A ampliação do sistema para que ele mapeie cargas
perigosas teve custo marginal para as empresas e ajudará a tornar a operação
mais segura
As
cargas perigosas do Porto de Santos (SP), o maior da América Latina, vão passar
a ser monitoradas em todos os terminais, para evitar incêndios de grande porte,
como os ocorridos em 2015 e 2016.
Um
mapa em três dimensões, com dados atualizados on-line sobre o que há em cada um
dos cerca de 80 mil contêineres armazenados no porto mensalmente, passará a
estar disponível para que o porto possa dar mais agilidade no combate a
incêndios.
Após
análises de um grupo de trabalho formado por empresas, prefeitura, a
administração do porto e entidades da cidade litorânea para analisar os
incêndios, ficou demonstrado que o fogo na Localfrio, em janeiro de 2016, que
durou 50 horas, foi ampliado pela falta de conhecimento das cargas que estavam
próximas ao local que pegou fogo.
"Ninguém
sabia o que tinha nos contêineres. Quando pegou fogo, [o bombeiro] não sabia o
que tirar ou deixar por perto. Esse mapeamento vai ajudar bastante",
explicou Ademar Salgosa, presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos
de Santos, uma das entidades que ajudou a elaborar um novo plano para a cidade.
Os
prejuízos quando o Porto de Santos para, como quando ocorreram os incêndios,
são incalculáveis. De cada dez contêineres que circulam no país, quatro passam
em Santos. Além disso, a paralisação do porto torna a cidade inteira um caos.
O
Secretário de Portos da Prefeitura de Santos, José Eduardo Lopes, diz que é
necessário armazenar e movimentar de forma segura as cargas, dentro dos
melhores padrões internacionais, para evitar novas ocorrências. Segundo ele, a
Companhia Docas contratou uma empresa para gerenciar um plano para diminuir os
riscos, seguindo pedido feito pela prefeitura, o que deverá dar mais segurança
às operações.
Sistema
Matheus
Miller, secretário-executivo da Abtra (Associação Brasileira de Terminais e
Recintos Alfandegados), que congrega 59 terminais do porto, diz que o novo
monitoramento em 3D foi feito a partir de um sistema já implantado pelas
empresas que registra os contêineres que entram no porto e é compartilhado com
a Receita Federal.
Segundo
ele, a ampliação do sistema para que ele mapeie cargas perigosas teve custo
marginal para as empresas e ajudará a tornar a operação mais segura. Os
próximos passos serão monitorar as cargas fora de contêineres, como líquidos
inflamáveis e produtos agrícolas que também já causaram incêndios de grandes
proporções.
Foi
o caso do incêndio no terminal da Ultracargo, em maio de 2015, que, segundo o
levantamento do grupo de trabalho que analisou o tema, foi o segundo maior já
registrado no mundo. Os tanques de combustível da empresa pegaram fogo por oito
dias.
Segundo
Salgosa, além de melhorar o monitoramento, o grupo de trabalho detectou que
também seria necessário aumentar os investimentos em equipamentos e melhorar o
treinamento de combate a incêndio. "Faltou até espuma para combater o
incêndio. Teve que vir a espuma de todo o país e não foi o suficiente",
lembrou Salgosa.
A
Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), estatal que administra o
porto, disse que está "aprimorando os procedimentos de prevenção e
atendimento a situações de emergência".
Em
setembro, a empresa fez o maior simulado de incêndio de sua história, além da
aquisição de R$ 1,1 milhão em equipamentos como dois caminhões, reservatório
para líquido gerador de espuma e torre de iluminação com gerador de energia. A
população que vive próxima aos terminais também vai receber orientação.
"A
reestruturação vai revisar os protocolos de segurança, definindo planos de
ação, rotas de fuga e de acesso, bem como pontos de encontro, tanto para os
trabalhadores dos terminais e órgãos de segurança, quanto para brigadistas e
também população do entorno", informou o porto através de sua assessoria.
Fonte:
Diário do Litoral
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