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domingo, 5 de abril de 2015

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COMBATE AO INCÊNDIO ENTRA NO QUARTO DIA


(Foto: Mario)

O fogo nos tanques de combustíveis da Ultracargo, na Alemoa, em Santos, continua neste domingo (5). Já são 70 horas de combate incessante ao incêndio, que começou na manhã de quinta-feira (2) e ainda não tem previsão para terminar. Isso porque é preciso esperar que todo o líquido dos toneis seja queimado.
(Foto: Corpo de Bombeiros)
Segundo a última atualização do Corpo de Bombeiros, são seis tanques atingidos, sendo que três continuam em chamas. Até a madrugada eram quatro, após nova explosão na tarde de sábado (4), mas os Bombeiros conseguiram diminuir a área do incêndio.
Via Anchieta, na entrada da cidade (Foto: André Penner)

Gabinete de crise
Diante da grave situação, o Governo do Estado anunciou a criação de um gabinete de gestão de crise, com participação do vice-governador, Márcio França, dos secretários Saulo de Castro (Governo), José Roberto Rodrigues de Oliveira (Casa Militar), Alexandre de Moraes (Segurança Pública) e Patrícia Iglecias (Meio Ambiente), do comandante do Corpo de Bombeiros, Marco Aurélio Alves Pinto, e do general do Exército, João Chalela Júnior.
O Corpo de Bombeiros mantém a estratégia de resfriar os tanques vizinhos aos que estão em chamas para evitar que o fogo se propague ainda mais. Para isso, são utilizados jatos de água, vinda do mar, por meio de rebocadores e da embarcação Governador Fleury, do Corpo de Bombeiros.
Danos ambientais e à saúde

Desde o início do incêndio, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) têm monitorado os possíveis danos ambientes e riscos à saúde pública decorrentes do incêndio. Até o momento, de acordo com o órgão, a qualidade do ar é boa, apesar do alerta de especialistas de que pessoas com doenças respiratórias e alérgicas devem se manter longe da fumaça.

“A inalação de um gás em combustão química em área livre não é perigosa para pessoas saudáveis”, explica o pneumologista Alex Macedo.  “No entanto, pacientes com histórico de bronquite, asma e enfisema pulmonar devem tomar medidas preventivas e ficar atentos aos sintomas”.
Manter a residência fechada, com panos úmidos cobrindo todas as frestas de portas e janelas, e lavar o nariz várias vezes ao dia com soro fisiológico são medidas básicas, principalmente para os que moram nas regiões da Alemoa, Casqueiro e Saboó. Diante de sinais como tosse, falta de ar e chiado no peito, é importante procurar atendimento médico.
Para o médico intensivista Felipe Piza, do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, que esteve no local do incêndio prestando atendimento principalmente aos bombeiros, provavelmente quem não teve contato direto com a fumaça não terá problemas graves de saúde.
Patrícia Iglesias
A secretária estadual do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, disse que o aparecimento de peixes mortos no canal do Porto está sendo investigado. Apesar de não ser possível estabelecer uma relação imediata entre a morte dos peixes e o incêndio, a recomendação à população é que evite o consumo destes pescados.
”A Cetesb está monitorando este acidente desde o início. De fato, foram encontrados peixes mortos. Eles foram recolhidos e agora está sendo feita uma análise porque ainda não é possível dizer que há um nexo causal entre a mortandade de peixes e o problema do acidente. Essas análises vão ser feitas e, no máximo em 30 horas, vamos ter esses resultados”, comentou.
A Tribuna flagrou diversos peixes mortos em diversos pontos de Santos, Guarujá, Cubatão e São Vicente. A Reportagem percorreu um trecho de aproximadamente 1 quilômetro no Canal do Estuário, dentro de uma catraia. No local, boiavam peixes como paratis, bagres, espadas, corvinas e manjubas.
Como o acidente ainda está sendo monitorado pela Cetesb, ainda é cedo para dimensionar o impacto do acidente ao meio ambiente. “Toda cautela é necessária agora e tudo que tem que ser feito, está sendo feito”.
A secretária de Meio Ambiente afirma ainda que, apesar da fumaça ser considerada tóxica, o medidor de partículas da Cetesb “não encontrou VOC (combustíveis voláteis que podem causar essa fumaça) no sentido de uma contaminação problemática para a população”.
Multa
A Ultracargo poderá arcar com uma multa por danos ambientais que pode chegar a R$ 50 milhões. A informação é da secretária estadual do Meio Ambiente, Patrícia Iglecias, que na manhã de sábado (4) esteve no bairro Alemoa, em Santos, onde o fogo queima desde as 10 horas de quinta-feira (2).
“A aplicação depende de uma análise mais detalhada. Existe uma legislação estadual e ainda é possível aplicar um Decreto Federal (o nº 6.514) que chegaria nesse valor”, explicou.
Para a secretaria, no entanto, antes de mais nada é preciso combater o incêndio para, a partir daí, tomar providências. Ela também comenta as declarações do engenheiro Marco Antonio Uchôa Barbosa, autor do projeto de combate a incêndio e do licenciamento ambiental executado no terminal da Ultracargo. Segundo o profissional, em entrevista exclusiva publicada em A Tribuna, o primeiro tanque deveria ter sido esvaziado por baixo no momento em que pegou fogo.
“É cedo para dizer que há uma responsabilidade do ponto de vista de uma ação tomada indevidamente. Isso depende de investigação. Não dá para concluir, nesse momento, que houve procedimento indevido ou inadequado”.
Toxicidade
Apesar de admitir que “qualquer fumaça é tóxica”, a secretária afirma que, por enquanto, o medidor de partículas da Cetesb não encontrou VOC (combustíveis voláteis, que podem estar na fumaça).
“Não há contaminação problemática para a população e para a saúde das pessoas”, garante. Segundo ela, o monitoramento no local do incêndio terminou às 11 horas de sábado. “O medidor foi levado para uma das comunidades próximas para que haja nova medição”.
(Foto: Paulo Whitaker)

Eventuais danos à Serra do Mar também não são descartados, mas outra vez, a secretária não dimensiona quais. “Está sendo feito monitoramento para verificar eventuais problemas. Não sabemos em quanto tempo o incêndio levará para ser contido para falar isso”.

Fonte: Jornal A Tribuna - Edição: Segurança Portuária em Foco

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