O
Porto de Santos passou a contar com uma série de serviços de alta tecnologia,
inéditos no Brasil, para auxiliar e otimizar as manobras de seus navios,
aumentando a segurança da navegação. Eles são fornecidos pelo novo Centro de
Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego (C3OT), inaugurado no dia 15, pela
Praticagem de São Paulo, em sua sede, na Ponta da Praia, em Santos.
Entre
os serviços prestados pelo C3OT, está o monitoramento, por câmeras de alta
definição, da Baía de Santos e de todos os acessos aquaviários ao Porto. Também
há a medida da velocidade e da direção das correntes marítimas no canal do
estuário, da altura das ondas e da intensidade dos ventos e, ainda, a
verificação da visibilidade na região para a navegação. Antes, esses dados eram
apenas projetados por meio de modelos matemáticos. Agora, passam a ser
coletados, em tempo real, por uma rede de sensores espalhada por todo o cais
santista e que estava sendo testada desde o semestre passado.
As
informações captadas são disponibilizadas no centro, instalado no terceiro
andar do prédio da Praticagem e que substitui a antiga sala de controle da
entidade, localizada na Ponte dos Práticos, em frente ao edifício, na Avenida
Saldanha da Gama, e às margens do canal de navegação.
O
investimento para a aquisição desses equipamentos meteorológicos e
oceanográficos, até então inéditos nos portos brasileiros, ultrapassaram os R$
8 milhões.
“Agora
temos informações reais. Deixamos de trabalhar com previsão para ter em mãos
tudo o que pode interferir na manobra de um navio pelo Porto”, explica o
gerente de operações da Praticagem, Viriato do Nascimento Geraldes, ao afirmar
que o serviço prestado será mais eficiente.
Os
práticos são os profissionais responsáveis por orientar os oficiais dos navios
na condução de suas embarcações em áreas abrigadas (no caso, na região do Porto
de Santos). Com os novos equipamentos, eles terão dados mais fieis sobre as condições
de navegação na região.
Todas
as informações coletadas são reunidas em um painel-parede (video-wall) composto
por 10 televisores de 46 polegadas. Nele, também há displays que indicam as
condições de cada uma das 38 boias de sinalização do canal de navegação, assim
como as condições de atracação de cada terminal.
O
correntômetro (medidor de correntes marítimas), entretanto, é a ferramenta
considerada mais moderna. O equipamento recebe informações de quatro sensores
instalados no fundo do Estuário. Esses dados possibilitam ao prático ter maior
segurança nas manobras.
“A
força da corrente marítima influencia diretamente nas manobras a serem feitas
durante a entrada e saída dos cargueiros no Porto de Santos”, lembra o
presidente da Praticagem, Paulo Sérgio Barbosa, que atua no complexo santista
há mais de 20 anos, desde o início da década de 1990.
O
prático lembra que os painéis do C3OT mostram a influência que o estuário sofre
da movimentação da maré, a partir das cheias de rios e braços de mar no
entorno. Uma prova disso é a diferença dos dados captados em relação à maré em
cada ponto do canal.
A
mensuração da altura das ondas, outra novidade, é um fator considerado
importante. “O sobe e desce do navio interfere no calado operacional (distância
entre a linha d'água e o fundo da embarcação)”, lembra Barbosa. Com os dados em
mãos, é possível verificar as condições de navegação e, se necessário, cancelar
com antecedência algumas manobras.
Visão total
Os
dois operadores do C3OT ainda têm à disposição dez câmeras em alta definição.
Elas estão instaladas em regiões estratégicas de Guarujá e Santos, de modo a
propiciar uma visão completa dos fundeadouros (onde os navios aguardam para
entrar no Porto), da baía e do estuário de Santos e até do Canal de Piaçaguera
(via de acesso aos terminais da Usiminas e da VLI, localizada na extremidade do
canal de navegação).
“Não
há ponto cego. Agora, conseguimos visualizar toda a movimentação de um navio,
da entrada à atracação, assim como a saída do Porto”, lembra Geraldes, gerente
de operações da Praticagem. Estão sob monitoramento os 20 quilômetros do canal
navegável e os 67 terminais.
No
caso de qualquer anormalidade, é possível acompanhar o deslocamento das
embarcações, independe de qualquer porte, assim como ter uma noção real da
visibilidade em todos os pontos do canal de navegação, informação essencial
para o planejamento das manobras navais previstas.
Solenidade
Durante
a solenidade de inauguração do centro operacional, o presidente da Praticagem,
Paulo Sérgio Barbosa, destacou a evolução tecnológica da categoria e suas
parcerias com instituições de ensino superior. Ele afirmou que disponibilizará
os dados obtidos para a realização de pesquisas com as universidades de São
Paulo (USP), Metropolitana de Santos (Unimes) e Santa Cecília (Unisanta) e está
em entendimentos, para firmar parcerias, com a Capitania dos Portos e a
Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).
O
evento reuniu representantes dos setores, portuário, de navegação, acadêmico e
empresarial da região, além de autoridades do setor. Participaram o presidente
do comandante do 8º Distrito Naval, vice-almirante Liseo Zampronio, o capitão
dos portos de São Paulo, capitão-de-mar-e-guerra Ricardo Gomes, o presidente do
Conselho Nacional de Praticagem, Ricardo Falcão, o presidente da Codesp,
Angelino Caputo e Oliveira, e o secretário municipal de Assuntos Marítimos e
Portuários de Santos, José Eduardo Lopes, entre outros.
Fonte: Jornal A Tribuna
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