No dia 13 de abril, reuniram-se no Rio
de Janeiro, representantes das Guardas Portuárias de todo o Brasil,
compreendendo Associações, Sindicatos e a Federação Nacional dos Portuários no I
Encontro Nacional das Guardas Portuárias no Rio de Janeiro onde discussões
sobre ações conjuntas e políticas, internas e externas, deveriam ser tratadas
como proposta inicial.
Com o atropelo da votação do PL 4330
liderada pelo Presidente da Câmara Deputado Eduardo Cunha, onde a
terceirização, foco do projeto, colocaria nãos só as Guardas Portuárias, mas
todos os portuários do Brasil em risco, nossa vontade se sobrepôs.
Além de contar com presença de representantes
da Guarda Portuária, de praticamente todos os Estados, ainda prestigiaram o
encontro, os integrantes das mais diversas forças e departamentos e entre eles,
a Polícia Federal, Marinha do Brasil, Aeronáutica, Exército Brasileiro,
Indústria Nuclear do Brasil, Petrobrás, Polícia Rodoviária Federal, entre
outros.
Apresentação
de Abertura
O evento, organizado pela Associação
dos Guardas Portuários do Rio de Janeiro- AGPERJ teve seu início às 10h e com a
solenidade de abertura com o seguinte texto de abertura:
“Para compreender o Sistema Portuário
Nacional, é preciso lembrar que o Brasil conta com uma costa de 8,5 mil
quilômetros navegáveis. Conforme divulga a Secretaria Especial de Portos da
Presidência da República(SEP/PR), o país possui um setor portuário que
movimenta anualmente cerca de 700 milhões de toneladas das mais diversas
mercadorias e responde, sozinho, por mais de 95% das exportações. O modal
aquaviário possui um dos menores custos para o transporte de cargas no Brasil,
perdendo apenas para o transporte dutoviário e aéreo, de acordo com estudos
desenvolvidos pela COPPEAD (Instituto de Pesquisa e Pós-graduação da
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ).
O sistema portuário brasileiro é
composto por 37 portos públicos, entre marítimos e fluviais. Desse total, 18
são delegados, concedidos ou tem sua operação autorizada à administração por
parte dos governos estaduais e municipais. Existem ainda 42 terminais de uso
privativo e três complexos portuários que operam sob a concessão da iniciativa
privada. Os portos fluviais e lacustres são de competência do Ministério dos
Transportes.
Além do volume de 95% do comércio
exterior, os portos ainda contam com um crescimento vertiginoso do turismo
marítimo, o que implica considerar que, para um montante tão expressivo, é
dever do Estado, constantemente, revisar as vulnerabilidades dos terminais
marítimos, onde ilícitos como o descaminho, o tráfico de pessoas, animais,
armas e drogas conforme constantemente acompanhamos na mídia.
A segurança portuária segue uma
estrutura já obsoleta, tumultuada pelo emaranhado de leis, decretos, portarias,
e seguindo com dificuldades não recebe investimento de nenhuma ordem, tendo
apenas algumas prioridades sanadas por gestores de bom senso. A realidade é que
necessitamos de uma reengenharia, um novo foco estrutural, desde sua parte mais
primária, que é a abordagem de agentes públicos aos usuários que acessam o
porto, quanto às ações de gestão e estrutura.
Como se não bastassem as dificuldades
citadas anteriormente, o governo Federal, por conta de uma política turbulenta
nos dias atuais, busca fazer ajustes às pressas tentando a toque de caixa aprovar
o Projeto de Lei 4330/2004, conhecido como a Lei da Terceirização. Ignorando a
polêmica do tema, o que nos preocupa é que, sem um alicerce regulamentar, a
Guarda Portuária pode cair em mãos de terceiros, o que põe toda segurança
nacional em dúvida.
A Gloriosa Centenária Guarda
Portuária, labora de forma harmônica e pró ativa com diversas autoridades
presentes no complexo portuário e dentre elas podemos citar a Polícia Federal,
Marinha do Brasil, Receita Federal, Anvisa, Ministério do Trabalho, etc.
