A PF está investigando a polêmica MP dos Portos
A Odebrecht vai dançar em Cuba e em Santos
A Odebrecht fez o Embraport
Saiu
na coluna de Jorge Bastos Moreno, em O Globo:
“Foco”
Na
delação de Gim Argolo, o foco é justamente as negociatas que envolvem o trâmite
das medidas provisórias. Por falar nelas, a PF está investigando a polêmica MP
dos Portos. Lembram?
Bem:
a pequena nota do Globo não é do tipo decifra-me ou te devoro. Vamos
decifrá-la…
***
No
dia 9 de julho passado, a Mônica Bergamo deu:
“CUBA
NA MIRA
O
governo de Michel Temer abrirá auditoria sobre uma das principais obras dos
governos de Lula e Dilma Rousseff: o Porto de Mariel, em Cuba, que foi
construído pela Odebrecht.
FORÇA
TAREFA
O
Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle já prepara uma equipe para
auditar os contratos do porto. O BNDES também entra na mira, já que a obra foi
feita com recursos oriundos da instituição.
ZERO
A
pasta acredita que não teria havido retorno em prestação de serviços para
empresas brasileiras já que, em Cuba, quase tudo está nas mãos do Estado, ou
tem o governo como sócio majoritário.”
***
Ou
seja: a Odebrecht vai dançar em Cuba e em Santos.
Vou
te explicar o que está por detrás disso. Antes de explicar, te digo quem vai
dançar com a vassoura no baile da PF:
Gleisi Hoffmann
O
ponto principal é que houve uma mega alteração na Medida Provisória dos Portos,
para permitir o porto da Odebrecht, que já tinha sido construído, começar a
operar.
1)
A Odebrecht comprou um terreno fora da área do porto, ali por volta de 2005
(mais detalhes abaixo). Não era permitido fazer um porto em terreno privado. A
Odebrecht fez o Embraport, um grande terminal de contêineres, ficando com 66,7%
do capital (o restante é do DP-World, Dubai Port, cujo chairman é Sultan Ahmed
Bin Sulayem).
A
associação com o DP – World ocorreu por volta de 2008. As empresas nada
investiram de capital próprio: do R$ 1,8 bilhão de investimento, R$ 663,3
milhões são do BNDES, via Caixa Econômica Federal. Juros? Os mais baixos do
país: do Fundo de Investimentos do FGTS, o FI-FGTS, no máximo 3% ao ano. E US$
786 milhões vieram do Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID, devidamente
garantido pelo Governo. Aparentemente, não sobrou nada para o DP – World
investir.
O
porto foi inaugurado em julho de 2013. Já tinha sido financiado com dinheiro
oficial, construído e inaugurado quando a presidente Dilma Rousseff assinou, em
agosto/setembro de 2013, a lei 12.815, que autorizou a construção de portos em
terrenos particulares. Foi feito nos termos da nova lei, mas muito antes que
houvesse a lei.
2
– Além de mostrar que é boa de previsão (já que comprou o terreno, projetou o
porto, obteve empréstimos oficiais para construí-lo, fez a obra toda e o
inaugurou antevendo que algum dia – que, para sua sorte, chegou rapidamente –
tudo acabaria se tornando legal), a Odebrecht demonstrou sua capacidade de
multiplicação de investimentos: aterrou parte do canal, ampliando seus
terrenos, e removeu áreas de mangue, de importância vital para a sobrevivência
da vida marinha.
Detalhe
interessante: este é o maior investimento do BNDES na área de portos, 18% de
sua disponibilidade total para todos os portos de todo o país. E o investimento
foi feito num projeto que só se tornou legal depois de ter iniciado suas
operações.
3)
Historiando: quem primeiro pensou em construir seu porto próprio fora da área
do porto de Santos foi a Coimex, que, em
2003 e 2004, queria ali erguer, na margem esquerda do canal, um terminal de
fertilizantes. A Odebrecht, contratada para fazer a obra, se interessou em
ficar com tudo quando a Coimex entrou em dificuldades. E, com a ajuda da
influência de Beto Mansur, inicialmente como prefeito, depois como deputado
federal, realizou seu objetivo. Não apenas conseguiu um porto sem colocar
capital próprio como ainda foi remunerada, com parte dos empréstimos, para
construí-lo.
Bonito,
hein, Gleisi Hoffmann ? Está metida até o pescoço nas investigações apontadas
por Jorge Bastos Moreno. Ela é irônica, mordaz. Acha que pode dar pernada de
anão na grana pública. Vejam essas linhas do G1, de 15 de março de 2013. Pura
piada de mau gosto da loirinha tunada a buril de esteticista:
“A
ministra chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, afirmou nesta sexta-feira (15)
que a MP dos Portos não vai privatizar o setor, mas sim mudar o modelo para
tornar as licitações mais baratas e atrativas”. A medida, que tramita em uma
comissão especial no Congresso, tem sido alvo de críticas de trabalhadores
portuários, que alegam que a mudança nas regras vai fragilizar a classe.
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