Ex-secretário executivo da SEP assume cargo e fala em
ampliar autonomia das docas
O
Governo Federal nomeou o ex-senador Luiz Otávio Oliveira Campos (PMDB-PA) – que
chegou a ser alvo da Operação Leviatã, desdobramento da Operação Lava Jato –
para chefiar a nova Secretaria Nacional de Portos, do Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação Civil (MTPAC). Em entrevista exclusiva ao Jornal
A Tribuna, o titular do órgão falou sobre a investigação e revelou suas
prioridades para o setor: agilizar a aprovação do decreto com medidas para
atrair investimentos aos complexos marítimos, ampliar a autonomia administrativa
das companhias docas e até abrir o capital dessas empresas.
A
nomeação de Campos foi publicada na edição da última terça-feira do Diário
Oficial da União. A portaria foi assinada pelo ministro-chefe da Casa Civil,
Eliseu Padilha.
A
Secretaria Nacional de Portos foi criada com a última reestruturação do MTPAC,
em 9 de março passado. O setor chegou a contar com um ministério próprio, a
Secretaria de Portos (SEP), extinta no ano passado, e depois foi administrado
por duas secretarias do Ministério dos Transportes, ambas de menor destaque. O
órgão continua subordinado à pasta, mas ganha maior força.
Desde
essa época, a gestão dos portos era disputada. O cargo chegou a ser cobiçado
pelo senador Renan Calheiros (PMDB–AL). A escolha de Campos, ligado ao ministro
da Integração Nacional, Helder Barbalho, e ao senador Jader Barbalho (pai de
Helder), ocorreu após meses de negociação.
O
titular não é um estranho no setor. Ele foi secretário-executivo da extinta SEP
quando era administrada por Helder Barbalho, no governo da presidente Dilma
Rousseff, entre 2015 e o ano passado.
O
novo secretário já traça planos para o setor e garante que o fato de ter sido
investigado na Operação Leviatã, da Polícia Federal, em fevereiro deste ano,
não representa um obstáculo para seu trabalho. “Fui levado para depor, me
ouviram e nada ocorreu. Esclareci o que me perguntaram, apenas isso. Considero
que a Operação Lava Jato está fazendo algo incrível para o País. Mas nem todos
os citados são culpados. Temos de fazer justiça”, afirmou.
A
Operação Leviatã é consequência de um inquérito que investiga o pagamento de
propina de 1% do valor das obras da Usina de Belo Monte, no Pará, ao PMDB e ao
PT. O dinheiro teria sido repassado por empresas do consórcio construtor.
Prioridades
Campos
já começou a trabalhar na nova função e definiu seus principais projetos.
“Temos de destravar o que está parado, atrair investimentos e ajudar os portos
a se desenvolverem”, relatou.
Nesse
sentido, o secretário considerou prioritária a publicação do denominado Decreto
dos Portos, texto que irá alterar aspectos da atual Lei dos Portos (nº 12.815,
de 2013) e aguarda apenas a aprovação da Casa Civil para ser publicado. O
decreto deve permitir que arrendatários de terminais portuários possam realizar
investimentos que seriam uma responsabilidade do poder público e, também,
diminuir os prazos da tramitação de processos entre a Agência Nacional de
Transportes Aquaviários (Antaq), o MTPAC e a Secretaria de Portos, entre outros
pontos.
Luiz
Otávio Campos também defendeu uma maior autonomia administrativa para as
administrações dos portos, tema a ser debatido por um grupo de trabalho criado
na última terça-feira pelo ministro dos Transportes, Portos e Aviação Civil,
Maurício Quintella. “Temos de ter as docas mais ágeis, sem depender tanto do
Governo. E para isso, temos de dar uma maior autonomia para elas. Essa é outra
prioridade, que irei perseguir ao lado do ministro Quintella”, explicou.
Em
relação às companhias docas, o secretário prevê até abrir seu capital, uma
estratégia para atrair recursos ao setor. Tal medida deve ser aplicada
principalmente na Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), a Autoridade
Portuária de Santos.
Ao
falar sobre o cais santista, Campos disse que não pretende fazer alterações em
sua diretoria. E revelou que irá visitá-lo no próximo dia 24.
“Irei
a Santos, nosso principal porto, e vamos trabalhar pelo seu desenvolvimento.
Vou trabalhar ao lado do ministro, assim como trabalhei ao lado do ministro
Helder (entre 2015 e 2016, na SEP)”, destacou.
Fonte:
Jornal A Tribuna
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