Dexter em ação: cão faz vistoria em contêineres buscando por
entorpecentes (Foto: Carlos Nogueira)
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Dupla de pastores-alemães vistoriam cargas e bagagens a
procura de entorpecentes no complexo marítimo
Com
colete da Receita Federal, os dois funcionários mais novos do órgão saem para
trabalhar todos os dias a procura de entorpecentes. A dupla chama atenção por
onde passa e usa um recurso peculiar para localizar os produtos ilegais: o
nariz. Tratam-se dos cães de faro, Dexter e Dixie, utilizados para encontrar
drogas entre as cargas do Porto de Santos.
Prestes
a completar cinco anos, a dupla percorre diariamente terminais ajudando os
agentes a localizar tóxicos. Na temporada de cruzeiros, os pastores-alemães
ampliam suas atribuições e passam a atuar também no Terminal de Passageiros
Giusfredo Santini, verificando passageiros e bagagens.
No
caso de cargas, a Receita tem um trabalho de avaliação de risco, que escolhe os
contêineres que serão examinados. A decisão também pode contar com a ajuda da
Polícia Federal ou de outras Aduanas, que passam a possibilidade de drogas
estarem escondidas em determinado ponto.
E
são nestes produtos suspeitos que os cães tentam farejar algo de ilícito que
tenha passado pela percepção de máquinas e homens. Um exemplo disto aconteceu
há poucas semanas. Uma carga de sucata, que já tinha passado pelo equipamento
de scanner, chamou a atenção de Dexter. Uma bola de metal, que pela espessura
do ferro não permitiu que o aparelho visse seu interior, foi o alvo certeiro do
cão. Com a ajuda de um serralheiro, o objeto foi aberto e, lá dentro, havia
drogas. “Sem os cães, seria muito trabalhoso encontrar droga neste material.
Teríamos que abrir toda a sucata”, conta uma das condutoras dos animais, que
por motivo de segurança não será identificada.
Pelo
volume de cargas movimentadas no Porto de Santos, o ideal seria que esse
serviço fosse ampliado, mas não há previsão para que isso ocorra. “Seria muito
bom, mas no momento, não temos efetivo para isso, pois a função exige dedicação
exclusiva do servidor, que não poderia realizar outras atividades”, diz
inspetor-chefe da Alfândega, Cleiton Alves dos Santos João Simões.
Ele
afirma que, quando uma operação necessita de mais cães, ele trabalha de forma
integrada com a Polícia Militar, Guarda Portuária e a Supervisão da Receita, em
São Paulo, que enviam o reforço canino. “Dexter, por exemplo, foi trabalhar, na
época da Copa do Mundo, no Mineirão (Estádio Governador Magalhães Pinto, em
Minas Gerais).”
Temperamento
No
trabalho, os dois cães têm comportamentos e personalidades bem diferentes.
Enquanto, a fêmea, ao sentir o cheiro da droga, senta para indicar o local, o
outro cão vai para cima e começa a arranhar o local. E é justamente por esse
perfil, considerado ativo, que Dexter é destinado apenas a inspecionar cargas.
A revista de pessoas é feita por Dixie, que foi preparada para trabalhar também
em ônibus e aeroportos.
Enquanto
a cadela gosta de brincar com bolas de tênis, ele prefere uma brincadeira mais
voltada para a caça. “Ele gosta de disputar comigo. Não adianta deixar o pano
parado para ele pegar. Tenho que ficar puxando para ele. E ao final, sempre
deixo ele ganhar, como recompensa pelo bom trabalho”. Os animais também são
impulsivos e não recebem um treinamento voltado à obediência. “Os cães da
Polícia Militar, por exemplo, são treinados para permanecer sentados, para o
ataque ou defesa, ao comando do policial. O foco da Receita Federal não é esse.
Um cão que aguarda o comando não está apto para este trabalho. Ele tem que ter
a iniciativa de achar as drogas e indicar o local”, explica uma das condutoras.
