Eles
vão integrar a unidade de combate às drogas do Porto de Santos
Ainda
neste mês, quatro servidores da Alfândega do Porto de Santos vão iniciar um
treinamento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) e por seu
Escritório sobre Drogas e Crime (UNODC). A medida integra o plano para ampliar
o combate ao tráfico internacional de entorpecentes no Porto, com a implantação
da Unidade de Controle Portuário (UCP) local, prevista para o segundo semestre.
Além
do treinamento dos servidores, está prevista a chegada de equipamentos que vão
possibilitar a troca de informações entre a Aduana santista e outras do País.
Com isso, a expectativa é que haja uma maior agilidade no trabalho de inteligência
e análise de risco.
“A
ONU já possui um programa conjunto com a Organização Mundial das Aduanas e com
o Programa de Controle de Contêineres (CCP, na sigla em inglês). Essa
iniciativa visa estabelecer uma cooperação entre os países participantes e
melhorar o nível de controle em termos de segurança no trâmite desses
contêineres”, explicou o responsável pela Coordenação Operacional Aduaneira da
Receita Federal, Fabiano Coelho.
O
coordenador explica que Canadá, Reino Unido e Estados Unidos fornecem fundos
para o desenvolvimento de atividades nessa área, com capacitação de pessoal e,
eventualmente, a introdução de novos equipamentos e tecnologias.
De
acordo com o representante da UNODC no Brasil, Rafael Antonio Franzini Datlle,
a ideia é traçar um perfil das cargas utilizadas no transporte de drogas no
cais santista. Com isso, poderão ser direcionadas as ações de inteligência para
a detecção dos crimes e das principais rotas utilizadas para o tráfico.
“Vai
ajudar as pessoas que trabalham na fiscalização a fazer um melhor perfil e
também a compartilhar (esses dados) com outras dependências portuárias ou
outros países”, destacou o representante da UNODC.
Para
o auditor fiscal e chefe substituto da Divisão de Vigilância e Controle
Aduaneiro (Divig) da Alfândega do Porto de Santos, Oswaldo Souza Dias Junior, a
expectativa é que o treinamento aplicado aos servidores melhore a eficiência do
trabalho de inspeção das cargas. “Existe, evidentemente, uma evolução e um
maior preparo das equipes envolvidas para detecção de cargas irregulares, mas é
inegável que as organizações criminosas estão atuando”.
Não
só em Santos, mas em outros portos também. Talvez em Santos mais, pelo volume
de comércio exterior que se pratica aqui. “A tendência é que cargas lícitas,
exportações regulares, sejam eventualmente utilizadas sem o conhecimento do
exportador para o envio de drogas”, disse.
Vulnerabilidades
Para
Dias, os traficantes se aproveitam de vulnerabilidades que existem na cadeia
logística. As drogas podem ser escondidas durante o deslocamento da carga – dos
armazéns em que os produtos são estufados até serem embarcados, por exemplo.
Nos
dois primeiros meses do ano, mais de 3 toneladas de cocaína já foram
encontradas no Porto, prontas para serem embarcadas para a Europa. A última
apreensão – a maior do ano – foi feita no último mês, quando 760 quilos da
mesma droga foram encontrados em um terminal na Margem Esquerda (Guarujá).
No
ano passado, as apreensões de cocaína em terminais marítimos e em navios no
cais santista totalizaram 10,6 toneladas, oito vezes mais do que o registrado
em 2015. A ocorrência de maior destaque em 2016 foi em 31 de agosto, com a
apreensão de quase 1,5 toneladas do entorpecente.
“Melhorou
muito a nossa capacidade de articulação. Nossas equipes de gerenciamento de
riscos estão mais bem treinadas, estabelecemos parcerias importantes com outras
autoridades de controle internacionais, no caso, as Nações Unidas, e até mesmo
no âmbito interno com as polícias”, destacou Coelho.
Fonte:
Jornal A Tribuna
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