O que a Guarda Portuária tem de
diferente dos demais órgãos anuentes e fiscalizadores nos portos, quando todas
exercem poder de estado? O Código Internacional para Segurança de Navios e
Instalações Portuárias (ISPS Code, na sigla em inglês), é uma norma internacional
de segurança para controle de acessos e monitoramento. No Brasil, as inspeções
dos terminais e a concessões dos certificados são responsabilidade da CONPORTOS,
seguindo o código internacional passado pela Organização Marítima Internacional
(IMO, na sigla em inglês).
Entre as diretrizes do ISPS Code, faz
parte do contexto a Guarda Portuária. Organismo integrante da estrutura
organizacional das detentoras da outorga da Autoridade Portuária, que tem
diversificada atividade, entre elas a fiscalização efetiva das normas de
segurança do trabalho (safety), a fiscalização e policiamento das áreas
internas, externas dos portos e das operações portuárias, desde a segurança
ambiental até o controle de movimentação de entrada e saída de cargas do porto.
A Guarda Portuária tem um papel
fundamental na segurança pública portuária, ainda esquecida, ou mesmo ignorada,
está, ha mais de 100 anos na linha de frente, buscando garantir, mesmo sem
receber parte dos bilionários investimentos, buscando contribuir para uma segurança
constante desta fronteira tão vulnerável.
A estrutura atual da Guarda Portuária,
precisa de um verdadeiro “choque de ordem”, e com esse termo, nos referimos a
uma renovação técnica vinda do Governo Federal. É preciso que a Secretaria
Especial de Portos da Presidência da República, institua, em caráter
emergencial, um comando centralizado, técnico com uma estrutura enxuta, mas
presente em cada porto sob sua coordenação.
A definição constitucional da Guarda
Portuária deve ser emergencial, pois a corporação exerce uma atividade de
segurança pública em fronteira internacional, mas ainda encontra entraves
políticos e indefinições legais. Encontrasse em área de sombra nas legislações,
pois sendo contratado por concurso público, o Guarda Portuário trabalha em
regime das Consolidações do Trabalho ou regime mais conhecida pela sigla CLT e
está subordinado aos interesses comerciais, sendo sua fiscalização subjugada
esses interesses.
Dia
13 – Abertura
Compôs a mesa de abertura o Presidente
do CESEF, Sr. Jorge Moura, os Deputados Federais Glauber Braga e Clarissa
Garotinho, o Presidente AGPERJ, Sr. Dejacy da Conceição, o Presidente da
Federação Nacional dos Portuários, Sr. Eduardo Lírio Guterra, o Presidente do Sindicato
dos Portuários do Rio de Janeiro, Sr. Sérgio Giannetto, o Presidente da
Associação Internacional de Polícia IPA Seção 27 BSB, Dr. Joel Mazo e o
Presidente da Intersindical, Sr. Ernani Duarte.
Após a execução do Hino Nacional,
obteve a palavra a Deputada Federal Clarissa Garotinho, onde, parabenizou o
evento e a organização e iniciou suas falas com a informação, a todos os
presentes, que sendo Presidente da Comissão de Transportes, levaria para a
comissão a importância da Guarda Portuária no contexto dos transportes
marítimos e que percebia claramente a importância da manutenção da Guarda
Portuária no contexto da segurança pública onde 95% das riquezas nacionais
transitam pelos portos brasileiros. Comprometeu-se em votar contra a terceirização
dos serviços da Guarda Portuária no PL 4330 e a favor da PEC 59/2007.
O Deputado Federal Glauber Braga
mostrando-se indignado com a votação do PL 4330 comprometeu-se em trabalhar
para que, não só a Guarda Portuária, mas todos os portuários estejam fora do PL
4330. Comprometeu-se em planejar ações
junto às lideranças nacionais da Guarda Portuária e da FNP para que alicerces jurídicos
e constitucionais seja o escudo da Guarda Portuária em Brasília.
