidade falsa, fez plásticas para
mudar a fisionomia e mantinha uma vida normal em Sorriso (MT), atuando como um
agropecuarista.
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De
acordo com as investigações, o criminoso usava o Porto de Santos (SP) para
exportar drogas para a Europa e os EUA e tinha mais influência que outros
traficantes, como Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Abadia.
Luiz
Carlos da Rocha está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, no oeste do
Paraná.
Os trabalhos
O
delegado federal Elvis Secco de Londrina, no norte do Paraná, coordenador da
operação, informou que, atualmente, trabalha com oito agentes na operação.
O
delegado explica que a extração de análise de dados de cada telefone celular
demora aproximadamente 25 dias. “Quem ajudou a extrair os dados foi o próprio
DEA [Drug Enforcement Administration, agência de combate ao narcotráfico dos
EUA], porque não é qualquer equipamento que consegue extrair os dados”,
declarou.
De
acordo com Secco, já foram solicitadas outras 11 quebras de sigilo fiscal e
bancário, que equivalem à segunda fase da operação, e uma terceira fase, com
pedidos de quebras de sigilo e bloqueio de bens já está em andamento.
A
divisão da investigação em fases busca agilizar o andamento do caso na Justiça,
ainda de acordo com o delegado. O objetivo agora é rastrear o dinheiro e
identificar bens pertencentes à organização criminosa, muitos registrados em
nome de laranjas.
“Encontramos
pessoas com renda inexistente, que moram em uma casa popular, mas que têm
fazendas registradas no nome delas”, explicou Secco.
Lavagem de dinheiro
A
força-tarefa também trabalha na identificação das formas usadas pela quadrilha
para lavar o dinheiro do tráfico. “Quem está apoiando a operação na parte de
lavagem de dinheiro é o núcleo da Lava Jato de Curitiba”, explicou Secco.
A
PF informou que uma das formas era por meio de fazendas, muitas em nomes de
laranjas. Conforme o delegado, Cabeça Branca tinha propriedades no Paraguai,
com mais de 20 mil cabeças de gado que funcionavam licitamente, e que eram
usadas para lavagem internacional de dinheiro.
“Ele
faz financiamentos bancários nas instituições paraguaias, mas financiamentos na
ordem de 8 a 10 milhões de dólares. E ele paga os financiamentos com o dinheiro
do tráfico”, explicou.
Wilson
Roncaratti, preso na operação, em Londrina, era empregado de Cabeça Branca e o
responsável transportar dinheiro em espécie, mas não tinha contato com o
tráfico de drogas, segundo o depoimento prestado por Rocha à PF, no dia
seguinte à sua prisão.
“A
função de Wilson Roncaratti era transportar dinheiro em espécie para o
interrogado; que em razão dessa função, era comum o interrogado pedir a Wilson
que fizesse viagens para a cidade de Ponta Porã (MS), fronteira com Paraguai,
com a finalidade de trazer e levar dinheiro em espécie”, explicou o traficante.
Depoimento
Em
depoimento à PF, Luiz Carlos da Rocha disse que a cocaína que vendia vinha da
Bolívia e era carregada em prioridades aleatórias no Mato Grosso. Em seguida, a
droga era levada para depósitos em Cotia e Embu das Artes, no interior de São
Paulo.
“O
pagamento pela cocaína fornecida era feito em espécie, em dólares; que o
pagamento era feito diretamente para o interrogado pelo comprador da cocaína”,
diz termo do depoimento.
Rocha
se negou a informar quem eram os compradores da cocaína, alegando razões de
segurança pessoal. “Esclarece que fornecia cocaína para compradores no Brasil e
estes supostamente exportavam cocaína”, se limitou a informar.
Segundo
Fábio Ricardo Mendes Figueiredo, advogado de Cabeça Branca, ele se sente
aliviado e já cogitava se entregar. Além disso, assumiu o crime e pretende
cumprir a pena, se possível em presídio federal.
Fonte:
G1
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