Lista da Odebrecht chega à Baixada Santista; Informação
foi divulgada pelo Portal Poder 360
Ela tem nomes, codinomes e valores das doações de
campanha de oito políticos da região
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na memória: Manso ou BMW; Adoniran; Benzedor; Paris; Babosa; Estiva, Crusoé e
Pequeno. Eles são, respectivamente, os codinomes do deputado Beto Mansur; do
vereador Braz Antunes; do deputado João Paulo Tavares Papa; do vice-governador
Márcio França; do prefeito Paulo Alexandre Barbosa; do presidente do Sindicato
da Estiva, Rodnei Oliveira da Silva (Nei da Estiva), do sindicalista Robson de
Lima Apolinário (Crusoé) e do ex-secretário de Portos de Santos, Sérgio Aquino.
Todos
fazem parte de uma lista com nome a apelidos de 180 políticos brasileiros,
conhecida como versão 2.0 da “lista da Odebrecht”, que foi entregue pelo
diretor de Infraestrutura e um dos chefes do “Departamento de Propinas” da
empreiteira, Benedicto Barbosa da Silva Júnior, delator na Operação Lava Jato.
Ela foi divulgada hoje pelo site Poder 360, do ex-colunista de Política da
Folha, Fernando Rodrigues, e faz parte de um arquivo sistematizado que possui
ainda os valores pagos por meio de caixa 2. O arquivo cobre as eleições de 2008
a 2014.
Como faziam
Segundo
lista, enquanto candidato, o deputado Beto Mansur (Manso ou BMW) não tinha
intermediários e os valores doados para sua campanha (R$ 150 mil e 300 mil)
foram pedidos por ele que tinha o compromisso de apresentar e defender projetos
de interesse da Odebrecht na Câmara dos Deputados. O mesmo compromisso teria o
deputado João Paulo Tavares Papa (Benzedor), que recebeu R$ 300 mil da
empreiteira.
O
vice-governador Márcio França (Paris), candidato a deputado federal, teria
recebido somente R$ 70 mil em doação, também sem intermediários. Já o prefeito
de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (o Babosa), para a campanha de 2012, teria
recebido duas doações de R$ 300 mil (R$ 600 mil), por intermédio do
intermediário Jeferson Novelli de Oliveira.
Braz
Antunes (Adoniran); Nei da Estiva (Estiva), Robson Apolinário (Crusoé) e Sérgio
Aquino (Pequeno) receberam de doação R$ 20 mil; R$ 20 mil, R$ 20 mil e R$ 400
mil, respectivamente.
Planilhas
Conforme
o site www.poder360.com.br, o executivo e outros delatores também entregaram
milhares de planilhas extraídas do sistema informatizado Drousys, usado no
controle e registro dos pagamentos de propina.
Segundo
o delator, um mesmo político podia ter dois codinomes em contextos diferentes,
e o mesmo apelido podia ser usado para dois destinatários. O objetivo era
evitar que os entregadores do dinheiro soubessem quem receberia a remessa. Os
pagamentos geralmente eram feitos em dinheiro vivo.
Departamento de Propinas
Barbosa
e outros delatores explicaram de forma didática como surgiu e como operava o
“Departamento de Operações Estruturadas” ou “Departamento de Propina” da
empreiteira. O comando direto era de Hilberto Mascarenhas, executivo da
Odebrecht em Salvador. Os valores, ao longo de oito anos (desde 2006), movimentaram
cerca de R$ 3,3 bilhões.
As
delações incluem também um diagrama sobre a movimentação dos valores destinados
ao pagamento de propina. Primeiro, o dinheiro era enviado a offshores da
Odebrecht em paraísos fiscais. Depois, cabia ao doleiro Olívio Rodrigues
(descrito por Hilberto como o principal operador financeiro da Odebrecht)
encaminhar os recursos.
Márcio França
A
Assessoria do vice-governador Márcio França informou, por nota, que a Odebrecht
doou oficialmente para o PSB Nacional em 2010, sendo que essa doação foi
declarada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pelo então presidente do
partido, Eduardo Campos, e repassada para vários candidatos a deputado federal
do partido, no fim da campanha. “No meu caso, não recebi os valores porque já havia
prestado contas à Justiça Eleitoral, e estava com a prestação encerrada",
disse França.
Rodnei
Nei
da Estiva disse que a denuncia não tem, em absoluto, qualquer fundamento, pois,
“não recebeu por dentro, por fora ou de qualquer outra forma dinheiro da Odebrecht,
para minha campanha à deputado federal em 2010. Peço que você aprofunde e
analise a hipótese de que o denunciante, esse tal de Benedicto, que sequer
conheço, tenha ficado com o dinheiro e dito que tinha entregue à mim”, disse,
que acredita que “muitos, na Odebrecht, usaram deste expediente, alegam que vão
ajudar financeiramente um candidato e depois enfiam o dinheiro no bolso e dizem
que entregaram. Gostaria muito de saber que me entregou esse dinheiro”,
completou.
Paulo Alexandre Barbosa
O
prefeito Paulo Alexandre Barbosa (Babosa) repudia a citação de seu nome em uma
pretensa lista que seria oriunda da Odebrecht, referente a doações a políticos.
Segundo ele, ela não retrata a chamada Lista Fachin, esta sim oficial, já
divulgada pela imprensa. Diz ainda que que jamais recebeu qualquer contribuição
da Odebrecht.
Papa
O
deputado João Paulo Papa (Benzedor), em nota, disse que possui mais de 30 anos
de uma vida pública marcada por muito trabalho e absoluto respeito às leis em
todos os cargos que exerceu. “Participei, como candidato, de três eleições em
2004, 2008 e 2014, e sempre pautei minhas ações com transparência e lisura.
Prestarei todos os esclarecimentos necessários. Tenho plena confiança de que a
Justiça vai dirimir dúvidas que existam e evidenciar a verdade, pois não
pratiquei qualquer irregularidade. Todos os recursos captados foram declarados
conforme as leis vigentes; todas as minhas contas foram aprovadas pela Justiça
Eleitoral, sem ressalvas".
Sérgio Aquino
Sérgio
Aquino, o Pequeno, disse que tomou conhecimento ontem da lista da empresa
Odebrecht com supostos pagamentos a pessoas ou candidatos, mas garante que não
recebeu nada.
“Se estiverem falando de campanha, a única em
que participei foi em 2012 e os doadores constam da prestação de contas que foi
aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral e não há doação de tal empresa.
Naquela única campanha, parte dos recursos, num total de R$ 934.978, foram
transferências dos diretórios Nacional, Estadual e Municipal do partido.
Portanto, se a Odebrecht efetuou alguma doação ao partido e depois este
repassou à minha campanha, tais valores foram declarados”, disse, destacando
que nas eleições de 2012, a lei eleitoral não obrigava vinculação das
transferências partidárias com os doadores originais.
“Atualmente,
esta vinculação está prevista na lei. Todas estas transferências estão
declaradas e encontram-se no sistema do TSE com acesso público”, finalizou.
Beto Mansur
O
deputado Beto Mansur (Manso ou BMW) não respondeu ao Diário, mas em um vídeo,
via rede social, disse que está tranquilo, que os recursos recebidos da Odebrecht
foram declarados e consta no TSE e que, ao final, tudo ficará comprovada sua
lisura.
Fonte:
Diário do Litoral
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