Os
hackers estão roubando cada vez mais diretamente dos bancos e de outras
empresas e ajudando o crime organizado a operar de forma mais eficiente,
segundo o chefe da empresa de segurança cibernética Kaspersky Lab.
Os
exemplos vão desde a infecção de caixas automáticos para que entreguem todo seu
dinheiro a ladrões até o hackeamento de sistemas de gestão de operações em
portos para que as drogas possam ser contrabandeadas mais facilmente e com
menos risco, disse o fundador e CEO Eugene Kaspersky, em entrevista em seu
escritório em Moscou.
“Os
hackers se tornaram mais capazes de executar ataques muito avançados”, disse
Kaspersky. Em muitos casos “eles infectam redes corporativas com vírus, que
acabam por meio dos arquivos que são trocados entre os departamentos
entrando nos computadores que gerenciam transferências de dinheiro”,
normalmente separados da rede principal.
Entre
as recentes vítimas famosas de hackers está a Home Depot, que sofreu uma
violação de dados entre abril e setembro, na qual 53 milhões de endereços de
email e detalhes de 56 milhões de cartões de pagamentos foram expostos. Neste
mês foi reportado que hackers com conhecimentos sobre Wall Street roubaram
informações sobre fusões e aquisições de mais de 80 empresas durante mais de um
ano.
“Todos
estão espionando todos e roubando informação”, disse Kaspersky. “Edward Snowden
estava certo, mas ele falava apenas dos EUA. Na verdade, há ataques cibernéticos
de diversas origens, ligados a programadores que têm o inglês, o chinês e o
russo como idiomas nativos. Também há alguns ligados à França, à Espanha e à
América Latina”.
Neste
ano, a Kaspersky Lab identificou o malware Tyupkin, usado para atacar caixas
automáticos. Os hackers se aproximavam de uma máquina pela parte de trás, onde
a câmera não pode vê-los, e a reinicializavam usando um CD com um vírus. Vários
dias depois, inserindo certos dígitos no teclado do caixa automático, eles
podiam recolher todo o dinheiro dela, disse Kaspersky. Os hackers estão cada
vez mais mirando bancos e corporações em vez de consumidores, disse ele.
Desvio de carga
Os
hackers também estão desenvolvendo novos métodos para ajudar a roubar coisas
off line, disse Kaspersky. Eles estão invadindo sistemas que controlam o
carregamento de carvão ou trigo para criar números falsos de embarque de forma
que os ladrões possam ficar com a diferença, disse ele. Eles também infectam
sistemas de postos de gasolina, fazendo as bombas colocarem mais combustível do
que o indicado para certos clientes e menos para todos os outros.
Tráfico em Contêineres
Traficantes
sulamericanos que contrabandeiam cocaína em contêineres com outros produtos,
como bananas, têm usado hackers para infiltrar sistemas de TI em portos
marítimos europeus com o objetivo de separar determinados contêineres, de forma
que eles possam retirar as drogas com segurança, disse Kaspersky.
Aqueles
que produziram e adquiriram as bananas podem nunca saber que as drogas viajaram
em seu contêiner, disse ele.
As
afirmações de Kaspersky ecoam os comentários de outras firmas de segurança
informática no Encontro Bloomberg Enterprise Technology, em Londres nesta
semana.
As
empresas que buscam proteger informações valiosas de criminosos e de espionagem
do governo deveriam assumir que os atacantes já penetraram em seus sistemas e
ajustar as estratégias defensivas, disseram executivos da McAfee e da Symantec
no evento.
“Você
precisa admitir que algo está acontecendo e começar a procurar por isso”, disse
Patty Hatter, diretora de informação da McAfee, da Intel. “Ser paranóico
ajuda”.
Os
hackers, que tradicionalmente atacavam computadores que usam o sistema
operacional Windows, da Microsoft, e smartphones com o Android, da Google,
agora estão produzindo mais malwares para aparelhos baseados em Unix e para os
Macs e iPhones da Apple, e até mesmo para a rede anônima The Onion Router, ou
TOR, disse Kaspersky. Sua empresa agora precisa desenvolver antivírus também
para essas plataformas, disse ele.
Blackphone
Um
smartphone que oferece uma criptografia similar ao TOR está se tornando
popular como método para adicionar uma proteção extra, disse Kaspersky. Ele usa
um feature phone (celular simples que um smartphone) da Sony Ericsson, de sete
anos, para evitar ameaças cibernéticas.
Fonte: Infomoney
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