Os criminosos rompem as bicas, que ficam na parte
traseira, derramando parte da carga pela rua, muitas vezes sem que o motorista
perceba
A
Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) organizou um novo
sistema de agendamento de descarga no Porto de Paranaguá. O grupo também avalia
medidas de segurança que devem ser tomadas para evitar a abertura de bicas dos
caminhões no caminho entre o pátio de triagem e os terminais. O objetivo é
evitar o furto de cargas e as ações fazem parte da Operação Safra.
As
cargas mais visadas são grãos e fertilizantes. Normalmente, o furto ocorre
durante a noite ou quando o caminhão está trafegando em baixa velocidade. Os
criminosos rompem as bicas, que ficam na parte traseira, derramando parte da
carga pela rua, muitas vezes sem que o motorista perceba. Imediatamente, outros
recolhem e levam para depósitos clandestinos nas imediações do porto.
O
caminhoneiro Marcio Augusto Cordeiro transporta farelo de soja de Ponta Grossa
para o litoral do estado. Ele faz o trajeto semanalmente e afirma que teve o
caminhão saqueado duas vezes. “Eles trancam a rua e abrem os caminhões,
derramam as cargas e saqueiam. Todo dia, há uma média de dez ou quinze
caminhões, às vezes mais, que estão sendo saqueados. Eles ficam na beira das
rodovias, da BR-277 que é o acesso ao porto, e nas avenidas principais. Quando
o caminhão passa devagar, eles vão atrás de bicicleta ou a pé, abrem e roubam a
carga”, lamenta.
Para
coibir a ação, os próprios caminhoneiros desenvolveram uma trava que impede a
abertura das biqueiras. Mas os criminosos seguem encontrando novas formas de
roubar os itens. “Agora, como todo mundo está dificultando a ação deles, eles
estão partindo para a violência. Já houve caso de assassinato, mataram o
motorista a tiros. No último final de semana, um motorista foi atingido na
coluna, ficou paraplégico. Eles quebram para-brisa, vidros. Eles estão demais.
Nunca esteve desse jeito. Está difícil trabalhar”, conta Marcio.
O
caminhoneiro Jair Bassani afirma que faz de quatro a cinco viagens por semana
para o Porto de Paranaguá. Ele também acredita que a situação está pior neste
ano. “A gente fica inseguro, porque precisamos trabalhar. Esse ano está
terrível. Todo dia eles saqueiam caminhão. Teve dois amigos meus que levaram
tiros em Paranaguá. Teve um amigo que teve o caminhão apedrejado, estourou os
vidros, caiu dentro do caminhão”, afirma.
Para
coibir a ação dos bandidos, a PRF afirma que já há um trabalho integrado. O
chefe do Núcleo de Comunicação da PRF, Fernando Oliveira, afirma que o setor de
inteligência da polícia tenta identificar os responsáveis pelos saques,
depósito e receptação da carga furtada. “A Polícia Rodoviária Federal, além das
viaturas caracterizadas, tem também feito um trabalho de inteligência buscando
identificar os responsáveis. Identificar não apenas os autores do crime, mas
também quem está por trás”, garante. “Com base nessas informações, em conjunto
com outras forças de segurança, a gente tem tentado estabelecer uma ação
conjunta”.
Para
agilizar a descarga e evitar saques, a Operação Safra, organizada pela Appa
determinou que os caminhões devem sair do local de origem com o horário de
descarga nos terminais já definido. O objetivo é de que a chegada dos grãos
seja feita de maneira ordenada, sem acúmulo de caminhões. De acordo com a
assessoria da Appa, já foram realizadas reuniões com a Polícia Militar (PM),
Guarda Municipal e Polícia Rodoviária Federal (PRF). Com o auxílio da Unidade
Administrativa de Segurança Portuária (Guarda Portuária), deve ser formada uma
ação integrada para evitar os saques.
A
assessoria de imprensa do governo estadual informou que não existe um registro
do número de ocorrências envolvendo saques de cargas no Porto de Paranaguá, que
rondas periódicas são feitas na região para coibir os saques e que elas serão
intensificadas nas próximas duas semanas.
Fonte:
Paraná Portal
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