Pela legislação brasileira, o setor público não pode
contratar mão de obra, mas pode recorrer a serviços terceirizados
O
governo federal vai endurecer as regras de pagamento das empresas de
trabalhadores terceirizados que prestam serviços para a administração direta,
indireta e empresas estatais federais. Um mercado que movimenta R$ 45,5 bilhões
por ano e emprega 1,09 milhão de terceirizados em todo o País, entre eles, seguranças,
copeiros e faxineiros.
Portaria
que foi publicada na quarta-feira, 21, no Diário Oficial da União fixa uma
regra única para todo o setor público federal que impede o gestor de fazer os
pagamentos mensais do serviço contratado se a empresa de terceirizados não
comprovar que está em dia com o recolhimento dos direitos previdenciários e
trabalhistas dos seus funcionários, como FGTS, INSS, 13.º salário. O dinheiro
será retido e a empresa não vai receber o pagamento.
As
empresas terão também de contratar um seguro de até 5% do valor do contrato,
limitado a dois meses do valor da folha. Esse seguro será usado para os casos
em que as empresas não cumprem os direitos trabalhistas, por exemplo, nos casos
de falência. O repasse de dinheiro para o pagamento de licença maternidade,
auxílio-doença (os 15 dias iniciais em que a empresa é obrigada a arcar com o
custo do trabalhador) e substituições só será feito a partir de agora no fato
gerador do benefício.
Atualmente,
o valor anual do contrato é dividido em 12 parcelas mensais, sem levar em conta
os pagamentos. Isso faz com que as empresas, em muitos casos, gastem antes o
dinheiro e acabem não tendo recursos para pagar os direitos trabalhistas e
previdenciários. Há muitos casos em que o próprio governo federal e as empresas
estatais são acionadas na Justiça pelos trabalhadores para honrar esses compromissos
assumidos pelas empresas.
Sem vínculos
Pela
legislação brasileira, o setor público não pode contratar mão de obra, mas pode
recorrer a serviços terceirizados. Esses trabalhadores não têm qualquer vínculo
trabalhista com administração pública. O governo federal tem 90 mil empregados
terceirizados a um custo anual de R$ 5,5 bilhões e as estatais federais gastam
R$ 40 bilhões para empregar cerca de 1 milhão de terceirizados.
As
novas regras são medidas de segurança financeira para impedir que o setor
público tenham que depois arcar com esses custos que seriam das empresas. A
regra geral evita também casos de contratos com desequilíbrio financeiro
contaminarem outros contratos de uma mesma empresa. ?Os gestores terão que
fiscalizar se os direitos do trabalhador estão sendo pagos?, disse ao jornal O
Estado de S. Paulo o secretário de Gestão do Ministério do Planejamento,
Gleisson Rubin.
Segundo
ele, há casos em que a Justiça coloca o governo como solidário em disputas
trabalhistas. O secretário contou um caso emblemático que ocorreu em Brasília,
em 2013, quando uma única empresa que tinha 40 contratos decretou falência
deixando milhares de empregados terceirizados sem receber os direitos
rescisórios do contrato de trabalhado. As mudanças, disse ele, vão dar mais segurança
para os trabalhadores. “O seguro garante o pagamento quando a empresa feche e
não paga”, afirmou Rubin.
A
portaria que foi publicada na quarta-feira, 21, também exige a abertura de
uma conta vinculada em separado para os pagamentos referentes a férias, 13.º
salário e rescisão contratual. A medida evita que o dinheiro para o cumprimento
desses compromissos seja utilizado pela empresa para outra finalidade.
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