A organização, composta por 30 pessoas, acumulou patrimônio de mais de R$ 7,5 milhões
A
prisão de dois homens em abril do ano passado, em Cubatão, contribuiu para que
a Polícia Federal desarticulasse na última terça-feira (28), uma das quadrilhas
que utilizam o Porto de Santos para enviar cocaína para à Europa.
A
organização, composta por 30 pessoas e que acumula patrimônio de mais de R$ 7,5
milhões, foi alvo de 50 ordens judiciais em seis estados.
Como
o grupo criminoso, a polícia localizou e apreendeu seis aeronaves de pequeno
porte, 35 veículos, entre carros de luxo e caminhões, cinco imóveis, incluindo
um aeródromo em Corumbá, na fronteira de Mato Grosso do Sul com a Bolívia, e
bloqueou 68 contas correntes bancárias fraudulentas.
Dois
dos 18 alvos da operação deflagrada pela Polícia Federal no Mato Grosso do Sul
foram na Baixada Santista. Trata-se de uma dupla de narcotraficantes que
pertence a uma organização criminosa que transportava cocaína para dentro do
Brasil e exportava parte dela pelo Porto de Santos. Os federais estimam,
inicialmente, que o patrimônio do grupo já ultrapassava os R$ 7,5 milhões. O
valor e os bens são decorrentes dos crimes.
A
operação, deflagrada ao amanhecer envolveu 150 policiais federais e chamada de
All In, foi executada em 14 cidades dos estados de Mato Grosso do Sul, Mato
Grosso, Paraná, São Paulo, Goiás, e Minas Gerais. Eles cumpriram 50 mandados
judiciais (18 de prisão cautelar, 25 de busca e apreensão e sete de condução
coercitiva).
O
delegado José Antônio Franco, responsável pela operação, explica que a
organização criminosa importava a droga da Bolívia com recursos próprios. Os
carregamentos eram comprados e transportados nos aviões do grupo e que voavam
regularmente entre as fronteiras.
Já
no Brasil, a cocaína era transportada em carros e caminhões para os estados do
Sudeste. A maior parte se destinava à exportação. O destino principal era a Europa
e, para isso, a droga era levada ao Porto de Santos, onde células locais a
escondiam em navios e m contêineres.
Mais de 800 quilos
Em
27 de abril de 2016, agentes da Polícia Federal em Santos localizaram 500
quilos de cocaína, em 463 tabletes, com dois motoristas em um caminhão em
Cubatão: Celso Luiz Lopes, de 62
anos, e Caio Luiz Carlone, 32 anos,
detidos em flagrante e encaminhados à Penitenciária de São Vicente por tráfico.
“Nas
investigações, que estavam em andamento, descobrimos que eles pertenciam a esta
quadrilha, assim como o carregamento”, afirma Franco. De acordo com o delegado,
eles foram ouvidos por agentes da Delegacia da Polícia Federal, em Santos, que
colaborou com a operação.
A
partir daí, um novo carregamento para o cais santista foi interceptado em
setembro, desta vez na Capital paulista. Uma pessoa foi presa. Apreenderam 306
quilos da mesma droga e, como no outro flagrante, a pureza e qualidade da
cocaína deixaram evidente que era tipo exportação.
Líder do grupo
Entre
os presos da operação está Gerson
Palermo, de 53 anos, considerado pela polícia o líder da organização. Ele
foi encontrado em sua casa no Bairro Jardim Antártica, em Campo Grande (MS), no
início da manhã. Velho conhecido da polícia e, consequentemente da Justiça, ele
não apresentou resistência. A mulher dele também foi detida.
“Ele
já foi preso seis vezes pela Polícia Federal. Há 30 anos ele atua no mundo do
crime e, desta vez, a gente acredita que, pela robustez das provas, alinhada ao
patrimônio (dele e do grupo criminoso) que a gente conseguiu sequestrar, a
gente consiga, finalmente, tirá-lo de operação”, disse o delegado José Franco.
