Os companheiros estão trabalhando em condições precárias
em uma base que fica bem próxima a uma favela dominada por facções criminosas
Insatisfeita
com um antigo descaso e com os desmandos que estão sendo praticados pelo
comando da Guarda Portuária em prejuízo de uma relativa parcela de
trabalhadores lotados no setor, a direção do Sindicato dos Empregados na
Administração Portuária (Sindaport) encaminhou, na última sexta-feira (19),
ofício ao presidente da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), Alex
Botelho de Oliva, cobrando providências.
Assinado
pelo presidente do Sindaport, Everandy Cirino dos Santos, o expediente
P.267/2016 elenca de maneira detalhada diversos problemas estruturais e de
segurança que há tempos estão dificultando o dia a dia dos guardas portuários
que atuam na Base IV, situada na margem esquerda do Porto de Santos, no
município de Guarujá.
"Os
companheiros estão trabalhando em condições precárias em uma base que fica bem
próxima a uma favela dominada por facções criminosas, cujo local é
reconhecidamente perigoso até mesmo pelo aparato policial do Poder Público, ou
seja, estão à mercê de toda sorte possível, sem qualquer segurança diante de
uma marginalidade cada vez mais crescente naquela área e de uma flagrante
indiferença dos gestores da estatal", alertou o primeiro secretário do
Sindaport, Edílson de Paula Machado.
Nos
últimos anos, diversas ocorrências retratando ataques dos criminosos às equipes
da Guarda Portuária foram registradas nas proximidades. As investidas sobre os
membros da corporação também se tornaram frequentes no trajeto laboral.
"Os riscos se multiplicam tanto na ida para o trabalho bem como no sagrado
retorno para o lar, onde vários colegas já foram assaltados e tiveram perdas
materiais significativas, sem falar de outros que também sofreram agressões e
tiveram sérias lesões corporais, inclusive com desdobramentos psicológicos e
outros", explicou o sindicalista.
A
última ocorrência, segundo Edilson, se deu recentemente e envolveu um guarda
portuário com mais de 30 anos de relevantes serviços prestados à corporação.
"O colega estava de serviço no portão que dá acesso a base, que fica muito
próximo da favela, quando foi abordado por três elementos armados que, com
ameaças de agressão e morte, lhe roubaram a pistola, o colete e outros
pertences e não lhe deram nenhuma chance de reação". Na avaliação do
dirigente, o risco de vida dos guardas portuários lotados na Base IV é cada vez
mais eminente.
Diante
da ameaça, a direção do Sindaport acredita que as adversidades poderão ser
amenizadas com a realização de algumas obras no próprio local e imediações,
cujas melhorias já foram solicitadas à Superintendência da Guarda Portuária.
Uma possível mudança de local daquela unidade também foi reivindicada pelas
lideranças sindicais. "Lembramos que há mais de dois anos a Guarda
Portuária estuda a transferência da base para outro ponto estratégico, contudo,
lamentavelmente, a gestão que está há cerca de cinco anos à frente da
corporação nada fez, inclusive com relação aos reparos", disse o primeiro
secretário.
Diante
de tamanha inércia administrativa e com o claro objetivo de manter a boa ordem
dos serviços com a necessária fiscalização no local, preservando, sobremaneira,
a segurança, integridade física e a própria vida dos profissionais, Edilson e o
vice-presidente do Sindaport, João de Andrade Marques, se reuniram recentemente
com o presidente da Codesp após visitarem a base de Guarujá. "Surpreso, o presidente da empresa nos
afirmou que desconhecia por completo a caótica condição de trabalho em que se
encontram os guardas portuários naquele posto de serviço, mas que iria apurar e
avaliar a adoção das providências", esclareceu Edilson. Ao término da
reunião, ficou claro que a hierarquia na Autoridade Portuária de Santos anda
mal das pernas.
Dissonâncias
à parte, durante o encontro os dois sindicalistas reivindicaram melhorias na
iluminação interna e externa da área, no sistema de monitoramento, além do
reparo nas grades e portões ou a construção de um muro, o corte da vegetação no
entorno da base, e o aumento do efetivo de pessoal até que a mudança de local,
de preferência para um mais seguro e definitivo, seja finalmente consolidada.
Ainda
assim, se o tal estudo continuar engavetado e nada disso for possível,
espera-se que os responsáveis pelo menos providenciem a transferência da imagem
da Nossa Senhora de Fátima, da Praça do Outeirinhos para a Base IV, no Guarujá,
para que os companheiros possam rezar aos pés da Santa e rogar por segurança,
além da própria vida. Amém!!!
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