(foto: shortsea)
|
O
transporte marítimo é o maior emissor mundial de enxofre
Um
estudo conduzido por um grupo de pesquisadores dos Estados Unidos e da
Finlândia revela que em um período de cinco anos 200 mil pessoas podem morrer
em todo o mundo por causa de doenças causadas pelo enxofre contido no
combustível usado no transporte marítimo. No Brasil, onde a poluição marítima
responde por 4,1% das mortes por poluição do ar, as vítimas podem chegar a 1700
pessoas por ano.
O
transporte marítimo é o maior emissor mundial de enxofre. Atualmente o óleo combustível para navios é o
combustível mais prejudicial em uso no transporte, com um teor de enxofre até
3.500 vezes maior do que as últimas normas europeias para o diesel utilizado em
veículos. E enxofre mata. No processo de queima do combustível, os
navios emitem dióxido de enxofre – o mesmo que gera a chuva ácida. Ele é conhecido por ter efeitos irreversíveis
na saúde humana, além de impactos ambientais e climáticos. Pequenas partículas
de dióxido de enxofre, que são transportadas pelo ar, entram em nossa
respiração e levam a riscos de saúde fatais, incluindo câncer de pulmão e
doenças cardiovasculares, que podem resultar em mortes prematuras.
O
tráfego de navios é muitas vezes ignorado como uma ameaça à saúde, em
comparação com carros e fábricas, mesmo tendo mais do que duplicado em várias
partes do mundo nos últimos anos. Até o
momento, poucos estudos haviam analisado os impactos na saúde decorrente da
poluição transporte aéreo em escala global e nenhum abrangia todas as regiões
do mundo e todos os tipos de doenças ao mesmo tempo. No entanto, os resultados
falam por si: um recente estudo chinês estimou que o só o dióxido de enxofre e
outros poluentes dos navios causam cerca de 24.000 mortes prematuras por ano na
Ásia Oriental. Um estudo de 2007 do Prof. James Corbett et al, intitulado
"Mortality from Ship Emissions: A Global Assessment" descobriu que as
emissões de material particulado relacionado com o transporte marítimo são
responsáveis por aproximadamente 60.000 mortes por câncer cardiopulmonar e de
pulmão por ano. Outro estudo, de 2009,
liderado pelo professor James Winebrake - Mitigating the Health Impacts ofPollution from Oceangoing Shipping - estimou uma redução de 40% nas mortes
provocadas pela poluição dos navios com os requisitos globais para combustíveis
mais limpos.
Por
isso, esta semana o Comitê de Proteção ao Ambiente Marítimo da IMO - Organização Marítima Internacional (agência Nações Unidas responsável pela segurança da
navegação e a prevenção da poluição marítima por navios) avaliará uma lei que,
se mantida, poderá salvar 200 mil vidas em todo o mundo até 2025. Trata-se da
nova legislação dos combustíveis usados no transporte marítimo, segundo a qual
o atual nível de enxofre, de 3,5%, deverá baixar para 0,5% em 2020. Essa redução foi aprovada por unanimidade em
2008, porém a data de entrada em vigor ficou condicionada aos resultados de um
estudo para determinar se haveria disponibilidade de combustível de baixo
enxofre suficiente nessa época. Esse estudo, encomendado pela IMO e publicado
em agosto passado, mostra que em todos os cenários e opções de sensibilidade
considerada, haverá combustível limpo disponível e suficiente em 2020. Apesar disso, a associação de petróleo e gás
IPIECA, bem como de um grupo de empresas de transporte representado pela BIMCO,
estão trabalhando para que a medida só entre em vigor em 2025. A diferença de
cinco anos – entre 2020 e 2025 - é o que está em jogo na reunião do Comitê de Proteção ao Ambiente Marítimo da
Organização Marítima Internacional: ou seja, 200 mil vidas.
A
implementação de combustíveis mais limpos em 2020 pode evitar 134.650 mortes
prematuras na Ásia, 32.100 na África e 20.800 na América Latina. "A entrada em vigor dessa medida da IMO
em 2020 poderia reduzir a pressão sobre a saúde das comunidades costeiras,
particularmente na Ásia, África e América Latina. O inverso também é
verdadeiro. O atraso asseguraria que os impactos na saúde oriundos das emissões
de enxofre persistirão nas comunidades
costeiras que estão expostas, onde o tráfego de navios é mais intenso e onde as
comunidades mais densamente povoadas", explica o Prof. James Corbett, da
Universidade de Delaware, um dos principais autores do estudo. O que é pior, o atraso afetaria desproporcionadamente
muitos dos países mais pobres do mundo: o estudo mostra que a redução nas
emissões dos transportes marítimos salvaria mais vidas nas comunidades
costeiras dos países mais pobres da Ásia-Pacífico, América Latina, África e
Oriente Médio, que estão localizados perto de grandes rotas. A implementação
mais cedo também reduziria o peso sobre os gastos com saúde em nações que
dificilmente se beneficiam do comércio global.
Representantes
das refinarias e de uma parte da indústria de transporte argumentam que a
aplicação da decisão em 2020 terá profundas implicações econômicas. Eles alegam
que a decisão será impacto altamente significativo já que o custo do
combustível compatível com baixo teor de enxofre recomendado poderá ser mais de
50% maior do que o custo do combustível usado atualmente. O autor da pesquisa, James Corbett, explica
que o custo adicional estimado para a indústria naval, de aproximadamente US $
30 bilhões / ano, é de cinco a 25 vezes menor do que o efeito positivo sobre os
gastos com saúde que beneficiariam a
economia global, de acordo com estudos e relatórios anteriores. Ele lembra ainda que estes custos se tornam
insignificantes sobre o preço final dos produtos - por exemplo, o custo
adicional para enviar uma banana ou um par de sapatos é muito menos do que um
centavo de dólar.
Bill
Hemmings, diretor de transportes da Transport & Environment, explica:
"Tanto o estudo sobre saúde como o estudo sobre combustíveis limpos deixam
claro que a data de 2020 deve ser respeitada. Os setores do transporte marítimo
e das refinarias já tiveram oito anos para se preparar e ainda há mais de três
anos antes da implementação final em 2020. Não há mais desculpas para a inércia
mortal".
Fonte:
Rita Silva – AViV Comunicação
* Esta publicação é de inteira
responsabilidade do autor e do veículo que a divulgou. A nossa missão é manter
informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma,
estejam relacionados com a Guarda Portuária e a Segurança Portuária em todo o
seu contexto, não cabendo a esse Portal a emissão de qualquer juízo de valor.
* Direitos Autorais: Os artigos e notícias, originais deste
Portal, tem a reprodução autorizada
pelo autor, desde que, seja mencionada a fonte e um link seja posto para o
mesmo. O mínimo que se espera é o respeito com quem se dedica para obter a
informação, a fim de poder retransmitir aos outros.
COMENTÁRIOS
Os comentários
publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A
responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários
anônimos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.