Goiano
foi conduzido à 6ª Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise), do
Denarc (Foto :Reprodução Uol)
|
Na
última quinta-feira (17), por volta das 15, policiais civis do Departamento de
Investigações sobre Narcóticos (Denarc), prenderam no Guarujá, litoral de São
Paulo, um homem procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal
(Interpol), por tráfico internacional de drogas.
Considerado
um dos maiores traficantes do mundo na atualidade, Mario Sérgio Machado Nunes,
o Goiano, de 59 anos, líder de uma quadrilha internacional de drogas há mais de
30 anos, foi preso em um imóvel de luxo no Morro do Sorocotuba, em Guarujá.
Morador
de um flat em Moema, bairro nobre da Zona Sul da Capital, Goiano alugou um
apartamento em Guarujá há três meses, onde costumava passar os fins de semana.
Apesar
de possuírem um mandado de prisão por tráfico de entorpecentes, os policiais
prenderam Goiano em flagrante por posse ilegal de arma e falsidade ideológica.
No imóvel em que ele foi localizado os agentes encontraram quatro munições de
calibre 380, documentos falsos e lacres de contêiner.
Investigação
Policiais
do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc)
investigavam os responsáveis pela distribuição de drogas em Moema, na zona sul
da Capital. Com base nas apurações e denúncias, os agentes descobriram que
Nunes como um dos traficantes da região.
Os
investigadores ficaram sabendo ainda que ele estava relacionado como um dos
envolvidos na “Operação Águas Profundas”, realizada em 2012, pela Polícia
Federal.
Os
integrantes da 6º Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (6º Dise)
encontraram dois imóveis pertencentes ao procurado: um apartamento na Avenida
Ibijaú, no mesmo bairro, e uma casa em um condomínio de luxo na Estrada do
Pernambuco, no Guarujá, Baixada Santista – onde Nunes estaria escondido.
No
litoral, os policiais fizeram diligências até abordarem o indiciado.
Inicialmente, Goiano se apresentou com documentos falsos, porém confessou ser o
procurado.
Também
foram apreendidos dois carros, sendo um I/VW Passat branco, com placas de
Sorocaba, e um I/VW Tiguan da mesma cor, emplacado em Votorantim. No
apartamento na Capital, nada de ilícito foi encontrado.
Os
agentes verificaram que havia um mandado de prisão preventiva contra Goiano,
expedido pela 5º Vara da Justiça Federal do Estado de Goiás. Ele também era
procurado pela Interpol como um dos maiores traficantes em atividade no país.
Segundo
a Polícia Civil, ele manteve negócios com o narcotraficante colombiano Pablo Escobar,
morto na década de 1990, um dos maiores narcotraficantes da historia e chefe do
Cartel de Medellín, morto em 1993.
Cirurgia Plástica
O
suspeito antes e depois de realizar cirurgias plásticas
para não ser identificado (Foto: Reprodução / SSP-SP)
|
Para
conseguir despistar os policiais, Goiano fez duas cirurgias plásticas nos
últimos anos. Com a fisionomia bastante modificada pelas cirurgias e usando uma
peruca, ele chegou a negar para os policiais ser “Goiano”. Entretanto, sem
conseguir sustentar tal versão, ele confessou ser de fato o foragido
internacional.
Submarino
Tendo
contato com traficantes famosos do mundo todo, Goiano tinha planos audaciosos,
como a aquisição de uma embarcação com capacidade para cinco toneladas de
cocaína.
Ele
financiou a construção de um submarino para mandar entorpecentes para a Europa.
Conforme a investigação, a quadrilha fechou uma mineradora na África para a
construção da embarcação no local, que foi analisado por engenheiros
colombianos. A droga sairia da Venezuela para o Suriname, onde seria
acondicionada em pequenas embarcações. Em alto mar, a droga seria transferida
para o submarino com destino ao continente africano, de onde seguiria em navios
ou pequenas embarcações para a Europa.
O
delegado Alberto Matheus disse que o traficante atuava como avalista da cocaína
que era enviada para países africanos, principalmente África do Sul. Segundo
ele, Goiano garantia o embarque da droga em contêineres. "Ele não colocava
a mão na droga, mas comandava toda a parte administrativa do tráfico. Se o
comprador não tivesse o dinheiro suficiente, ele pagava e recebia depois",
disse.
