Grupo
ligado a criminoso conhecido como 'Cabeça Branca' usava o Porto de Santos para
exportar drogas para Europa e EUA, aponta investigação. Segundo a PF, ele era
mais influente que Beira-Mar e Abadia
O
traficante Luiz Carlos da Rocha, conhecido como Cabeça Branca e preso em
Sorriso (MT) neste sábado (1º), é descrito pela Polícia Federal (PF) como um
'embaixador do tráfico' porque tinha diplomacia para lidar com grandes facções
criminosas nacionais e internacionais sem que precisasse usar a violência. Esse
comportamento acabou permitindo que ele continuasse atuando tanto tempo sem que
fosse encontrado, segundo a PF.
De
acordo com as investigações, o criminoso usava o Porto de Santos (SP) para
exportar drogas para a Europa e os EUA e tinha mais influência que outros
traficantes, como Fernandinho Beira-Mar e Juan Carlos Abadia.
Mesmo
com três condenações que somam penas de aproximadamente 50 anos, de acordo com
a investigação, ele mantinha uma vida normal em Sorriso (MT), atuando como um
agropecuarista, vivendo com a mulher e um filho pequeno, sem negócios ilegais.
A polícia não divulgou a idade da criança.
Segundo
as investigações, Rocha mantinha um imóvel de alto padrão em um bairro nobre de
Osasco (SP) para fazer encontros com outros traficantes. No local, a polícia
apreendeu, neste sábado, aproximadamente US$ 2 milhões.
O
G1 tenta contato com a defesa de Luiz Carlos da Rocha.
Mais procurado pela PF
Cabeça
Branca é o traficante número 1 na lista de procurados pela Polícia Federal.
“Com certeza ele tinha mais importância e mais influência que esses traficantes
que você [repórter] mencionou: Abadia [o colombiano Juan Carlos Abadia] e
Fernandinho Beira-Mar", disse o delegado
O
traficante será transferido ainda neste sábado para Brasília (DF), de onde deve
seguir para um presídio federal ainda não definido. O G1 entrou em contato com
a PF em Brasília, mas não obteve retorno.
Operação Spectrum
A
operação, batizada de Spectrum, que significa fantasma, faz uma referência ao fato
de o traficante conseguir atuar há quase 30 anos sem ser localizado.
De
acordo com o delegado Igor Romário de Paula, a operação fugiu do padrão em
relação ao horário e começou por volta das 11h, porque a prioridade era prender
o alvo principal. Somente após a prisão dele, os policiais começaram a cumprir
os outros mandados.
Secco
explicou que, em segundo plano, estava a apreensão de cocaína e de dinheiro.
“Na data de hoje conseguimos realizar tudo”, comentou. Um caminhão com cocaína
foi apreendido neste sábado e a PF ainda não havia finalizado a pesagem da
droga.
A
ação envolveu aproximadamente 150 agentes federais. Ao todo, foram expedidos
dois mandados de prisão preventiva, por tempo indeterminado. Além de Rocha, foi
preso em Londrina, no norte do Paraná, Wilson Roncarati, considerado pela PF o
braço direito do traficante.
O
G1 também tenta contato com a defesa de Wilson Roncarati.
Também
foram expedidos 10 mandados de busca e apreensão de veículos, nove mandados de
busca e apreensão de imóveis e três mandados de condução coercitiva, quando a
pessoa é levada para depor e liberada em seguida.
As
ordens judiciais para as cidades de Londrina (PR), São Paulo, Embu das Artes,
Araraquara e Cotia (SP) e Sorriso (MT) são da 23ª Vara Federal de Curitiba,
ainda de acordo com a PF.
A
PF informou, ainda, que somente nesta primeira ação foram sequestrados
aproximadamente US$ 10 milhões, concentrados em fazendas, casas, aeronaves,
diversos imóveis e veículos de luxo importados.
A
estimativa das investigações é de que o patrimônio adquirido por Cabeça Branca
com o tráfico internacional de drogas chegue a US$ 100 milhões.
A organização criminosa
Ainda
conforme a PF, apesar de atuar com 'diplomacia' ao negociar com traficantes, a
organização criminosa liderada por Luiz Carlos Rocha tinha uma estrutura com
potencial para violência, com utilização de escoltas armadas, carros blindados,
entre outros, que eram utilizados de forma preventiva.
O
grupo, segundo a polícia, era um dos principais fornecedores de cocaína para
facções criminosas paulistas e cariocas. A organização atuava com estrutura
empresarial com áreas de produção em regiões de difícil acesso em países como
Bolívia, Peru e Colômbia. Além disso, a organização tinha logística de
transporte, distribuição e manutenção de entrepostos no Paraguai e no Brasil, e
exportando cocaína para Europa e Estados Unidos, através do Porto de Santos.
A
estimativa da PF é de que a quadrilha movimentava 5 toneladas de cocaína por
mês.
Segunda parte da operação
Segundo
o delegado Elvis Secco, a operação ainda terá uma segunda fase, que consiste na
busca do patrimônio adquirido com o dinheiro do tráfico de drogas e na
identificação das pessoas que faziam a lavagem desse dinheiro.
“Todos
os parentes terão sigilo fiscal e bancário quebrados para chegar ao patrimônio
adquirido pelo tráfico de drogas”, declarou.
A
princípio, entre 15 a 20 pessoas serão investigadas nessa nova etapa, entre
parentes e comparsas.
Fonte:
G1
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