A
grande incidência de roubo de cargas na Baixada Santista, em setembro, revela
os riscos que os caminhoneiros correm na região. Somente entre os dias 15 e 17
foram três ações em São Vicente e Cubatão envolvendo sequestro de motoristas.
Segundo
dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), até
agosto deste ano foram registradas 185 ocorrências nos 24 municípios da Baixada
Santista e do Vale do Ribeira abrangidos pelo Departamento de Polícia
Judiciária de São Paulo Interior (Deinter 6 - Santos). A região é a segunda do
Estado em número de roubos, atrás apenas de Campinas. Os pontos críticos ficam
em Miracatu e Cubatão, com 41 e 30 casos registrados no período.
“A
descida da Rodovia Régis Bitttencourt (BR 116) é problemática, toda a
circulação de cargas para o Sul do País passa por ali. O estrangulamento na
Serra do Cafezal, em Miracatu, provoca filas, muitos caminhões e carros são
assaltados. Falta duplicar oito quilômetros da estrada e como é uma área
ambiental, o trabalho é demorado”, aponta o coronel Paulo Roberto de Souza,
assessor de segurança da Federação das Empresas de Transporte de Carga do
Estado de São Paulo (Fetcesp). Pelo cronograma da Autopista Régis Bittencourt,
parte das obras deve ser entregue até o final de 2015. A conclusão está
prevista para fevereiro de 2017.
A
4ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal (PRF) reforça os problemas na
região. "A única figura do Estado na Serra do Cafezal é a PRF. E apesar de
recebermos apoio das polícias Militar e da Civil, é preciso um incremento da
figura do poder público nesses locais. A serra é rodeada por vegetação densa e
não possui sinal de telefonia celular na maior parte de sua extensão",
diz, em nota, o inspetor-chefe Ricardo de Paula.
A
PRF também credita o alto número de roubos na área à grande extensão
territorial do município, 48% do trecho da BR 116 que passa pela circunscrição
(67 km), e ao número excessivo de acidentes envolvendo caminhões.
As
cargas mais visadas por quadrilhas são de eletroeletrônicos, computadores
portáteis, smartphones, remédios e cargas dos Correios. A ação dos bandidos
seria facilitada por informação privilegiada, geralmente repassada por
criminosos infiltrados na transportadora ou envolvidos na logística que
conheçam trajeto e carga.
Baixada Santista
Apesar
de considerar o número de ocorrências este ano “a se comemorar”, Laudino Neto,
presidente da Coopersantos, uma das maiores cooperativas de caminhoneiros
autônomos da Baixada Santista, com 337 associados, cita a falta de policiamento
como problema.
“No
Porto você só vê a Guarda Portuária.
Nas rodovias, às vezes você vê uma viatura da Polícia Rodoviária só na altura
do Monte Cabrão. No viaduto da Alemoa, a Rodoviária só faz blitz preventiva. O
efetivo é muito pequeno”, critica.
Para
ele, a Rodovia Cônego Domênico Rangoni é a que apresenta maior risco. “Falta
iluminação e o sinal do GPRS cai”, reclama. Essa “área de sombra” da rodovia,
onde o sinal dos rádios e rastreadores falha, também existe no Terminal de
Libra, no Porto, “Talvez por excesso de antenas”.
Preventivo
O
1º Batalhão de Polícia Rodoviária (PR) do Estado, responsável pelo policiamento
nas rodovias da região, garante que o trabalho preventivo no Sistema Anchieta
Imigrantes tem áreas e horários estabelecidos por meio de bancos de dados
informatizados.
As
operações rotineiras de fiscalização para coibir roubos de cargas são feitas em
três bases da Via Anchieta, em duas da Rodovia Imigrantes, num posto da Rodovia
Cônego Domênico Rangoni e em outro na Rodovia Padre Manuel da Nóbrega.
O
Grupo de Prevenção ao Roubo de Carga da Baixada Santista, o Pró-Carga, é o
grande diferencial da região, conforme avalia o delegado titular da Delegacia
de Investigações Gerais (DIG) de Santos, Luiz Henrique Ribeiro Artacho.
Outro
ponto fundamental no combate ao roubo de carga, segundo o delegado, é a
repressão à receptação.
Fonte: Jornal A Tribuna
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