O dia 28 de fevereiro
foi eternizado por lei municipal como Dia da Resistência Portuária.
Fevereiro
de 1991. Uma data que marcou a vida de milhares de portuários, suas famílias e
toda uma cidade. Há 25 anos, os trabalhadores do Porto de Santos mostraram a
força da união e o poder de mobilização. Pararam o cais, acamparam dentro da
Codesp, bloquearam a entrada da cidade, tomaram a Praça Mauá, lotaram a Avenida
Rodrigues Alves, rezaram na Igreja Nossa Senhora da Aparecida, fizeram
passeatas e promoveram caravana até Brasília.
A frente do prédio da Codesp foi tomada por cerca de dez mil portuários
Nosso
país era comandado por Fernando Collor de Melo. Embora tido como um milagre
para o Brasil, logo mostrou suas garras. Lançou o plano Collor 1 e menos de um
depois o Collor 2, que continha em seu texto a Medida Provisória 295, que
limitava os reajustes salariais.
Manifestação na frente da Prefeitura Municipal
A
Codesp era comandada por Paulo Peltier de Queiroz Júnior. E as perdas salariais
dos portuários ultrapassavam os 150%. Em meio a esse cenário, a Companhia Docas
fechou a porta da negociação com a categoria. E os trabalhadores não tiveram
outra alternativa a não ser a de deflagrar greve geral.
Porém,
no dia 18 de fevereiro o Tribunal Regional do Trabalho, de São Paulo, julgou a
paralisação abusiva e determinou que o reajuste da categoria não passasse de
33%. O índice salarial foi negado pelos portuários em assembleia, que decretou
a continuidade do movimento grevista.
O movimento unificou todos os sindicatos
A
partir daí, o que se viu foi o desrespeito e a covardia com os trabalhadores
portuários. Durante todo o dia 20 de fevereiro, companheiros das mais diversas
funções foram surpreendidos com um telegrama em casa.
No
total, 5.372 portuários foram demitidos. No texto, o trabalhador era informado
de que não havia cumprido uma decisão judicial e por isso a Codesp estava
rescindindo seu contrato de trabalho por justa causa. Ele deveria dirigir-se
até a Administração do Pessoal da empresa para a baixa na carteira de trabalho.
O movimento teve a participação de todos
Luiz
Otávio de Carvalho guarda até hoje o telegrama. Na época, atuava como
trabalhador de serviços gerais e recebeu o aviso das mãos de sua mãe. “Cheguei
em casa e minha mãe me entregou o telegrama. Quando abri, li, não falei nada,
sai de casa e fui para o sindicato”.
Assim
como Luiz Otávio, que hoje trabalha no setor financeiro da Codesp, outros
portuários não acreditavam no que estavam lendo. O vice-presidente do
SINDAPORT, João de Andrade Marques, trabalhava como eletricista, e era casado e
também guarda na memória aquele fatídico dia. “Foi desesperador. Muitos
companheiros recebiam o telegrama e sequer falavam para a família. Imagina
perder o emprego de uma hora pra outra”, indaga.
As esposas dos portuários foram às ruas
Uma
comoção tomou conta da cidade. Muitas esposas foram para a rua, tomaram a Praça
Mauá ao lado dos maridos e outras fizeram vigília na Igreja Nossa Senhora da
Aparecida. Portuários que estavam de férias ou afastados por motivo de doença
também foram às ruas e juntaram-se aos que tinham recebido o maldito telegrama.
Diante
do caos econômico projetado para a cidade e da mobilização dos portuários, a
então prefeita Telma de Souza abriu a sede da administração municipal aos trabalhadores
para que as negociações com o Governo fossem centralizadas de lá. Uma caravana
até Brasília com políticos e lideranças sindicais foi realizada visando
sensibilizar o então ministro de Infraestrutura, Ozires Silva, e o ministro da Justiça,
Jarbas Passarinho. A comitiva passou dois dias na sede federal.
O movimento envolveu toda a cidade
No
dia 28 de fevereiro, a cidade parou. O comércio não abriu, ônibus eram parados
no bairro do Saboó, onde grande parte da categoria morava nos prédios do
Conjunto Habitacional Athiê Jorge Cury. Toda a cidade ficou unida em prol dos
portuários e da reversão das demissões. A então prefeita Telma de Souza
decretou calamidade pública.
A
notícia da luta santista já tinha se espalhado por todo o país e estava
estampada em todos os jornais. O Governo não teve outra alternativa e recuou.
Um telefonema do ministro da Justiça Jarbas Passarinho para a prefeita Telma de
Souza pôs fim às demissões.
A Guarda Portuária permaneceu nos posto para evitar a sua ocupação pelos fuzileiros navais
Às
13 horas do dia 1° de março de 1991 todos os portuários voltaram a seus postos
na Codesp.
O
dia 28 de fevereiro foi eternizado por lei municipal como Dia da Resistência
Portuária. O dia que os portuários e toda a comunidade santista pararam a
cidade em prol do emprego, de uma vida digna e do respeito ao trabalhador.
Os trabalhadores portuários foram saudados na volta ao trabalho
Será
realizada missa na Paróquia São Tiago, nesse domingo, às 10h,
localizada a Rua Itanhaém nº 274, Chico de Paula, Santos (Rua do Colégio
Bartolomeu de Gusmão).
*Esta publicação é de inteira
responsabilidade do autor e do veículo que a divulgou. A nossa missão é manter
informado àqueles que nos acompanham, de todos os fatos, que de alguma forma,
estejam relacionados com a Guarda Portuária e a Segurança Portuária em todo o
seu contexto, não cabendo a esse Portal a emissão de qualquer juízo de valor.
* Direitos Autorais:Os artigos e notícias, originais deste
Portal, tem areprodução autorizada
pelo autor, desde que, seja mencionada a fonte e um link seja posto para o
mesmo. O mínimo que se espera é o respeito com quem se dedica para obter a
informação, a fim de poder retransmitir aos outros.
COMENTÁRIOS
Os comentários
publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A
responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários
anônimos.
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.
A ALEGRIA ESTÁ NA LUTA, NA TENTATIVA, NO SOFRIMENTO ENVOLVIDO E NÃO NA VITÓRIA PROPRIAMENTE DITA. ( GHANDI)
ResponderExcluirUM MARCO NA HISTÓRIA DOS PORTUÁRIOS DE LUTA DESSE PAÍS
SALVE O DIA 28 DE FEVEREIRO
CILENO BORGES