PF
deflagrou operação com o objetivo de apurar fraude de licitação
A
Polícia Federal (PF) deflagrou nesta manhã (12), a operação Draga, com o
objetivo de apurar fraude na licitação, execução e fiscalização da obra de
dragagem de aprofundamento do P-100 ao P-104 do Porto do Itaqui em São Luís.
Foram
cumpridos sete mandados de busca e apreensão (MBA) nas cidades de São Luís, São
José dos Campos (SP) e Rio de Janeiro, expedidos pela Justiça Estadual –
Central de Inquéritos e Custódia da Comarca da Ilha de São Luís. A operação
contou com a participação de cerca de 40 policiais federais.
A
PF cumpriu três mandatos em São Luís: um no Porto do Itaqui, um na residência
do Coordenador de Projetos da Empresa Maranhense de Administração Portuária
(Emap) e um na residência do Diretor de Engenharia da Emap. Além disso, foi
determinada pela justiça a proibição de acesso ou frequência do Coordenador de
Projetos e do Diretor de Engenharia, e suspensão do exercício de sua função
pública pelo prazo de 90 dias.
Foram
também cumpridos três mandatos em São José dos Campos (SP): um na empresa
Fotogeo, e dois na residência de seus sócios. E por fim, no Rio de Janeiro foi
cumprido um na Empresa Jan de Nul.
A
obra de dragagem de aprofundamento do P-100 ao P-104 do Porto de Itaqui foi
executada pela Empresa an de Nul do Brasil Drenagem LTDA de dezembro de 2014 a
março de 2015, com o custo total de R$ 62.127.990,92. A fiscalização ficou a
cargo da empresa Fotogeo, com o custo de R$ 1.528.658,36.
A
investigação teve início com as declarações de um ex-funcionário da Emap, empresa
estadual que administra o Porto do Itaqui em São Luís. O ex-funcionário
declarou que apesar de ocupar a função de Gerente de Projetos, cargo no qual
deveria acompanhar a execução da obra, o andamento da obra foi deliberadamente
omitido do ex-funcionário, com o possível objetivo de ocultar fraudes. A
responsabilidade pela execução dos contratos (execução da obra e fiscalização)
coube ao Coordenador de Projetos, enquanto que o gestor do contrato foi o
Diretor de Engenharia da Emap.
A
fiscalização da execução da obra de dragagem se deu através do processo de
batimetria, que consiste na medição das profundidades dos mares e lagos por
meio de referenciação por ultrassons.
Sem
o processo de batimetria não é possível fiscalizar adequadamente a execução da
obra, já que a análise envolve a topografia antes, durante e após a execução. A
realização do processo de batimetria apenas após a execução, por exemplo, não
permite verificar quantos metros cúbicos de sedimentos foram efetivamente
dragados.
Segundo
declarações do ex-funcionário e indícios colhidos durante a investigação, a
Empresa Fotogeo não estava realizando a batimetria, mas apenas copiando os
dados fornecidos pela própria empresa responsável pela execução da obra, Jan de
Nul, e esses fatos eram de conhecimento do Coordenador de Projetos e Diretor de
Engenharia. A lancha, por exemplo, supostamente utilizada pela empresa Fotogeo
para realizar a batimetria estava alocada para a Empresa Jan de Nul.
Há
também indícios de fraudes na obra de dragagem em si, como a ausência de
fiscalização (batimetria) pela empresa Fotogeo, a aparente manipulação na
sindicância instaurada para apurar os fatos referentes à fiscalização e o sobrepreço
dos custos de mobilização/desmobilização e da obra de dragagem em si. O custo
de mobilização/desmobilização da obra foi de R$ 32 mi, enquanto que o custo da
obra em si foi de R$ 28 mi, ou seja, o custo da mobilização/desmobilização foi
superior ao da própria obra.
Em
obras similares, os valores envolvidos foram bem menores:
Também
foram observados indícios de sobrepreço do material dragado em comparação com
obras similares:
A
Empresa belga Jan de Nul já foi citada em colaborações premiadas no contexto da
Operação Lava Jato, em fraudes similares pelo Brasil. Considerando que os
recursos empregados na obra são de origem estadual, segundo acórdão do Tribunal
de Contas da União, a competência para julgamento dos fatos é da Justiça
Estadual, responsável pelo deferimento dos mandados de busca no Porto de
Itaqui, especificamente na Emap e nas Empresas Fotogeo e Jan de Nul, além das
residências do Coordenador de Projetos e do Diretor de Engenharia da Emap, e
dos sócios da empresa Fotogeo.
Nota da Emap
A
EMAP – Empresa Maranhense de Administração Portuária – informa que na manhã
desta quarta-feira, 12 de julho de 2017, houve o cumprimento de um Mandado de
Busca e Apreensão, referente ao processo de dragagem realizado pela empresa Jan
De Nul do Brasil e serviço de batimetria realizado pela empresa Fotogeo, ambos
licitados em 2014, ainda na gestão passada, e executados no começo de 2015.
A
decisão judicial refere-se a fatos que remontam ao ano de 2009, ainda em debate
administrativo no âmbito do Governo Federal.
Os
serviços foram concluídos e a batimetria foi homologada pela Marinha do Brasil.
A EMAP colabora com toda e qualquer investigação, reafirmando o compromisso da
atual gestão com a transparência e probidade.
Fonte:
O Estado-MA
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