O Presidente Jorge Moura,
administrador do espaço e oriundo da rede ferroviária, parabenizou o evento e
não se prolongou nas palavras.
Sergio Giannetto parabenizou o evento,
a organização e teceu alguns comentários sobre a preocupação com a votação do
PL 4330 e que, naquele momento estava, encaminhando-se para uma assembleia dos
portuários do Rio de Janeiro, para deliberar sobre movimentos de paralização
nacional.
O Dr. Joel Mazo, contundente em suas
palavras, disse que a segurança da Guarda Portuária estaria somente na inclusão
da corporação ao artigo 144 da CF. Orientou-nos a buscar a aprovação da PEC 59
e colocou a IPA Brasília a disposição para encampar ações políticas à favor da
PEC 59/2007, que trata da inclusão da Guarda Portuária Federal na Constituição
Federal.
Eduardo Guterra parabenizou o evento, e
disse quão importante são os eventos de organização. Elogiou a todos os Estados
por terem representantes presentes e que havia outros companheiros em Brasília
trabalhando contra a terceirização dos trabalhadores portuários. Explanou sobre o perigo da terceirização e
fez a convocação todos juntos estarem preparados para movimentos.
Sr. Ernani Duarte Parabenizou o evento
e disse estar junto dos portuários e da Guarda Portuária nos anseios da
categoria.
O Presidente Dejacy da Conceição
declarou-se orgulhoso e feliz, pelo comparecimento dos companheiros de todo o
Brasil e pelos esforços empenhados pelas associações, sindicatos e pela FNP em
contribuir de alguma forma para que aquele evento se realizasse. Esperava que
ao final do encontro, o grupo pudesse sair com propostas concretas para que,
juntos com a FNP pudessem fortalecer a Guarda Portuária por todo o Brasil.
Com a votação do PL 4330 e algumas
operações do DPF em curso, algumas atividades foram comprometidas como a palestra
sobre a Importância da Mulher na Segurança Pública Portuária e a palestra sobre
Anti-Terrorismo, que seria ministrada pela diretoria de Antiterrorismo do
DPF/BSB.
Dia
14
A programação do dia foi aberta com a
palestra sobre “Recrutamento Adverso”, ministrada pelo Especialista em
Segurança Pública e Inteligência, oriundo da Marinha do Brasil, o Consultor Eli
Robson. O tema trouxe à tona a importância dos integrantes da Guarda Portuária
estarem sempre atentos aos agentes adversos com intenções escusas.
Após a palestra, os participantes
foram divididos em dois grupos. O primeiro discutiu a organização de uma
Associação Nacional que trabalharia ao lado da Federação Nacional dos
Portuários e teria em suas atividades a concentração de interesses da
corporação junto à Brasília e teria a participação direta de Jorcy de Oliveira, um dos atuais representantes da categoria na FNP.
A Associação Nacional por vezes não
conseguiu sair do papel e das intenções, e se espera que agora, com equipe nova
e com integrantes da região Norte e Nordeste, possa fazer avançar esse anseio.
O segundo grupo, discutiu a elaboração
de uma lista de reivindicações que serão encaminhadas pela FNP, na figura do
Jorcy e do Presidente Eduardo Guterra, juntamente com a diretoria da Associação
Nacional. São quesitos de simples solução em que a Secretaria de Portos, com um
mínimo de coerência pode solucionar junto às Companhias Docas de todo o Brasil.
