Porto
de Santos ganhará unidade de controle
Acordo
assinado entre Receita Federal e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e
Crime (UNODC) vai intensificar a fiscalização aduaneira e estabelecer ações
preventivas de identificação das quadrilhas.
O
aumento do tráfico de drogas, principalmente cocaína, por meio de contêineres
de produtos exportados pelo Brasil, levou a Receita Federal a pedir ajuda da
Organização das Nações Unidas (ONU) para integrar uma rede internacional de
inteligência com o objetivo de apertar a fiscalização nessa área.
Acordo
assinado pela Receita e pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
(UNODC) vai intensificar a fiscalização aduaneira e estabelecer ações
preventivas de identificação das quadrilhas. Apenas nos dois primeiros meses de
2017, a apreensão da cocaína já atingiu três toneladas - a maior parte no porto
de Santos -, segundo dados da Receita. Em 2016, a apreensão foi seis vezes
maior do que em 2015, atingindo 15,2 toneladas.
Com
o acordo, será criada uma Unidade de Controle Portuário (UCP) no Porto de
Santos para ajudar na identificação das quadrilhas e na apreensão das cargas
ilícitas de tráfico de drogas e reagentes químicos, contrabando, pirataria e
evasão fiscal. Os reagentes, chamados precursores, são usados na fabricação de
drogas. Servidores da Receita vão atuar no UCP em conjunto com o escritório da
ONU.
Por
causa dos países vizinhos que possuem em seus territórios áreas produtoras de
cocaína - Bolívia, Peru e Colômbia -, o Brasil se tornou uma das principais
rotas de escoamento da droga, cujo destino é a Europa e os mercados asiáticos.
A entrada do produto se dá, principalmente, pela rota do Rio Solimões. A droga
chega pela região da tríplice fronteira, ultrapassa o Norte do País por meio dos
rios, para chegar aos principais centros consumidores e, também, a regiões de
escoamento, no caso os portos e aeroportos brasileiros.
No
caso dos aeroportos, o Brasil, por meio da Polícia Federal, tornou-se o oitavo
país da América Latina e Caribe a aderir à rede Aircop. Financiada pela União
Europeia, a Aircop é uma multiagência antitráfico, cujo objetivo é reforçar o
treinamento de agentes da lei na detecção, na interdição e na investigação em
aeroportos internacionais.
“A
rede de inteligência traz mais informações para mapearmos as quadrilhas, a
cadeia logística e o seu modus operandi”, disse o subsecretário de Aduanas da
Receita, Ronaldo Medina. Segundo ele, com o convênio, auditores serão treinados
para atuar com ajuda dessa rede de inteligência no combate do narcotráfico. A
Polícia Federal atua em conjunto com a Receita.
Estratégia
A
cocaína é colocada pelas quadrilhas nos contêineres depois que eles saem das
fábricas. É no meio do caminho, antes de chegar ao porto, que a droga é
acomodada, na maioria dos casos tendo o motorista do caminhão como cúmplice. A
prática é chamada de “contaminação” das exportações, mas são poucos os casos em
que os exportadores estão envolvidos.
Depois,
no local de destino, a mercadoria é interceptada e o contêiner que funciona como
a “mula” da droga é retirada. A área de inteligência da Receita já conta com
uma rede de olheiros para ajudar na detecção da carga contaminada. A maior
parte é de contêineres de cargas industrializadas, com caixas, ou produtos
ensacados, como açúcar e café.
“O
importador vai sentir (só depois) a falta da carga que foi subtraída para criar
espaço dentro do contêiner”, disse Medina. Segundo ele, há uma preocupação
muito grande com o aumento da contaminação das mercadorias, mas o que o que interessa
é conter a quadrilha.
Na
região da América Latina e do Caribe, o programa da ONU opera em oito países e
sua implementação tem como doadores o Canadá, os Estados Unidos e o Reino
Unido. Com o acordo, o Brasil passa a fazer parte do programa do UNODC, que em
breve será expandido para outros seis países: Argentina, Peru, El Salvador,
Honduras, Cuba e Costa Rica.
Segundo
o representante do Escritório do UNODC no Brasil, Rafael Franzini, o objetivo é
traçar os perfis dos contêineres. A organização possui um sistema que permite
aos usuários pesquisar e rastrear contêineres com destinos específicos e também
fornece ao usuário informações detalhadas sobre o tipo de carga, roteamento,
métodos de pagamento de frete e toda a informação necessária para identificar
transportes de alto risco.
Fonte:
O Estado de S. Paulo
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