Em
2000, Palermo foi condenado pela Justiça a 20 anos de prisão por roubar um
avião da extinta Vasp que levava R$ 5 milhões em malotes do Banco do Brasil no
compartimento de carga. Ele teve a ajuda de oito homens na ocasião. A aeronave
tinha 61 pessoas a bordo e faria a rota Foz do Iguaçu (Paraná) e São Luiz
(Maranhão).
Gerson
aparece também como um dos fundadores de uma facção criminosa e está entre os
envolvidos de uma rebelião ocorrida em 2005 no presídio de segurança máxima de
Campo Grande (MS). Desde 2010 ele cumpre pena em regime semiaberto. Segundo a
PF, ele nunca deixou de praticar atividades criminosas.
Investigação
Apenas
um dos 18 mandados de prisão cautelar não foi cumprido nesse dia. O foragido é
o proprietário do aeródromo de Corumbá (MS), que também pertencia à
organização. As investigações determinaram que o local era utilizado como pista
de decolagem e pouso para o recolhimento internacional e a distribuição dos
carregamentos ilegais pelo País.
Além
disso, os trabalhos identificaram contas bancárias com nomes de laranjas para
despistar as ações do grupo e lavar dinheiro. “Verificamos que eles utilizavam
documentos de terceiros, com e sem consentimento deles. Quando a pessoa sabia,
ela recebia em troca algum valor financeiro”, explicou o delegado.
Entre
os casos de que havia o consentimento do uso de dados pessoais, Franco destacou
o de doentes, debilitados e até de usuários de droga. “Temos o registro de três
pessoas que vivem em cracolândia. Em outro caso, uma pessoa sem recurso era
apontada como dona de uma das aeronaves da quadrilha. Nós a trouxemos à
delegacia e a pessoa ficou surpresa”.
Ainda
segundo os federais, o nome “All In” para a operação deflagrada faz referência
a uma manobra do Poker. O jogador aposta todas as fichas em uma mão de cartas,
assim como a organização criminosa que foi desmantelada, que arriscava transportando
grande quantidade de entorpecente de uma única vez.
Organização
O
delegado José Antônio Franco, responsável pela “Operação All In”, disse que as
investigações se concentraram em desmantelar a organização, segundo ele, “muito
bem estruturada”. Por isso, eventuais cúmplices na Baixada Santista, ponta
final da cadeia logística no Brasil, ainda não foram identificados.
“A
gente sabe que o grupo tinha núcleos muito bem definidos e, por isso, também
atuava há muito tempo. Seja no transporte aéreo, na abertura de contas para
lavar dinheiro ou então, para encaminhar a droga até São Paulo e chegar ao
Porto”, disse o delegado. “Sabemos que os carregamentos passaram, mas ainda não
sabemos quantos”.
A
Polícia Federal, conforme o Jornal A Tribuna já noticiou, tem conhecimento de
que no Porto de Santos atuam organizações criminosas diversas. A droga é
transportada até a região, onde pessoas que tem conhecimento da rotina do porto
local e da movimentação de navios ficam encarregadas do trabalho final: o embarque.
Somente
neste ano, já foram apreendidos 3.017 quilos de cocaína no Porto de Santos,
pela Polícia Federal e pela Receita Federal. Em 2016 o recorde histórico foi
quebrado, quando o balanço das autoridades fechou dezembro último com ao menos
10,6 toneladas da droga interceptadas no cais santista antes de serem enviadas
para o exterior.
Atenta
a essa situação e para conter o avanço do narcotráfico no complexo portuário, a
Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou uma unidade de controle no cais
santista. Trata-se de uma parceria estabelecida com o Fisco para ampliar o
monitoramento de cargas e coibir eventuais ações criminosas. A instalação completa
ocorrerá até o final do semestre.
Fonte:
Jornal A Tribuna
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