A situação, que estaria ocorrendo a cinco anos, envolve
os dois lados do maior porto da América Latina
Um
grupo de guardas portuários é responsável por um esquema de propina, montado
nas duas margens do Porto de Santos. A denúncia em tom de desabafo é do presidente
da Associação dos Caminhoneiros do Estado de São Paulo (Acesp), Heraldo Gomes
Andrade. O Diário também conseguiu confirmar o esquema com um funcionário
da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), que pediu para não ser
identificado por conta de possíveis perseguições.
O
esquema vem sendo mantido sob segredo de forma competente a pelo menos cinco
anos. Um inquérito administrativo, aberto em 2010, pela autoridade portuária,
já teria ouvido mais de 50 pessoas, mas até hoje não apontou os nomes dos
guardas que estariam causando um grande prejuízo à Codesp para obter lucros pessoais.
“A
coisa ganhou uma dimensão enorme. Eles recebem dinheiro para liberar o acesso
de pessoas ao porto e, principalmente, caminhões que estão com cargas com excesso
de peso, altura e largura. Tem guarda portuário que até usa trena para medir a
carga. Não se anda 50 metros no porto sem pagar propina”, ironiza Andrade.
O
presidente da Acesp afirma que os transportadores precisam retirar na Codesp a
Requisição de Serviços ou Materiais (RSM), cuja taxa é R$ 90.
Ela
serve para garantir uma hora de escolta do caminhão pela área do porto. “Só que
um grupo de guardas, ao abordar o caminhoneiro sem a RSM, ao invés de segurar o
veículo e comunicar a Codesp, cobra propina para escoltar o caminhão”, afirma
Andrade, alertando que muitos caminhoneiros autônomos estão querendo parar de trabalhar
por conta da extorsão.
Legal e o ilegal
O
funcionário da Codesp encontrado pela Reportagem revela que o esquema começa já
na Rodovia Anchieta, próximo da entrada do Porto de Santos. Segundo ele, o
correto é o motorista pagar a taxa da RSM e depois a hora do guarda – quando o
percurso supera o horário previsto na taxa. Geralmente, o custo fica entre R$
200 e 300. Esse trâmite é registrado pela Codesp e serve também como controle
da empresa. “Só que ao deparar com a carga sem a RSM e fora das especificações
permitidas, o guarda oferece a garantia segura de trânsito na área do porto por
cerca de R$ 100,00 para cada agente, burlando a contabilidade da Codesp. Vendo
a escolta, ninguém desconfia do esquema”, revela o funcionário.
O
denunciante explica que para muitos guardas o dinheiro já faz parte do salário.
“Um guarda portuário recebe um salário bruto que fica entre R$ 4,5 a R$ 5 mil.
O ganho garante uma boa margem sobre os vencimentos. Tem até chefe de serviço
intermediando a propina e distribuindo entre os guardas no final do mês. Os
transportadores conhecem bem o esquema”, comenta.
Os
denunciantes finalizam alertando que empresas portuárias sabem do esquema e
algumas pagam propina para os guardas enviando funcionários para negociar.
Um
terminal de celulose, por exemplo, teria permissão para operar com reboques
fora das dimensões legais por conta de acertos.
Na
última sexta-feira (06), a Reportagem chegou a visualizar empregados de
empresas supostamente negociando com guardas portuários na Avenida Engenheiro
Augusto Barata, conhecida como ‘Retão da Alemoa’, local onde os motoristas
costumam ser abordados.
Codesp não se manifesta
Na
última sexta-feira, dia 6, durante a elaboração da reportagem, o Diário do
Litoral procurou a direção da Codesp no sentido de solicitar da empresa um
posicionamento sobre as denúncias do presidente da Acesp e do funcionário. Até
o final da tarde daquele dia, a Codesp não enviou sua versão sobre a questão.
* Esta publicação é de inteira
responsabilidade do autor e do veículo que a divulgou. A nossa missão é manter
informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma,
estejam relacionados com a Guarda Portuária e a Segurança Portuária em todo o
seu contexto, não cabendo a esse Portal a emissão de qualquer juízo de valor.
* Direitos Autorais: Os artigos e notícias, originais deste
Portal, tem a reprodução autorizada
pelo autor, desde que, seja mencionada a fonte e um link seja posto para o
mesmo. O mínimo que se espera é o respeito com quem se dedica para obter a
informação, a fim de poder retransmitir aos outros.
COMENTÁRIOS
Os comentários
publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A
responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários
anônimos.
Se este fato estiver ocorrendo deve ser apurado, lamentável que sempre nas corporações haja integrantes que maculam o funcionamento da mesma, meu respeito a toda força da Guarda Portuária do Brasil, que mesmo com as dificuldades enfrentadas nos portos fazem o seu trabalho dentro da legalidade.
ResponderExcluirGP Amorim STN-AP