São
as seguintes reivindicações:
1. PL4330 – Empenho da FNP para
aprovação da emenda Nº 46 do Deputado Federal Arnaldo farias de Sá;
2. Criação de Núcleo de Coordenação
dentro da SEP, por oficial das forças armadas ou delegado de polícia federal
para coordenação das Guardas Portuárias no Brasil;
3. Os Superintendentes ou Gestores das
Guardas Portuárias devem, preferencialmente, ser do quadro de carreira da
corporação e no caso do quadro externo à corporação, que sejam oficiais
superiores das forças armadas ou delegado de polícia federal conforme portaria
350/2014;
4. Que seja regulamentado organograma
hierárquico do quadro efetivo e dos cargos em comissão da Guarda Portuária de
todos os portos do Brasil e subordiná-los diretamente ao Diretor Presidente da
Autoridade Portuária, cumprindo a Portaria Nº350/2014-SEP;
5. Gestão da FNP junto à DPF/Brasília
para soluções sobre, celeridade, renovação de registros de armas, portes
funcionais e pessoais dos integrantes do quadro efetivo das Guardas Portuárias;
6. Gestão da FNP junto à SEP no que
tange a diretrizes sobre capacitação e reciclagem nacional para a Guarda
Portuária, baseada na Portaria 350/2014 SEP;
7. Adoção de uniforme nacional normatizado
pela SEP com o auxílio de guardas portuários, para uso das Guardas Portuárias,
por meio de portaria, atendidas as especificações desta FNP;
8. Adoção de Carteira Funcional de
leiaute único, com números dos registros funcionais e do respectivo número de
autorização de PORTE de arma do SINARM, quando houver, a ser normatizado pela
SEP para uso das Guardas Portuárias por meio de portaria SEP;
9. Intervenção da FNP na adoção do
Brasão da Guarda Portuária normatizada pela SEP em forma de portaria;
Algumas das reivindicações já constam
nas portarias 121/2009 e 350/2105, porém são postergadas ou ignoradas pelas
administrações portuárias, e como temos o objetivo de UNIFORMIZAR as Guardas
Portuárias, sendo incluídos esses itens, por entenderem serem esses, os
primeiros passos para uma uniformidade nacional.
Dia
15
Neste dia, o Presidente da Ordem dos
Policiais do Brasil - OPB, a qual a Guarda está inserida em seu estatuto, PRF
Frederico França, explanou sobre a organização da OPB bem como os anseios e
propostas, todas inserindo a Guarda Portuária de forma igualitária às demais
forças policiais de todo o território nacional.
Eleição
Após a palestra, foi efetuada a
eleição do local da realização do próximo encontro nacional, previsto para
ocorrer dentro de no máximo 12 meses.
As instituições representativas da
Guarda Portuária de Salvador-BA, Belém-PA e Paranaguá-PR, inicialmente se
colocaram interessados em promover o próximo encontro, porém, diante da
situação em que Paranaguá vem enfrentando nos últimos tempos com relação à
administração da Guarda Portuária, extinção de seu nome do organograma e a
imposição de uma terceirização ilegal dos serviços da Guarda Portuária,
Salvador retirou sua candidatura, ficando na disputa somente Belém e Paranaguá.
Os representantes do Pará justificaram
sua candidatura sobre o argumento de estarem no extremo norte do país e
gostariam que o Brasil conhecesse os portos fluviais e sua região, além de também
alegaram abandono.
Em votação, Paranaguá venceu por 16
votos contra 15. Disputa apertada. Que venha no 1º Encontro Nacional das Guardas
Portuárias em Paranaguá.
Texto
Original: Marco Jamil - Guarda Portuário/RJ
Edição:
Portal Segurança Portuária Em Foco
*Esta publicação é de inteira responsabilidade do autor e do veículo
que a divulgou. A nossa missão é manter informado àqueles que nos acompanham,
de todos os fatos, que de alguma forma, estejam relacionados com a Guarda
Portuária e a Segurança Portuária em todo o seu contexto, não cabendo a esse
Portal a emissão de qualquer juízo de valor.
*Os comentários publicados não representam a opinião do Portal
Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não
serão aceitos comentários anônimos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários publicados não representam a opinião do Portal Segurança Portuária Em Foco. A responsabilidade é do autor da mensagem. Não serão aceitos comentários anônimos. Caso não tenha conta no Google, entre como anônimo mas se identique no final do seu comentário e insira o seu e-mail.