Origem
Os
cães Dexter e Dixie nasceram na mesma ninhada e o “pai” da dupla trabalha na
Receita Federal de Foz do Iguaçu. Para se tornar um cão de faro, os animais são
selecionados ainda filhotes e ser de linhagem de farejadores, não garante que
sejam treinados para isso. São escolhidos aqueles que já demonstram
características para desenvolver a função, como possessividade, foco e motivação
para investigar. A raça do cão também é importante. Atualmente, a Receita tem
pastores-alemães, pastores-malinoises e labradores.
Rotina
Pela
manhã, as condutoras vão ao canil, que fica numa região próxima à área
portuária, para buscar os animais. Antes, porém, elas alimentam os bichos e
passeiam com eles. Nos terminais, quando não estão farejando, os
pastores-alemães continuam com privilégios. Eles aguardam o próximo trabalho
descansando nas caixas de transporte, dentro do carro, com o ar-condicionado
ligado. “Eles são cães resistentes, se adaptam facilmente, mas, originalmente,
são de regiões frias e o calor daqui é muito para eles”, diz a condutora.
Depois
do expediente, em que em alguns dias significar vistoriar cerca de 20
contêineres, os animais são levados novamente para o canil, onde existe uma
área grande para correr e brincar. Eles são alimentados e descansam para o dia
seguinte.
Nos
dias em que não há cargas para vistoriar, a dupla de condutoras realiza
treinamentos com os animais. Mesmo nos dias de folga das servidoras federais, o
contato com os cães é obrigatório. “Não existe sábado, domingo ou feriado. A
gente vai ao canil para alimentá-los e dar alguma atenção”.
Como
todo trabalhador, Dexter e Dixie têm direito à assistência médica. Uma vez por
mês, os cães seguem para São Paulo, onde passam por veterinário para verificar
se a saúde está boa, ser vermifugado e tomar banho.
Treinamento de elite
Pastor-alemão ajuda no trabalho de fiscalização ao combate
às drogas (Foto: Carlos Nogueira)
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“Muita
gente acha que os cachorros são viciados em drogas e por isso vão atrás dos
entorpecentes. É uma ideia errada. Eles querem brincar”, explica outra
condutora. Os cães farejadores de Santos passaram por treinamentos no Centro
Nacional de Cães de Faro (CNCF) da Receita, em Vitória, no Espírito Santo e
buscam exclusivamente drogas. Com 200 milhões de células olfativas (pessoas
contam com 5 milhões), eles são capazes de identificar cocaína, maconha, crack,
ecstasy, skank e alguns dos componentes básicos de droga sintética. Existem
cães que podem detectar explosivos, cigarros, papel-moeda, entre outros
objetos.
E
a capacitação não é dada apenas ao animal. Os condutores também fazem um curso
de dois meses, onde aprendem técnicas para lidar com o cão e a forma de
comando. Mas o principal do curso é estabelecer a ligação e afinidade entre o
cão e o condutor. “Lá eles avaliam o vínculo. Se a dupla (cão-condutor) não
funciona, a pessoa não é aprovada na capacitação”, conta a funcionária da
Receita, que fez o treinamento com o macho Dexter, o primeiro cão de faro de
Santos, em 2013.
A
justificativa para esta condição é simples. O condutor precisa conhecer seu
companheiro de trabalho para entender todos os sinais que ele pode emitir.
E
a afinidade vai além do trabalho. Esses cães trabalham até completar sete anos.
Depois, são doados a seus cuidadores. “É ótimo que a destinação deles seja
essa. Isso é muito importante, pois eles acabam sendo parte da nossa família. E
eu não conseguiria ver ele sendo levado por outra pessoa”, afirma a consultora
que atua desde o ano passado com a fêmea Dixie. A futura dona de Dexter já
poderia estar aposentada, mas não deixou de trabalhar por conta do cão. “Vou
esperar mais dois anos e nos aposentamos juntos”.
Fonte:
Jornal A Tribuna - Santos
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