O
acusado seria credor do chefe da quadrilha Los Urabeños, o mexicano Henry de
Jesús Lopez Londoño, conhecido como Ninja, e considerado o maior fornecedor de
cocaína do cartel Los Zetas, que atua no México e é ligado a grupos
colombianos. Ele foi preso em outubro de 2012, em Buenos Aires, na Argentina.
A
PF diz que o bando tinha tentáculos em todos os continentes. Goiano, ainda
segundo as investigações, financiou a construção de um submarino, na África do
Sul, que seria usado exclusivamente para o tráfico de drogas. O projeto não deu
certo, mas ele investiu pelo menos R$ 80 milhões (US$ 20 milhões). Ninja
contribuiu com R$ 20 milhões (US$ 5 milhões). A quadrilha também pretendia
comprar um avião da Boeing para transportar drogas.
A
polícia apurou que seu grupo tinha os mesmos princípios de uma organização
empresarial. Eram utilizados diversos mecanismos contábeis, comerciais e
cambiais para obter o maior lucro possível e a redução constante de custos.
“O
mexicano El Chapo (Joaquín Guzmán, que recentemente fugiu de uma cadeia no
México), estava envolvido no plano e por algum desentendimento ficou devendo
dinheiro para Goiano”, conta o delegado Carlos Batista.
Porto de Santos
De
acordo com investigações das polícias Civil e Federal, Goiano utilizava
contêineres no Porto de Santos para o embarque de drogas para vários pelo menos 27 países da América, África, Europa,
tais como Estados Unidos, China, Holanda, Espanha, Emirados Árabes, Angola e
Itália.
Nos
últimos meses a Polícia Federal fez pelo menos três grandes apreensões de
drogas no Porto de Santos. A PF investiga a relação dos entorpecentes
apreendidos, a maioria cocaína, com o esquema liderado por Goiano.
CPI
Nos
anos 2000 uma CPI do Narcotráfico criada pela Assembleia Legislativa do Estado
de São Paulo para apurar a morte do então investigador do Denarc, Luciano
Sturba, ouviu depoimentos de advogados que trabalharam com o traficante
brasileiro quando ele foi preso na Ilha de Cabo Verde, na África, com um
carregamento de 70 quilos de cocaína. Goiano conseguiu fugir da penitenciária
africana e retornou ao Brasil. Os dois advogados disseram não saber do
paradeiro do ex-cliente.
Operação Águas Profundas
O
nome de Mario Sergio Machado Nunes consta na lista da Interpol (Foto:
Reprodução / Interpol)
|
Em
2012, a Polícia Federal deflagrou a Operação Águas Profundas e prendeu seis
acusados de integrar a quadrilha, mas Goiano conseguiu escapar dos agentes
federais.
A
Justiça Federal bloqueou vários bens da quadrilha no País. Está incluído no
bloqueio, o sequestro de 46 imóveis, sendo um hotel, nove fazendas, uma
chácara, seis casas, 26 lotes, quatro apartamentos na praia, cinco apartamentos
e um boxe de garagem, avaliados em aproximadamente R$ 100 milhões, além de
dezenas de veículos e dinheiro em contas bancárias.
Conforme
as apurações, o grupo liderado pelo acusado tinha base em Goiás e distribuía
drogas por mais de 30 países, em pelo menos três continentes.
Segundo
as investigações do Denarc (Departamento de Narcóticos), Goiano estava no
Brasil desde o ano passado. Ele fugiu de uma prisão, em Cabo Verde, na África,
em 2013, quando passou a fazer parte da lista de procurados da Interpol.
Após
a detenção, os policiais o conduziram à sede da 6ª Delegacia de Investigações
sobre Entorpecentes (Dise), do Denarc, e o apresentaram ao delegado Carlos
Battista. Em seguida, Goiano foi recolhido ao Centro de Detenção Provisória
(CDP) de Pinheiros. Porém, a sua transferência para outra unidade deve ser
requerida pela Interpol.
A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham, de todos
os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Guarda Portuária e a
Segurança Portuária em todo o seu contexto, não cabendo a esse Portal a emissão
de qualquer juízo de valor.
* Os comentários publicados não representam a opinião do Portal
Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não
serão aceitos comentários anônimos.
* Direitos Autorais: Os
artigos e notícias, originais deste Portal, tem a reprodução autorizada pelo autor, desde que, seja mencionada a fonte e
um link seja posto para o mesmo. O mínimo que se espera é o respeito com quem
se dedica para obter a informação, a fim de poder retransmitir aos outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.