Márcio
Henrique Garcia Santos, de 32 anos, foi capturado no edifício de classe média
alta onde se refugiava no Morumbi
Condenado a 33 anos de reclusão por
narcotráfico internacional e com o nome incluído na relação mundial de
procurados da Interpol, o santista Márcio Henrique Garcia Santos, de 32 anos,
foi capturado às 22h20 da última quinta-feira (31), no edifício de classe média
alta onde se refugiava no Morumbi, na Zona Oeste de São Paulo.
Conhecido desde a infância por Orelha,
Márcio começou a utilizar o apelido de Messi mais recentemente, quando passou a
ter papel importante na remessa de cocaína para o Exterior, via Porto de
Santos. A troca de codinome teria como principal finalidade dificultar a sua
identificação e confundir investigações da Polícia Federal (PF).
Com documento em nome de outra pessoa,
Orelha residia no prédio da Rua José Carlos de Toledo Piza, 150, sem despertar
a suspeita de outros condôminos. Porém, policiais militares receberam denúncia
de que um morador do edifício, chamado Márcio e dono de um Ford EcoSport
branco, ano 2015, era procurado da Justiça.
Após a localização do carro na garagem
do condomínio, os policiais descobriram o apartamento do seu proprietário e o
abordaram. Orelha se identificou com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
falsa que portava, mas os PMs logo o desmascararam. O criminoso, então, revelou
a real identidade e admitiu a sua condição de procurado.
No entanto, como forma de evitar a
prisão, o acusado ofereceu aos policiais a quantia de R$ 1.500,00 que portava e
prometeu pagar mais R$ 30 mil, bastando apenas realizar alguns telefonemas para
obter o dinheiro. Os PMs não aceitaram o suborno e encaminharam Orelha ao 89º
DP de São Paulo.
O delegado Rogério Zuim Uehara autuou
Orelha em flagrante por uso de documento falso e corrupção ativa. Ele era
procurado desde dezembro de 2013, por força de prisão preventiva. Naquela
época, dois irmãos do marginal transportavam grande quantidade de cocaína em
dois carros de luxo e trocaram tiros com agentes da PF, em Santos.
Apesar de a captura de Orelha ter
ocorrido na última quinta-feira à noite, ainda ontem era possível visualizar na
internet a sua ficha criminal na Difusão Vermelha – lista da Interpol
(Organização Internacional de Polícia Criminal com 186 países-membros, entre os
quais o Brasil) com os nomes e as fotos de fugitivos com atuação mundial.
O objetivo da relação é facilitar a
captura e a extradição dos foragidos. A inclusão da ficha de Orelha na Difusão
Vermelha foi determinada pelo juiz federal Roberto Lemos dos Santos Filho, da
5ª Vara Federal de Santos, na sentença que o condenou a 33 anos de reclusão
pelos crimes de tráfico de drogas internacional e associação para o tráfico.
Na
mira da oversea
A pena de 33 anos de reclusão imposta
pela Justiça Federal Orelha ou Messi deriva de um dos processos da Operação
Oversea e se refere às apreensões de dois carregamentos de cocaína que seriam
enviados à Europa. O marginal ainda responde a outras ações penais oriundas da
mesma operação, que não foram sentenciadas.
A Oversea é considerada uma das
maiores operações da história da PF na repressão ao narcotráfico internacional.
Ela mobilizou autoridades de outros países em um trabalho de cooperação, sendo
responsável pela apreensão de 3,7 toneladas de cocaína, no Brasil e no
Exterior, entre janeiro de 2013 e março de 2014.
No processo no qual Orelha já foi condenado,
dossiê da PF atribui ao acusado a coordenação da logística envolvendo o
transporte e o acondicionamento de cocaína dentro de contêineres em dois
episódios distintos, denominados eventos números 5 e 10 (veja o mapa). A
sentença foi prolatada em 17 de novembro de 2015.
No evento nº 5, policiais federais
interceptaram 55 quilos de cocaína, em 23 de setembro de 2013. O entorpecente
estava acondicionado em duas malas de viagem. Elas foram colocadas no meio da
carga de um contêiner, que seria embarcado no navio MSC Florentina. O destino
da droga seria o porto alemão de Bremerhaven.
Em 23 de novembro de 2013, no evento
nº 10, os policiais federais descobriram dez malas com 282 quilos de cocaína
dentro de um contêiner a ser embarcado no navio MSC Vancouver. A apreensão
evitou que o entorpecente fosse despachado para o Porto de Antuérpia, na
Bélgica.
Nesta mesma data, Felipe Muniz Martins
dos Santos, o Arroz, foi preso com cerca de 100 quilos de cocaína no Ceará.
Apontado como braço direito de Orelha, Arroz era o dono do galpão onde a
quadrilha estufava os contêineres com cocaína, antes de enviá-los aos terminais
alfandegados para exportação. Ele foi condenado no mesmo processo.
Interceptações telefônicas feitas pela
PF com autorização judicial mostram que Orelha tem ascendência sobre
trabalhadores ligados ao Porto de Santos, dos quais recebeu informações sobre
navios e rotas de contêineres. Ele também está articulado com os donos da
cocaína e provavelmente com o pessoal que receberia a droga no Exterior.
O juiz federal Roberto Lemos condenou
Arroz pelo evento nº 10 a 21 anos e o absolveu por insuficiência de prova pelo
evento nº 5. Orelha foi condenado pelas duas apreensões. Conforme a sentença, a
dupla se associou com outras pessoas para “obter lucro fácil, via narcotráfico,
em detrimento da saúde pública nacional e internacional”.
Fonte: Jornal A Tribuna.
SAIBA MAIS:
- COMO A PF DESMONTOU O TRÁFICO NO PORTO DE SANTOS.
- PCC USAVA PORTO DE SANTOS PARA ENVIAR DROGA PARA A EUROPA.
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